A sua pesquisa
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Tradução de RATCLIFF, Marc J. Raccourci analogique et reconstruction microhistorique. Les origines du laboratoire de psychologie expérimentale de Genève en 1892. Em: CHAMBOST, Anne-Sophie. Revue d’histoire des sciences humaines, n.29, 2016. Tradutor: André Elias Morelli Ribeiro, Universidade Federal do Amapá.
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A Epistemologia Genética de Jean Piaget é uma das teorias mais importantes acerca do conhecimento. Esta teoria tem influência determinante nos sistemas de educação pública de diversos países, incluindo o do Brasil. Apesar da grande quantidade de publicações sobre os mais diversos aspectos desta teoria, é bem menor o volume de trabalhos sobre sua história, e menor ainda sobre a formação de seu método de pesquisa, o Método Clínico. A presente pesquisa tem por objetivo mostrar o início da gênese do método de Piaget, especialmente no período entre 1920 e 1922. Para tal, foram localizados os protocolos de pesquisa do próprio Piaget disponíveis nos Archives Jean Piaget, em Genebra. Os documentos foram fotografados e analisados, o que inclui sua leitura e identificação das informações mais relevantes. Os dados obtidos foram convertidos em resumos, quadros e gráficos. A narrativa construída para mostrar a forma como Piaget construiu seu método é baseada nos pressupostos teóricos propostos por Bruno Latour e a Teoria Ator-Rede. Nele, são recusadas histórias que tomam o cientista por herói ou a submissão de seus trabalhos a meros constrangimentos sociais, para produzir uma história onde humanos e não-humanos tem uma ação, e é a ação destes que compõe a história da gênese do Método. A análise dos protocolos permitiu a divisão do intervalo entre janeiro de 1920 e dezembro de 1922 em três partes. No primeiro período, ainda trabalhando em Paris, Piaget utiliza os resultados obtidos da padronização francesa do teste de Burt, uma tarefa designada a ele por Simon, para obter novos dados sobre o raciocínio. No segundo período, Piaget inicia a modificação de testes e provas psicológicas correntes à sua época para expandir suas pesquisas, se valendo de um novo inquérito já semelhante ao que seria utilizado no Método Clínico. No terceiro período, que se passa integralmente em Genebra, Piaget tem uma explosão criativa com vários métodos originais. Neste período também se observa um direcionamento de pesquisa muito mais claro e preciso. O trabalho conclui que são necessários mais estudos para a utilização dos pressupostos filosóficos da Teoria Ator-Rede nos estudos em história da psicologia, que Piaget foi fortemente influenciado pelo contato com o teste de Burt, o que possibilitou ao genebrino aliar seus estudos sobre lógica e as técnicas de observação que aprendera em seu treinamento como biólogo com a psicologia experimental, e que estas alianças permitiram a criação do Método Clínico. Este, por sua vez, é resultado de uma incorporação acumulativa de técnicas, tanto originais quanto adaptadas, desenvolvidas por Piaget ao longo de um tempo de maturação.
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Recorrentemente, o psicólogo-historiador se vê diante da questão, endereçada por seus pares ou alunos: por que estudar História da Psicologia? Tal questão é tão recorrente que livros-texto de História da Psicologia reservam um espaço para apresentar respostas, justificativas, a tal provocação. Diante disso, este artigo endereça uma resposta a tal questão, a partir da hipótese de que a História da Psicologia é uma ferramenta para compreensão de rupturas e permanências de fenômenos históricos vinculados aos campos Psi e, esta compreensão, nos auxilia em uma visão mais crítica do presente. Para atingir tal objetivo, são apresentados dois exemplos de questões históricas, mais ainda contemporâneas, na Psicologia brasileira: (a) a definição de campos de atuação e técnicas de atuação do psicólogo e (b) discursos e práticas normatizantes com pessoas homossexuais. Assim, a partir de tais exemplos que nos permitem ver a história na Psicologia e, também, a Psicologia na história, conclui-se que a História da Psicologia pode, sim, contribuir com uma análise mais crítica do momento presente. Para tanto, faz-se necessário a pesquisa em História da Psicologia e o ensino de sua história, para uma formação crítica do psicólogo brasileiro.
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Ensaio historiográfico sobre sumários e prefácios de manuais introdutórios à psicologia publicados entre 1890 e 1999, destacando: 1) primeiros grandes manuais (1890-1949); 2) textos influentes na afirmação da psicologia como ciência e profissão no Brasil, (1950-1974); 3) tradição dos textos norte-americanos ao longo do século XX; e 4) características inovadoras apresentadas no último quartil do século XX. Concluiu-se que: 1) os sumários mantêm-se coerentes com os mesmos tópicos temáticos 2) os prefácios escritos entre 1890 e 1974 mostraram-se preocupados com os desafios da integração do grande campo psicológico, insistindo que teorias e sistemas eram perspectivas e contribuições, devendo ser evitados como modos reducionistas e radicais de introdução a um ponto de vista apenas; 3) os prefácios escritos entre 1975 e 1999, apresentam a psicologia como campo de múltiplas perspectivas, estando nesta condição sua peculiaridade e contribuição, e esperam dos profissionais a capacidade de lidar com a diferença e a diversidade.
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Este artigo parte do relato de uma experiência profissional na docência para problematizar o ensino de História da Psicologia na formação de psicólogos. O percurso argumentativo descreve as circunstâncias e os questionamentos que contribuíram para o desenvolvimento de metodologias fundadas na perspectiva genealógica de ensinar e conhecer psicologia. A análise da experiência enfatiza a potência ético-política presente nas atividades de ensino de História da Psicologia, no conjunto das práticas disciplinares dos currículos de graduação para formação de psicólogos.
