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A proposta deste artigo é contextualizar biográfica e filosoficamente a neuropsicologia de A.R. Luria (1902-1977). Parte-se aqui do pressuposto de que o projeto neuropsicológico de Luria se insere no programa científico mais amplo avançado pela psicologia histórico-cultural soviética, que teve como objetivo central investigar como processos naturais interconectam-se com processos histórico-culturais, resultando no funcionamento psicológico complexo. Para tanto, duas direções distintas de estudo foram delineadas, a saber: o desenvolvimento ontogenético das funções psicológicas superiores e o curso da dissolução destas na presença de lesões e/ou disfunções cerebrais. Discute-se aqui o quanto a primeira proposta produziu dados e gerou questionamentos que resultaram numa massa crítica mais difundida na psicologia ocidental, em detrimento dos estudos desenvolvidos por Luria com pacientes afásicos e lesionados cerebrais no pós-guerra. Não obstante, esta segunda vertente de pesquisa trouxe contribuições teóricas fundamentais para o debate acerca das relações mente-cérebro, bem como para o fazer neuropsicológico contemporâneo.
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O artigo traz uma análise das práticas do UNICEF frente às famílias brasileiras a partir de uma pesquisa histórica, de caráter documental, utilizando diversos relatórios do Fundo das Nações Unidas para a Infância como fonte primária. Crianças e adolescentes são um segmento da população alvo de governo dessa agência multilateral por meio da medicalização de seus familiares, em nome da proteção e defesa dos direitos humanos. O estudo compõe uma rede mais ampla de análises de documentos de organismos ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), buscando auxílio teórico e metodológico nos instrumentos legados por Michel Foucault em diálogo com diferentes contribuições.
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A pesquisa em arquivos escolares, com suas dispersões documentais, faz do trabalho historiográfico uma inquietante aventura: documentos isolados ou incompletos, manuscritos ilegíveis, temas variados, fotografias, papéis timbrados, originais rasurados, séries interrompidas, muito mofo e muita poeira. Para a historiografia da psicologia as fontes advindas dos arquivos escolares possibilitam a leitura e releitura de suas histórias de uma maneira complexa, possibilitando, por vezes, o encontro de informações inestimáveis. Neste sentido, o diálogo entre a história da psicologia e a história da educação mostra-se bastante frutífero, especialmente pelas formulações teóricas efetuadas no campo da historiografia da educação que muito contribuem para pesquisas que caminham numa região de fronteiras entre história, psicologia e educação.
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O artigo desenvolve a ideia da invisibilidade como produtora de narrativas, a partir da convicção de que a história de uma pessoa nunca é apenas a dela mesma. Cita exemplos de um filme (“A vida dos outros”, Henckel, 2006), da literatura africana contemporânea e de narrativas diversas. Vale-se de entrevistas com pessoas da localidade de Araras (Petrópolis-RJ), em que é desenvolvido trabalho de orientação profissional. O campo da pesquisa em questão constrói-se na tensão entre uma “cidade” visível e uma “cidade” invisível, expressões entendidas como comunidades que têm ou não presença perante as forças instituídas (estado, igrejas, organizações sociais). O que se destaca é a História Oral (HO) como um operador que põe em evidência a articulação dessas comunidades. Para tanto, trabalha-se principalmente com proposições de Alessandro Portelli, Ecléa Bosi e Heliana Rodrigues, na aposta de que o repartir histórias, como uma prática política, abre passagens para a invenção de territórios de existência.
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Em um programa de trabalho educativo que envolve jovens em medidas “socioeducativas” e medidas “de proteção”, alguns acontecimentos são tomados como analisadores dos modos como práticas psi e juventudes se têm co-engendrado. A cartografia como ética de pesquisar-intervir acompanha esses movimentos do que está surgindo e utilizamos cadernetas pessoais e diários coletivos como ferramentas metodológicas. Partimos da imanência das relações, do meio, e somos convocados a pensar as formações históricas que produziram sufocantes práticas hegemônicas que governam vidas juvenis no âmbito das medidas supracitadas. Numa ultrapassagem do que ajudamos a fazer de nós mesmos, experimentamos práticas psi que se arriscam à potência dos encontros, inventando aí intervenções ventiladas que habitam a multiplicidade da vida e a liberdade. Afirmamos exercícios de cuidado da/na relação como uma ética de intervenção com jovens: uma aposta política na insurgência de práticas psi e vidas mais libertárias.
