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O objetivo deste trabalho é sistematizar informações obtidas em documentos e publicações a respeito da participação dos psicólogos de São Paulo no processo de regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil. Por meio da análise realizada, foi identificado o empenho de Annita Cabral pela formação e criação de um curso de bacharelado em Psicologia na Universidade de São Paulo. A criação da Sociedade de Psicologia de São Paulo e a da Associação Brasileira de Psicólogos - fundamentais para a organização e a representação institucional dos psicólogos de São Paulo em suas reivindicações - foram também iniciativas de Annita Cabral. Foram analisados projetos de lei para a regulamentação da profissão, enviados por diferentes agrupamentos e organizações de psicólogos brasileiros. Concluiu-se que a participação dos psicólogos de São Paulo teve papel fundamental para a formação e a definição das atribuições profissionais do psicólogo da maneira que estão estabelecidas na legislação atual.
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Neste texto, abordamos a Mostra Nacional de Práticas em Psicologia a partir dos conceitos de arquivo e testemunho. Considerando-a como arquivo coletivo, a Mostra pode ser vista como o plano comum de uma multidão enunciadora que, como testemunha, enuncia aquilo que tem sido e em que está se tornando a Psicologia como ciência e profissão. A questão dos diálogos da Psicologia com outros saberes é mostrada como relevante aos devires de nossa ciência, uma vez considerarmos que dialogar com outros domínios das ciências, das artes e da filosofia refere-se a um modo de produzir aberturas no atual arquivo de saberes que produzimos em direção a outros e novos futuros possíveis.
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O presente artigo tem como objetivo construir um esboço panorâmico da história da psicologia social brasileira. Inicialmente, partimos da intuição de Farr sobre a diferença conceitual entre psicologias sociais sociológicas e psicológicas para com isso estabelecer pontos de comparações entre as diversas perspectivas em Psicologia social. Analisamos diversos grupos teóricos para tentar construir um modo de compreensão sobre as implicações políticas, metodológicas e práticas de suas respectivas posições. Em nosso horizonte de reflexão, tomamos as psicologias sociais associadas ao behaviorismo, à Psicologia comparativa e ao cognitivismo, em solo norte-americano. Traçamos as influências da Psicologia cognitivista em solo brasileiro, mostrando que estava ligada à busca de variáveis dotadas de estabilidade, ao postulado da neutralidade do investigador e às noções de adaptabilidade e produtividade. Após a crise dessa perspectiva, observamos a influência da teoria das representações sociais e da teoria crítica em relação à Psicologia socio- histórica. Esta fundamenta uma ideia de homem associada ao materialismo dialético, à historicidade e à transformação social. Além da perspectiva socio-histórica, refletimos ainda sobre a Psicologia social relacionada ao problema das instituições para assim traçarmos as implicações críticas dessa perspectiva e da socio-histórica em relação ao pensamento norte-americano.
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Este artigo tem a finalidade de expor o percurso histórico da Psicologia no Brasil na perspectiva da tridimensionalidade do tempo, entendendo que a apreensão de sua concreticidade implica a compreensão do passado, que estrutura o presente e se projeta para o futuro. A compreensão da historicidade da Psicologia no Brasil como construção social, neste texto, tem como foco a análise das contradições que estiveram presentes nos diversos períodos, como condição para a compreensão das possibilidades de superação que permitiram saltos de qualidade no desenvolvimento da Psicologia, quer como conhecimento, quer como prática. Serão apresentadas, para cada período da história da Psicologia no Brasil, uma breve descrição de suas características e a análise de algumas produções, sejam elas teóricas, sejam práticas, que revelam suas contradições, sobretudo o confronto das concepções coexistentes em um mesmo tempo histórico, que demonstram o processo constitutivo dos saberes psicológicos e da Psicologia no Brasil a partir de distintos posicionamentos sociopolíticos e epistemológicos. Busca-se contribuir para a compreensão da constituição da Psicologia no Brasil a partir da dinâmica engendrada pelas e nas contradições históricas dessa área do saber, entendida como construção eminentemente social.