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Este artigo trabalhará a discussão quanto a pluralidade ou unidade da psicologia. Destacaremos como este tema se projetou no cenário dos países francófonos ao longo do século passado. Como contraponto, investigaremos os modos de articulação produzidos pelos saberes e práticas psicológicos, através dos atuais Estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade, a partir da Teoria Ator-Rede e da Epistemologia Política. Examinaremos os modos de engajamento que certas técnicas terapêuticas produzem no intercurso com diversos atores humanos, mas igualmente com dispositivos sociotécnicos. Estas técnicas terapêuticas estão sendo acompanhadas na Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ desde 2010 por meio de: descrições dos artefatos presentes em certas práticas terapêuticas e dos dispositivos nela presentes; entrevistas com pessoas em entrada e intercurso de terapia, estagiários, orientadores e responsáveis pela triagem; e observações etnográficas em sessões de supervisão de abordagens diversas. Por meio dos resultados destas pesquisas, discutiremos as formas de conexão das práticas psi.
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Comemorando os quarenta anos do artigo Should the History of Science Be Rated X? de Stephen Brush, propõe-se uma reflexão a respeito da relação entre o ensino da história da psicologia, a historiografia e a formação dos psicólogos. Em primeiro lugar, sintetiza-se a argumentação de Brush em torno à história da ciência e seu ensino. Depois, descreve-se a apropriação desde a história da psicologia e seu ensino de certas problemáticas citadas pelo autor, detalhando a questão da raiz geracional do conhecimento histórico e a necessidade da ampliação do gênero e tarefa histórica. Finalmente, menciona-se a questão da tensão entre a vertente curricular e acadêmica da história. Conclui-se que a adoção de uma moderada atitude crítica e de um marco historiográfico sociológico por parte dos docentes conseguiria evitar um ensino da história parcial e enviesado.
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A Psicologia francesa do final do século XIX, recentemente separada da Filosofia, utilizava como um de seus principais métodos o estudo dos estados alterados de consciência e das doenças mentais no intuito de compreender melhor o funcionamento normal da mente humana. Dentre os pioneiros desta Psicologia, destacou-se Pierre Janet. Seu estudo sobre as alterações mentais, principalmente o hipnotismo e a histeria, deram origem às suas concepções sobre força e fraqueza psicológica, dissociação e atividade subconsciente, ideias estas que abriram margem para um novo entendimento da atividade mental fora da consciência, contribuíram para o desenvolvimento da psiquiatria dinâmica e, principalmente, apresentaram à sua época um caráter conciliador entre as novas tendências da psicologia e a antiga psicologia. Contudo, embora tenha sido um autor relevante, seus trabalhos são pouco conhecidos na atualidade e, em língua portuguesa, a bibliografia sobre ele é escassa. Nosso objetivo foi, portanto: (i) analisar o surgimento do conceito de dissociação na obra inicial de Pierre Janet, assim como as suas principais acepções; (ii) apresentar como Janet chegou à formulação deste conceito e como esse se desenvolveu ao longo de sua obra; (iii) explicar o mecanismo da dissociação segundo o autor; (iv) esclarecer o que ocorre com os elementos dissociados da consciência; (v) apresentar a relação da dissociação com outros conceitos fundamentais da obra de Janet, tais como vontade, fraqueza de síntese e automatismo e; (vi) expor as explicações de Janet para a histeria, hipnotismo e duplas personalidades com base na sua teoria da dissociação. Para tanto, realizamos uma leitura analítica da segunda fase de suas obras, que vai desde 1885 a 1894 (contendo 3 livros e 17 artigos), na qual este autor se dedicou a estudar profundamente este tema, buscando estabelecer a definição dos principais conceitos desta fase de suas obras, com ênfase na dissociação, e também as relações existentes entre eles. Como resultados obtivemos que conceito dissociação apareceu pela primeira vez nas obras de Janet em 1887 no artigo L'anesthésie systématisée et la dissociation des phénomènes psychologiques. Nele Janet coloca que a dissociação ocorre quando um item, seja uma memória, uma sensação ou um movimento, não se liga à ideia de eu do sujeito, sendo, portanto, removido da consciência normal. Porém, a partir de 1889, da obra L’automatisme psychologique, não vemos mais aparecer o termo dissociação, mas sim um novo termo, o termo desagregação (désagrégation), o qual acreditamos ser, contudo, seu sinônimo. O mecanismo da dissociação é apresentado por Janet, principalmente, quando ele explica a formação dos sintomas histéricos. Para ele estes sintomas histéricos, ou seja, as anestesias, as abulias, as amnésias e os problemas do movimento são todos causados por uma fraqueza de síntese psicológica que leva, por sua vez à desagregação psicológica. Nestes quadros, devido à fraqueza de síntese, certos grupos de sensações, memórias, emoções ou informações sobre o ambiente deixam de ser sintetizados à ideia de eu (fator fundamental, segundo Janet, para que um fenômeno possa fazer parte da consciência) e, portanto, permanecem dissociados da consciência normal, gerando, respectivamente: as anestesias, as amnésias, as modificações do caráter e as abulias. Estes elementos não sintetizados continuam, contudo, a existir podendo “ficar isolados e desaparecer ou podem se associar com outros fatos igualmente separados de toda a consciência e formar uma segunda personalidade” (Janet, 1887 p.402). A ação destes cada um deles sobre a consciência da histérica, por sua vez, é a raiz do que Janet chamou de acidentes histéricos dentre os quais estão incluídos as contraturas, a catalepsia parcial, o sonambulismo, os ataques, alguns delírios e os atos subconscientes. É possível concluir que a dissociação é de fundamental importância para a compreensão da histeria sob o ponto de vista de Janet e que é também um conceito chave da fase inicial de suas obras.
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