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O texto visa apresentar possibilidades de uso da Filosofia da Linguagem de Bakhtin na análise de documentos, na pesquisa em história da psicologia e em outros campos. Observa-se que as proposições bakhtinianas não devem ser utilizadas como um conjunto de regras fixas e imutáveis a serem aplicadas a um objeto visando encontrar seu enunciado, visto que sua proposta envolve indeterminação, duplicação e ambiguidade. Assim, em cada investigação o caminho e o objeto devem ser construídos. O texto apresenta, de forma concisa, não só as idéias centrais da Filosofia da Linguagem, mas também as questões de autoria, temas e formas discursivas, bem como os riscos das formas de tematização estática e/ou deslocada.
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Com este artigo pretende-se contribuir para a compreensão histórica de um autor/personagem da Psicologia. Analisamos e acrescemos conhecimento sobre George Herbert Mead e os desdobramentos de sua teoria psicossocial. Para esse propósito, explicitaremos, no texto, uma das vertentes analíticas utilizadas em nossa dissertação, qual seja: por meio da abordagem social em história da psicologia, confrontamos a vida de Mead com momentos de constituição da psicologia, colocando em relevo aspectos centrais dessa interlocução nem sempre identificados. Correlacionamos a história de Mead com questões sociais, políticas, econômicas e científicas, assim como suas conexões com práticas e valores culturais específicos de sua época. Buscamos compreender sua limitada difusão na ciência psicológica, dando, assim, continuidade ao processo de (re)volta do autor.
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Este artigo busca oferecer algumas referências históricas sobre as origens e desenvolvimentos da Psicologia behaviorista. O artigo parte das contribuições de Watson, destacando seu afastamento do modo causal selecionista, inaugurado na Psicologia por Thorndike. Em seguida, discute alguns desenvolvimentos do behaviorismo sob a liderança de Skinner, apontando que seus avanços resultam em grande medida do retorno ao selecionismo. O artigo argumenta, por fim, que ao final do século XX a abordagem inaugurada por Skinner estende-se a em muitas direções, configurando a análise do comportamento como um sistema multidimensional. O artigo conclui com a indicação de que uma visão histórica do processo de investigação comportamental oferece um quadro mais preciso do que essa abordagem tem representado enquanto sistema na Psicologia.
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O presente artigo apresenta um panorama histórico da psicologia escolar no Brasil desde a transição do século XIX para o XX, com a formação dos primeiros laboratórios de psicologia para estudos de crianças com problemas de aprendizagem, constituídos, principalmente, a partir da influência norte-americana e francesa. Discutem-se, ainda, momentos posteriores de crise, localizados na década de 1980, e a busca por novas bases teórico-metodológicas para a atuação. O artigo está dividido em duas partes: em primeiro lugar, apresentam-se um panorama dos principais fatos históricos e dados de pesquisas acerca das concepções e da atuação em psicologia escolar no cenário brasileiro; posteriormente, discutem-se temas contemporâneos que emergiram a partir de um movimento de ressignificação das práticas de algumas ações que vêm sendo propostas a partir da década de 1990.