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As profissões imperiais, assim Edmundo Campos Coelho, um sociólogo das profissões, designa as profissões (engenheiro, médico e advogado) que se constituíram e foram as primeiras a ganhar regulamentação a partir de 1822, primórdios da fase imperial brasileira e momento que marca o início da institucionalização e do regramento da vida dos brasileiros depois da ruptura com a metrópole colonial. Interessa-nos essa análise na medida em que nos ajuda a compreender como a Psicologia constituiu a sua própria institucionalização e como ela encontra espaço social para avançar como profissão considerada necessária e importante para os diversos campos em que atua. Nenhuma profissão sobrevive se não é considerada socialmente relevante e demandada pela população. Desse ponto de vista, qual a importância social da Psicologia e qual seu futuro imediato no Brasil, considerando que estamos ultrapassando a barreira dos 200 mil psicólogos com registro no sistema Conselhos de Psicologia (aptos a atuarem profissionalmente)? Isso significa que atingimos o padrão de cobertura considerado adequado pela Organização Mundial de Saúde para a nossa população. Temos psicólogos suficientes para garantir o atendimento psicológico em todos os segmentos da saúde, do trabalho, da educação, da Justiça, dos meios de comunicação e de tantas outras áreas em que hoje esse profissional está inserido. Essa condição é suficiente para o que pretende a profissão, considerando as ações das entidades de classe? A população foco dos serviços prestados reconhece o valor dessa profissão? São questões que indicam a condição organizativa em que nos encontramos hoje, cinquenta anos depois da regulamentação da profissão. Esse patamar de nossa organização e de nossa atividade profissional é indicativo de maturidade do campo profissional e, ao mesmo tempo, indicativo de que há muito a se construir. Diz a música popular que, “se muito vale o que foi feito, mais vale o que virá”. O que nos reserva esse futuro e qual a potência dessa profissão é o que discutiremos a seguir.
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O objetivo deste ensaio foi refletir sobre o futuro da Psicologia como área do conhecimento e ciência aplicada. São abordadas as maneiras como a Psicologia pode provocar as mudanças da sociedade que devem ocorrer no século XXI e adaptar-se a elas. São apresentadas as visões skinnerianas do futuro da Psicologia, afirmando que o avanço da área pode trazer a solução para a maioria dos problemas da humanidade. O efeito Flynn é apontado como força produtora de mudanças psicológicas e sociais, pois a humanidade será composta por pessoas mais inteligentes, que devem desenvolver a Psicologia e dela necessitar. Psicólogos mais inteligentes construirão uma área cada vez mais sustentada em evidências empíricas. É assinalada a necessidade de a Psicologia se especializar, rever seus currículos em nível de graduação e unir-se em torno de um paradigma integrador. Conclui-se afirmando a necessidade de valorizar as opiniões de jovens psicólogos, além de criar melhores formas de interação entre pessoas e máquinas.
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O presente artigo teórico propõe-se a debater sobre o processo de organização sociopolítica dos psicólogos na Bahia, trazendo como objetivo uma reflexão sobre o papel das entidades representativas da classe nesse processo. Com esse fim, foi realizada uma revisão de literatura que tratou da conjuntura histórica da regulamentação e do desenvolvimento da Psicologia no Brasil, assim como sobre a sua organização sociopolítica. Além disso, devido à escassez de estudos que abordam esse tema, foram incluídos depoimentos coletados durante a realização deste artigo, e, para isso, foram feitas entrevistas semiestruturadas com alguns membros envolvidos com as entidades representativas dos psicólogos no Estado da Bahia. Este estudo buscou discutir, principalmente, a atuação e a função do Conselho Regional de Psicologia - Região 03 e do Sindicato dos(as) Psicólogos(as) no Estado da Bahia - SINPSI-BA. Ao final, são levantadas algumas reflexões sobre a atuação e o engajamento das (os) psicólogas (os) bem como a análise do papel desse profissional na sociedade baiana.
