A sua pesquisa
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O objetivo deste estudo foi analisar as técnicas, saberes e práticas tidas como psicológicas no Rio de Janeiro da Primeira República (1889-1930). Nesse sentido, pautou-se por uma metodologia que priorizou o levantamento de fontes bibliográficas primárias (artigos, livros e relatórios técnicos de época). Constatou-se, como resultado da pesquisa empreendida, que ocorreram aproximações e convergências entre áreas da psicologia aplicada que, posteriormente, iriam ocupar institucionalmente espaços bem separados. Assim, verificou-se que a designação de dado saber, prática ou técnica configurada como "Psicologia" não foi sempre configurada em áreas de aplicação independentes. Nessa perspectiva, segue uma linha diversa de abordagens históricas que primam por setorizar práticas psicológicas, sendo a principal contribuição do artigo para o campo da história da psicologia justamente a de mostrar que uma eventual “História da Psicologia do Trabalho”, no período investigado, não era absolutamente distinta de áreas, hoje classificadas, como as da “História da Psicologia Clínica”, ou da “História da Psicologia Escolar”.
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Estudos para identificar eventuais relações entre a criação artística e a psicopatologia – desde o século XIX, na Europa – influenciaram o pensamento brasileiro acerca desse tema. O objetivo deste artigo, sob a óptica da história das ciências da saúde, consistiu em analisar as perspectivas, ao longo do século XX, segundo as quais as doenças neurológicas e psiquiátricas de Machado de Assis foram determinantes na criação e no conteúdo de suas produções literárias. A partir de um referencial teórico e metodológico baseado em Bakhtin, verificou-se que muitos autores consideraram a epilepsia de Machado de Assis o principal elemento responsável por seu ato criador, o que permitiu revisar a apropriação de diferentes teorias psiquiátricas no Brasil, assim como diversos conceitos teóricos.
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Os escritos de Ignácio Martín-Baró estão estreitamente vinculados ao contexto histórico e à situação política e social de El Salvador. O alinhamento entre oligarquia, forças armadas e clero, intervenções externas na economia e política e interesses geopolíticos geraram graves conflitos políticos e sociais, guerra civil e profunda crise social nesse país. Esse quadro de forças se alterou ao longo do tempo. O objetivo é apresentar dados históricos sobre El Salvador e região, demonstrar a importância do contexto histórico e como eles podem ampliar a compreensão sobre o pensamento e a obra de Martín-Baró, bem como a sua proposta acerca do papel do psicólogo neste cenário.
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A medicalização é um processo ideológico que transforma problemas de ordem social em biológicos e tem sido legitimado pela Medicina e pela Psicologia em vários momentos históricos para ocultar desigualdades sociais, colocando sobre o indivíduo a responsabilidade pelo seu fracasso. Na área da Educação é alarmante o número de crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem e medicalizadas, evidenciando, assim, um período denominado de “Era dos Transtornos”. Tendo por referência autores que analisam aspectos da aproximação entre a Medicina e a história da Psicologia no Brasil, buscamos, neste artigo, desvelar o papel que as relações entre essas duas áreas do conhecimento desempenharam historicamente para a construção do processo medicalizante no contexto educacional brasileiro.
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O pensamento de Carl Gustav Jung é marcado pela complexidade e por um diálogo contínuo entre ciência e filosofia. Seus posicionamentos teóricos, por vezes incompreendidos, levaram-no a constantes embates em defesa do empirismo e dos fundamentos do pensamento científico moderno, muitas vezes através da crítica a pressupostos que ele considerava indemonstráveis. Essa trajetória apresenta, todavia, uma série de dificuldades. Através da noção de naturalismo, este ensaio busca indicar uma via de análise dessa complexidade. Com efeito, podemos discernir duas noções distintas, mas complementares de naturalismo na obra de Jung: um naturalismo metodológico, que o mantém próximo do pensamento científico de sua época, e um naturalismo ontológico, que o alinha ao pensamento romântico e à Naturphilosophie, implicando considerações teóricas que o distanciavam de seus contemporâneos. Coordenar essas duas visões do naturalismo foi certamente um problema para Jung, e é um desafio para a compreensão de seu pensamento.