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A presente pesquisa relata o uso do Portal de Periódicos Capes por pesquisadores das áreas de Ciências Biológicas, Linguística, Letras e Artes e Ciências Humanas da UFMG. O estudo foi de caráter qualitativo e utilizou técnicas de entrevista e incidente crítico para investigar a razão dos comportamentos informacionais distintos de pesquisadores das três áreas, considerando, entre outros fatores, as diferenças na organização da literatura de cada área. Estiveram envolvidos os departamentos de Ciências Aplicadas à Educação, História e Psicologia (Ciências Humanas), Linguística, Fotografia, Teatro e Cinema e Artes Plásticas (Linguística, Letras e Artes), Parasitologia, Farmacologia e Microbiologia (Ciências Biológicas). Nessas unidades foram entrevistados 5 diretores e 18 pesquisadores. Investigaram-se as características do domínio de conhecimento, tais como o grau de dispersão, tamanho do domínio, tipo de fontes, tipo de conhecimento contido nas fontes, tipo específico de relevância do domínio. Outros fatores verificados foram aspectos do comportamento de busca, os motivos de uso e não uso, barreiras, recompensas e outros fatores que poderiam influenciar o uso do Portal. As análises mostram diferenças de comportamento dos docentes e dos fatores que interferem o uso e o não uso do Portal entre departamentos de uma mesma área e entre pesquisadores de um mesmo departamento. Os resultados da pesquisa qualitativa indicam que não se devem formular hipóteses genéricas para as grandes áreas do conhecimento e que os fatores de uso e não uso são específicos para cada disciplina.
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No início do século XIX, investigações sobre a natureza de fenômenos psíquicos/espirituais como transes e supostas aquisições de informações indisponíveis aos canais sensoriais normais geraram grande debate no meio científico. Este artigo discute as principais explicações oferecidas pelos pesquisadores dos fenômenos psíquicos entre 1811 e 1860, concentrando-se nos dois movimentos principais no período: sonambulismo magnético e espiritualismo moderno. As investigações desses fenômenos geraram diversas teorias, sem que se chegasse a consenso, mas trouxeram implicações para a compreensão da mente e de seus transtornos, notadamente na área do inconsciente e da dissociação, constituindo-se como parte importante da história da psicologia e da psiquiatria.
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Este trabalho apresenta uma reflexão historiográfica sobre as condições e os processos que possibilitaram a emergência da Psicologia Social como uma disciplina ou campo de estudo/intervenção delimitado no Brasil. Aponta sua institucionalização no cenário brasileiro desde o denominado pensamento social, seguida de sua forma "interdisciplinar" (ou pré-disciplinar), até seu surgimento nas primeiras universidades nacionais, localizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foi alocada nos Departamentos de Psicologia. Continua com as críticas estadunidenses e europeias dos anos 1960 em relação à sua relevância social. Encerra apresentando o sentido desta crítica no caso brasileiro e as respostas oferecidas a tal questão.
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This article presents a brief overview of the history of psychology in Brazil. It highlights how the Brazilian Association of Research and Postgraduate Studies in Psychology (ANPEPP - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia) has fulfilled its mission of fostering discussion on scientific policy and stimulating interchange among researchers. First, it provides a retrospect of ANPEPP meetings, considering both: 1) the thematic working groups, which have served to bring together researchers, and to inspire the emergence of thematic associations and journals; 2) the discussion forums, which have contributed in the critical review of scientific policy, and the mission of postgraduate studies. Second, it focuses on the history of psychology in Brazil, from colonial times to the recent national commitment to postgraduate studies. The paper argues that the plans and strategies led by national funding agencies have been successful and that their results are evidenced by the role played by Brazil in the international arena, both in scientific production and the training of its researchers. By sustaining current policies, it seems certain that, even with the oscillations in the national economy, postgraduate education will grow steadily in its advance of the psychological sciences; and will be working towards a better quality of life, social justice and ecological sustainability.
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O presente artigo propõe-se a discutir os encontros e desencontros entre a Psicologia e a Escola, problematizando a heterogeneidade de posições acerca do fracasso escolar. Foi realizada uma revisão de artigos científicos na base SciELO, utilizando o descritor "Psicologia Escolar". Foram selecionados 32 artigos publicados a partir de 2003, que tratavam de estudos no contexto brasileiro e que faziam uma discussão sobre a inserção da Psicologia na Escola. A leitura minuciosa e a análise dos artigos originaram três eixos de discussão: A inserção da Psicologia na Escola: ideologias em comum; Resistências e tensionamentos: o nascimento do desencontro entre a Psicologia e a Escola; e Perspectivas em pauta: uma abordagem que considera a constelação escolar. A discussão evidenciou que a Psicologia foi introduzida na Escola por meio de um modelo médico/clínico, responsabilizando o aluno pelo fracasso escolar. A superação desse modelo ocorreu na medida em que esse fenômeno passou a considerar outras implicações.