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O texto apresenta uma discussão sobre a Psicologia da saúde no contexto hospitalar a partir de uma perspectiva histórica e ética, mostrando como o desenvolvimento desse campo foi caracterizado pelo surgimento de duas perspectivas: a Psicologia da saúde tradicional e a Psicologia da saúde crítica. O modelo de quatro abordagens à Psicologia da saúde é apresentado e reformulado com a inclusão do conceito de Psicologia sanitária, e a prática em Psicologia da saúde é discutida à luz do conceito de reflexividade. Por fim, alguns questionamentos derivados da Psicologia da saúde crítica são feitos à prática do psicólogo no contexto hospitalar.
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Diversos autores falam de ao menos duas versões da Psicologia social: uma anterior e outra posterior à crise de referência que assolou essa área do conhecimento na década de 70. A primeira tinha uma base positivista, já a segunda se caracterizava por defender uma ciência comprometida com a transformação social. Em geral, esses textos narram a história da Psicologia social destacando personagens, acontecimentos e ideários. Neste artigo, seguindo a proposta da teoria ator-rede, acrescentamos novos elementos a essa história e falamos dos atores humanos e não humanos, das materialidades e socialidades, que contribuíram para construir a Psicologia social brasileira. Concluímos o texto argumentando que a crise de referência não eliminou por completo a Psicologia social positivista, substituiu-a por uma vertente crítica, pois, ainda hoje, ambas coexistem. Argumentamos, portanto, que a Psicologia social brasileira é complexa, e que essa complexidade não cabe na tênue linha do tempo que muitas vezes traçamos para representar o desenvolvimento de disciplinas acadêmicas.
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Nosso objetivo é discutir a história da constituição de novos objetos no campo da Psicologia social brasileira, particularmente dos processos de urbanização, globalização, informatização da sociedade e suas interfaces com os processos de subjetivação. Tal discussão é resultado de uma pesquisa realizada nos resumos dos Anais dos Simpósios da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), abrangendo o período de 1988 a 2010. Nossa metodologia propõe uma genealogia da Psicologia social brasileira. Utilizamos a perspectiva foucaultiana sobre a história, o conhecimento e as subjetividades como ferramentas teóricas e analíticas. A partir dessa análise, afirmamos a possibilidade de uma história da Psicologia social brasileira que não se escreve a partir dos seus grandes representantes ou vertentes teóricas, mas da constituição de novos problemas, objetos e campos de intervenção. Nesse sentido, buscamos acompanhar a constituição de seus múltiplos objetos e perspectivas, assinalando a não linearidade de seu desenvolvimento, mas suas controvérsias e rupturas.
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Para que se possa analisar e entender a relação entre a formação em Psicologia, a construção das demandas sociais contemporâneas e ética, a leitura de certos momentos da história da Psicologia no Brasil se faz necessária. Um percurso histórico foi traçado para fins de compreender a relação entre a formação profissional, as demandas sociais contemporâneas, as práticas psicológicas e a ética profissional. Considerou-se que a formação do profissional tornou-se uma espécie de mercadoria que visa a adestrar alunos em técnicas desarticuladas com o contexto e interesse social. Igualmente, que essa formação tende a levar o psicólogo a não privilegiar a análise crítica das demandas atuais, em geral, por elaboração de documentos decorrentes de avaliação psicológica, e tampouco o prepara para atendê-las nos mais diversos campos de atuação. Desse modo, muitos psicólogos vêm sendo denunciados por possível infração ao Código de Ética Profissional do Psicólogo junto aos seus Conselhos Regionais de Psicologia. Considera-se que a formação acadêmica em Psicologia deve ser analisada em suas relações de poder, escapando à perspectiva utilitarista focada no exercício técnico-instrumental. Para tanto, deve contemplar o desenvolvimento intelectual dos alunos, preparando-os para atuar frente aos desafios e dilemas com que vão se deparar no cotidiano de suas práticas. , In order to analyze and understand the relationship between graduation in Psychology, the construction of contemporary social demands and ethics, reading of certain moments of history of Psychology in Brazil becomes necessary. A historical path was drawn to understand the relationship between professional training, contemporary social demands, psychological practices, and professional ethics. One considered that professional training became a type of merchandize that aims