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O artigo propõe uma revisão teórica da contribuição de C. G. Jung na história da psicologia e no rol das ciências humanas. O percurso adotado desenvolve o conceito de equação pessoal e a relevância do mesmo na teoria sobre os tipos psicológicos. Elucida, ainda, como esse pressuposto se insere em uma epistemologia e método da psicologia analítica, a partir dos princípios formulados por Jung. Conclui-se que o fazer nas ciências humanas, sob o prisma desse enfoque, está atrelado a um método que respeite a subjetividade do pesquisador e a integridade do sujeito de pesquisa, imbuído de princípios epistemológicos, tais como estrutura da psique, finalismo e sincronicidade e permeado por uma linguagem simbólico-metafórica que reúne imagem e palavra em narrativas de significado.
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A presente tese realizou uma revisão da Psicologia Moderna com o objetivo de melhor delimitar sua função na civilização. A partir de um breve apontamento acerca dos ofícios com os quais os psicólogos se ocupam em nossa sociedade chegou-se no pressuposto de que a Psicologia teria sua função associada com questões morais. Para essa investigação realizou-se uma revisão bibliográfica dividida em duas partes. Na primeira parte há uma propedêutica focada em acompanhar a evolução do tema da moral, principalmente a partir de consultas a história da filosofia, literatura e religião. Essa propedêutica criou um ângulo específico a partir do qual o leitor pode visualizar o início da modernidade em suas principais linhas e a paulatina formação das condições para o surgimento de uma ciência psicológica. Dentre essas condições, destaca-se a aparição e a crise da legitimação de uma cultura fincada no desenvolvimento da ciência, da política e na supra valorização dos indivíduos e de sua interioridade. Na segunda parte há uma retomada da história dos principais projetos para uma Psicologia Científica apontando os impasses e dificuldades para delimitar seu objeto de interesse específico. Arrolados os referidos projetos há maior aprofundamento na exploração do projeto cunhado por Freud . Tal aprofundamento é argumentado a partir da capacidade que a Psicanálise detém de dialogar com a ciência sem perder de vista seu lugar de pertencimento: as questões humanas. A partir de então é realizada uma releitura da Psicanálise buscando, a partir da exploração da trama de seus conceitos, um esboço de resposta acerca de como a Psicologia cumpriria sua função moral.
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A Resolução no 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) – que proíbe a patologização da homossexualidade – completou, em 2019, 20 anos de existência em uma trajetória marcada por conflitos, ataques e resistências. Trata-se da Resolução mais atacada da história do CFP, assim como a Resolução que mais mobilizou grupos e movimentos em sua defesa. Os ataques foram realizados por grupos, contrários às políticas de diversidade sexual e de gênero, vinculados a um conservadorismo cristão que vêm se rearticulando em importantes espaços político-institucionais no Brasil. Desse modo, este artigo tem como objetivo analisar a história da Resolução no 01/99, desde sua proposição aos dias atuais, abarcando fundamentalmente o período de 1998 a 2019. A partir de um levantamento documental e de uma perspectiva analítico-discursiva, buscamos descrever os eventos, os conflitos e os sentidos produzidos em seu entorno, traçando também alguns pontos de análise sobre as suas reverberações sociais e político-institucionais. O artigo foi dividido em duas partes, a primeira trata sobre a história da presença da Resolução no 01/99 no âmbito das políticas de diversidade sexual e de gênero no Sistema de Conselhos de Psicologia; e a segunda trabalha sobre os conflitos que perpassaram a Resolução nos últimos 20 anos.
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Wilhelm Wundt (1832–1920) is one of the most famous names in the history of psychology. After passing into oblivion for nearly 60 years, in recent decades he has been celebrated in general psychology textbooks as the founding father of scientific psychology. However, this traditional portrait is incomplete and can lead to misunderstandings, as his psychological program is primarily understood in terms of experimental psychology. In order to complete this traditional picture, two aspects of his work must be emphasized and clarified: the role of Völkerpsychologie as the counterpart of experimental or individual psychology, and the interaction between his psychological program and his philosophical project. The ultimate meaning of Wundt’s conception of scientific psychology cannot be understood in isolation from his broader philosophical goals. Reading Wundt from the point of view of such interaction offers a deeper understanding of his work.