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This article briefly describes (a) how ANPEPP was started and its first few years of activities, (b) the planning, implementation, evaluation, and recommendations by participants in the first symposium that led to future symposia format, and (c) ANPEPP's evolving activities from 1988 to 2014, taking one of its working groups (grupos de trabalho [GTs]) as an example. The analysis suggests that ANPEPP is playing a vital role in promoting fruitful interactions among researchers, contributing to a broad research agenda, and building a rich database of psychological knowledge in Brazil.
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Interpretações históricas do percurso científico inicial de Skinner destacam as inovações teóricas, empíricas e instrumentais de seu esboço de uma ciência do comportamento. Apesar desse empenho historiográfico, um aspecto tem sido tratado de modo secundário na análise dessa fase da carreira de Skinner, a saber, os impactos dos contextos institucionais da universidade de Harvard nos rumos de sua trajetória e ciência. O objetivo deste artigo é investigar esse aspecto por meio da apreciação das práticas institucionalizadas dos Departamentos de Psicologia e de Fisiologia Geral daquela universidade, e suas relações com a emergência da proposta científica de Skinner e suas peculiaridades teóricas e metodológicas. De acordo com nossa interpretação, singularidades dos primórdios da ciência skinneriana são compreendidas de modo mais amplo quando identificadas as condições institucionais que permitiram a Skinner se distanciar do mainstream da psicologia experimental estadunidense. Por fim, sugerimos que embora este estudo refira-se à história de um eminente cientista, em um momento e cenário histórico específicos, ele serve para ilustrar o papel de controles sociais, inerentes à prática científica, nos rumos da carreira de cientistas e suas produções intelectuais.
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A Psicologia Escolar, área tradicional da profissão de psicólogo no Brasil, sofre diversas críticas referentes ao modo como são conduzidas determinadas práticas em seu contexto, por isso necessita ser constantemente repensada e discutida. O presente artigo propõe uma reflexão sobre a Psicologia Escolar e sua(s) possibilidades de atuação. Inicialmente realiza-se uma contextualização histórica sobre a Psicologia Escolar, com a observação de que esse é um campo ainda em construção no Brasil. Em um segundo momento, busca-se elucidar alguns aspectos que hoje tornam a Psicologia Escolar uma área específica e de grande importância na atuação do psicólogo. Por fim, discute-se a necessidade tanto de o psicólogo atuar com os diferentes atores presentes no contexto educacional quanto de trabalhar de forma interdisciplinar na escola e em qualquer outro ambiente no qual sejam desenvolvidos processos de ensino-aprendizagem.
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Este trabalho apresenta uma comparação entre dois artigos que tratam da consciência na obra de Vigotski: "Conceito de consciência em Vigotski" e "A consciência na obra de L. S. Vigotski: análise do conceito e implicações para a psicologia e a educação", publicados respectivamente em 2006 e 2010, os quais destacam a importância de Vigotski na conceituação da consciência como objeto de uma psicologia que superasse sua crise paradigmática. Ao realizar uma comparação estrutural entre os dois textos, com recurso à crítica de leitor proposta por Vigotski em "Psicologia da Arte", este estudo constata a relevância dos dois trabalhos para o fortalecimento do campo teórico inaugurado pelo pensador soviético. Conclui-se com a proposta de uma reordenação lógica entre os dois textos que leve em conta o grau de complexidade e os arranjos internos de suas argumentações. Faz-se assim uma pequena contribuição à obra de Vigotski, amplamente utilizada na educação, porém pouco reconhecida na história da Psicologia.
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