to tame students in non-articulated techniques with social context and interest. Similarly, this training tends to lead the psychologist not to privilege critical analysis of current overall demands by preparing documents deriving from psychological evaluation nor it would prepare him/her to meet those demands in the most diverse fields of work. Thus, many psychologists are denounced for possible breaching of Psychologist's Professional Code of Ethics at their Regional Council of Psychology. One considers that academic training in Psychology should be analyzed in its relationships of power, evading the utilitarian perspective focused in technical-instrumental exercise. Therefore, it should encompass the intellectual development of students, preparing them to act in face of challenges and dilemmas that they will meet in their everyday practices. , Para que se pueda analizar y entender la relación entre la formación en Psicología, la construcción de las demandas sociales contemporáneas y ética, la lectura de ciertos momentos de la historia de la Psicología en el Brasil se hace necesaria. Un recorrido histórico fue trazado para fines de comprender la relación entre la formación profesional, las demandas sociales contemporáneas, las prácticas psicológicas y la ética profesional. Se consideró que la formación del profesional se tornó una especie de mercadería que visa adiestrar a alumnos en técnicas desarticuladas con el contexto e interés social. Igualmente, que esta formación tiende a llevar al psicólogo a no privilegiar el análisis crítico de las demandas actuales, en general, por elaboración de documentos derivados de evaluación psicológica, y tampoco lo prepara para atenderlas en los más diversos campos de actuación. De este modo, muchos psicólogos vienen siendo denunciados por posible infracción al Código de Ética Profesional del Psicólogo junto a sus Consejos Regionales de Psicología. Se considera que la formación académica en Psicología deba ser analizada en sus relaciones de poder, escapando a la perspectiva utilitarista enfocada en el ejercicio técnico-instrumental. Para tanto, debe contemplar el desarrollo intelectual de los alumnos, preparándolos para actuar frente a los desafíos y dilemas con que van a depararse en lo cotidiano de sus prácticas.
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O presente artigo descreve os principais elementos que constituíram o pensamento, a história e os posicionamentos éticos e políticos da Psicologia brasileira no que se refere às relações raciais. Estes elementos são alinhados e comentados da seguinte maneira: a) um primeiro debate que se inicia no fim do século XIX, no qual o pensamento psicológico sobre o problema racial descreve o negro como “objeto da ciência”; a ideia de raça é, neste ponto da história, determinada biologicamente; b) o período compreendido entre 1930 e 1960, caracterizado pelo impacto da obra de Gilberto Freyre, em que o conceito de raça aparece como determinante cultural e posteriormente foi marcado pela crítica ao mito da “democracia racial”; c) um momento que se inicia no fim da década de 1970, sob influência de estudos de desigualdades raciais, da abertura política e do processo de redemocratização do país, quando os movimentos sociais negros, através de seus atores, ativistas e intelectuais, produzem a ideia de raça como constructo social e pautam uma agenda política redefinindo o debate racial, e na qual a Psicologia passa a discutir o negro não mais como “objeto da ciência”, mas sim como agente produtor de sua própria história.
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Este artigo tem como objetivo retomar parte da historiografia sobre os psicólogos e estudantes de Psicologia que integraram agrupamentos armados contra o golpe de classe de 1964. Para tal, consideramos que o processo de desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência e profissão, mostra-se interligado nas múltiplas contradições da formação da classe trabalhadora brasileira. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético, recompomos, no plano ideal, parte do movimento real produzido pela ação daqueles sujeitos. Resgatamos as trajetórias das pessoas que participaram da luta armada contra o terrorismo de estado a partir de casos ilustrativos que nos mostram suas presenças em organizações políticas das quais fizeram parte. Para tal, reconstruímos este movimento a partir das publicações existentes. Concluímos que existe um elo entre a vanguarda da luta armada, com a presença de algumas frações da Psicologia, composta majoritariamente por sua juventude, e a construção contraditória dentro da própria profissão no Brasil. Ambos são momentos da totalidade da história da Psicologia, que mostra a maneira pela qual alguns importantes setores posicionaram-se na luta contra a ditadura civil-militar.