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Most of the psychology programs in Brazil have mandatory courses on the history and foundations of psychology, whatever names such courses may receive. In any case, Brazilian psychology students are supposed to acquire knowledge about the historical development of psychological theories and psychology as a science and profession, which would allow them to adopt a critical perspective toward their own theoretical and practical choices.
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In recent decades, various studies have challenged the traditional view that John Broadus Watson's Behaviorist Manifesto prompted a psychological revolution. However, methodological hindrances underlie all these attempts to evaluate the impact of Watson's study, such as the absence of comparative parameters. This article remedies this problem by conducting a comparative citation analysis involving Watson and eight other representative psychologists of the time: J. R. Angell, H. Carr, J. M. Cattell, J. Dewey, G. S. Hall, W. James, E. L. Thorndike, and E. B. Titchener. Eight important American journals were scrutinized for the period between 1903 and 1923, a decade before and a decade after the publication of Watson's Manifesto. The results suggest that even if Watson's study cannot be taken as revolutionary, it had an impact between 1914 and 1923 that was close to Dewey's, Titchener's, and Thorndike's and higher than Angell's, Carr's, Cattell's, and Hall's, although distant from James's. Finally, some methodological implications of this study are discussed.
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Com base em documentos do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff, apresenta-se estudo de caso do “2º Curso de Férias de Ensino Emendativo para professores de classes especiais e estabelecimentos de crianças excepcionais” realizado em 1962, no Instituto Superior de Educação Rural (ISER), na Fazenda do Rosário, em Ibirité, Minas Gerais, por iniciativa da Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, e coordenado pela educadora Helena Antipoff (1892-1974), com a participação de seus colaboradores locais e convidados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A metodologia histórica descritiva foi utilizada para análise das fontes, focalizando os objetivos do Curso, sua organização e as perspectivas teóricas e técnicas que o orientaram, no contexto da história da Educação Especial. Os resultados evidenciam que o Curso, com duração de um mês (26 disciplinas e 215 horas-aula), foi frequentado por 76 normalistas, de nove estados brasileiros. Helena Antipoff e seus colaboradores, inspirando-se nos princípios da Escola Ativa de Genebra, enfatizavam que o conhecimento e a compreensão do educando pelo professor eram pré-requisitos para o sucesso da educação. A observação sistemática era o caminho seguro para conhecer as necessidades e os interesses do estudante e construir instrumentos pedagógicos adequados para cada um. A relação entre teoria e prática era priorizada, as alunas/professoras tinham a oportunidade de aprender vivenciando as técnicas que iriam utilizar com seus futuros alunos. Combinando assim a observação e o know how adquirido, apostava-se na possibilidade de os educadores construírem estratégias e caminhos alternativos para a resolução dos problemas de aprendizagem dos alunos.
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Este artigo trabalhará a discussão quanto a pluralidade ou unidade da psicologia. Destacaremos como este tema se projetou no cenário dos países francófonos ao longo do século passado. Como contraponto, investigaremos os modos de articulação produzidos pelos saberes e práticas psicológicos, através dos atuais Estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade, a partir da Teoria Ator-Rede e da Epistemologia Política. Examinaremos os modos de engajamento que certas técnicas terapêuticas produzem no intercurso com diversos atores humanos, mas igualmente com dispositivos sociotécnicos. Estas técnicas terapêuticas estão sendo acompanhadas na Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ desde 2010 por meio de: descrições dos artefatos presentes em certas práticas terapêuticas e dos dispositivos nela presentes; entrevistas com pessoas em entrada e intercurso de terapia, estagiários, orientadores e responsáveis pela triagem; e observações etnográficas em sessões de supervisão de abordagens diversas. Por meio dos resultados destas pesquisas, discutiremos as formas de conexão das práticas psi.
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