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Partindo do pressuposto da vinculação da Psicologia a determinados compromissos de classe, buscaremos evidenciar como sua história articula-se à história da formação social brasileira e às principais ideologias de dois de seus ciclos históricos: o ciclo democrático-nacional e o ciclo democrático-popular. Como método, lançaremos mão dos pressupostos, da lógica e dos conceitos provenientes da tradição marxista, especialmente aqueles oriundos das reflexões do marxista sardo Antonio Gramsci. Procuraremos, ainda, apontar de que maneira a Psicologia nascida durante o ciclo democrático-popular, em que pese a contribuição dada à reflexão sobre o caráter ideológico e elitista da Psicologia brasileira, não necessariamente deixou de cumprir, ela também, determinado papel ideológico, seja ao retirar do horizonte de suas análises o núcleo central da teoria social marxista, seja ao promover algumas práticas que pouco contribuem para fornecer às classes subalternas os elementos de que necessitam para potencializar suas lutas radicalmente emancipatórias. Com esse objetivo, esperamos contribuir com alguns apontamentos para a crítica da ideologia do compromisso social da qual esta Psicologia é intimamente solidária, da mesma forma como a Psicologia do ciclo democrático-nacional foi intimamente solidária à ideologia nacional-desenvolvimentista.
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Este trabalho tem por objetivo versar sobre as relações da Psicologia com a sociedade no contexto da ditadura civil-militar, considerando o papel das entidades de Psicologia nesse período. Há algumas considerações sobre as características deste contexto histórico e os seus efeitos na subjetividade dos indivíduos que vivenciaram tal momento. O artigo propõe também uma reflexão acerca dos desafios da Psicologia no cenário brasileiro contemporâneo. Foi adotado o tipo de pesquisa bibliográfica, e os dados obtidos foram analisados de forma qualitativa, utilizando-se livros e artigos científicos de língua portuguesa. A ditadura nos remete a um período violento e triste na história brasileira, que teve a característica da violação dos direitos humanos, sendo comum as práticas de tortura, prisões ilegais e mortes. Inicialmente, as associações profissionais dos psicólogos priorizavam questões organizativas e técnicas da profissão, evitando entrar em conflito com a ideologia do Estado ditatorial; e é justamente neste período que a profissão foi consolidada, com a atuação destas entidades que tinham por finalidade defender e representar a categoria dos psicólogos. Contudo, tais associações possuíam postura ambígua frente à violência de Estado: não se pronunciavam contra o regime, ao mesmo tempo em que eram coniventes com esse sistema repressivo. Atualmente, em que se reconhece o compromisso da Psicologia com a realidade em que está inserida, a produção de memória sobre este período da história é fundamental para se compreender as relações complexas que existiram durante a ditadura militar, e que repercutem até os dias atuais.
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A história da Psicologia no Brasil coleciona diferentes e corajosos pesquisadores, dentre os quais o presente trabalho ilustra a trajetória profissional do Professor André Jacquemin. Nascido na Bélgica, graduado em Psicologia na Universidade Católica de Louvain (Bélgica), aceitou o convite, em 1967, para trabalhar no Brasil na Universidade de São Paulo, onde atuou em diferentes funções enquanto educador, gestor e pesquisador até 2001, quando se afastou do trabalho por motivos de saúde, falecendo em 2017. Este trabalho procura historiar e dar visibilidade a seu percurso profissional de modo a deixar registradas suas relevantes contribuições para a Psicologia do Brasil, em especial no campo da avaliação psicológica e dos métodos projetivos.
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A área de avaliação psicológica tem uma relevância histórica no desenvolvimento da Psicologia como ciência e como profissão, tanto no contexto internacional quanto no nacional. Apesar disso, ao longo de sua história houve momentos tanto de forte crédito quanto de descrédito científico e popular. A compreensão dos fatores que levaram a esses movimentos de altos e baixos é fundamental para o encontro de um ponto de equilíbrio, que permita o desenvolvimento sustentável e contínuo dessa área do conhecimento. Assim, este trabalho teve o objetivo de traçar um paralelo entre a história da avaliação psicológica no Brasil e no mundo, de modo a contribuir para o entendimento dos caminhos percorridos, seus erros e acertos, e possíveis direções futuras. Foram abordados os aspectos éticos e técnicos, bem como ações político-administrativas identificadas como importantes nessa trajetória e seus impactos no desenvolvimento dessa área da Psicologia. Finalmente, são apontadas possíveis direções futuras especialmente em relação ao Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) e à formação em avaliação psicológica. Conclui-se que a área de avaliação psicológica tem sido capaz de superar as críticas recebidas, usando-as como fonte de inspiração para a realização de pesquisas, desenvolvimento de novas tecnologias e práticas mais afinadas com os direitos humanos, de modo a contribuir com o fortalecimento científico e profissional da própria Psicologia e de seu compromisso com a sociedade.
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A Resolução no 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) – que proíbe a patologização da homossexualidade – completou, em 2019, 20 anos de existência em uma trajetória marcada por conflitos, ataques e resistências. Trata-se da Resolução mais atacada da história do CFP, assim como a Resolução que mais mobilizou grupos e movimentos em sua defesa. Os ataques foram realizados por grupos, contrários às políticas de diversidade sexual e de gênero, vinculados a um conservadorismo cristão que vêm se rearticulando em importantes espaços político-institucionais no Brasil. Desse modo, este artigo tem como objetivo analisar a história da Resolução no 01/99, desde sua proposição aos dias atuais, abarcando fundamentalmente o período de 1998 a 2019. A partir de um levantamento documental e de uma perspectiva analítico-discursiva, buscamos descrever os eventos, os conflitos e os sentidos produzidos em seu entorno, traçando também alguns pontos de análise sobre as suas reverberações sociais e político-institucionais. O artigo foi dividido em duas partes, a primeira trata sobre a história da presença da Resolução no 01/99 no âmbito das políticas de diversidade sexual e de gênero no Sistema de Conselhos de Psicologia; e a segunda trabalha sobre os conflitos que perpassaram a Resolução nos últimos 20 anos.
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Este trabalho é uma tentativa de compreensão dos processos de subjetivação (e seus efeitos políticos) envolvidos nos modos de conhecimento dos saberes psi. Para tal, será levantado um conjunto de definições quanto à subjetividade e a seus modos de produção. Em seguida, serão analisadas as contribuições sobre o tema por parte da teoria ator-rede. Mais adiante, serão tomadas dessa teoria algumas diretrizes para possíveis estudos sobre modos de subjetivação engendrados pelos saberes e práticas psi. De modo mais específico, serão trabalhadas as formas com que as pesquisas psi engendram mundos e sujeitos por meio de políticas ontológicas específicas, gerando formas extorsivas ou recalcitrantes de articulação. É nesse aspecto que será feita a discussão dos modos políticos dessas formas de subjetivação.
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Este artigo pretende considerar a maneira como é habitualmente apresentada a ruptura do gestaltismo com a Psicologia que o precede e encontrar no trabalho antropológico de Max Wertheimer, especificamente no texto Über das Denken der Naturvölker, elementos que possam enriquecer esta narrativa e nos permitam olhá-la de maneira um pouco diferente. Para tanto, consideraremos como Wertheimer descreve as maneiras ditas primitivas de compreensão da quantidade e como ele encontra nelas propriedades específicas de todo. Essas propriedades de todo mostram claramente que ele já estava preocupado com problemas que seriam mais explicitamente apresentados depois, nos bem conhecidos trabalhos da Escola de Berlim em Psicologia da percepção.
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