A sua pesquisa
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Tomando como ponto de partida formulações de Moscovici acerca da representação social, o presente artigo se propõe a analisar: as condições de emergência desse conceito; sua “mobilidade” em relação ao conceito de representação coletiva de Durkheim; os instrumentos metodológicos fornecidos pelo autor para a pesquisa em psicologia social; a repercussão no Brasil dos anos 1970 e1980, bem como as implicações ético-políticas do conceito de representação social no campo da psicologia social na atualidade. O convite que se faz ao leitor é o de percorrer a genealogia de nossas práticas para problematizar a “função social” desse método de pesquisa.
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O artigo propõe uma reflexão acerca dos processos de reforma psiquiátrica em curso tanto na Itália quanto no Brasil, a partir de fragmentos cotidianos observados junto a usuários da saúde mental nos dois países. As cenas são postas em análise na perspectiva de criticarem o que apontam do enrijecimento institucional e repetição daquilo que ambos os processos de extinção dos manicômios tinham por propósito desconstruir. De outro lado, também permitem analisar o que se mantém do caráter de movimento, de forma disruptora e criativa, dentro desses processos reformistas. No trajeto das intensidades experimentadas nos diferentes territórios, pequenos fascismos que marcam os saberes e as práticas de saúde mental apontam para a necessidade de atualização da potência instituinte do movimento anti-manicomial, entendido como um espaço de criação permanente que requer, antes de tudo, especial atenção às palavras e aos pequenos gestos que povoam nosso cotidiano.
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O presente artigo não possui uma unidade teórica nem metodológica; seus referenciais são amplos e distintos, não defende sólidos princípios e não irá seguramente tão fundo quanto outros artigos já publicados sobre este tema. Queremos apenas nos aventurar no debate e abrir mais uma caixa de diálogo com todos aqueles brasileiros que, apaixonados pelo futebol, são verdadeiros craques, participantes ativos, e que na história do futebol contribuem com um saber intuitivo que, tanto quanto o conhecimento técnico, tático, estratégico, é sempre confrontado em cada partida, nesse campo cheio de embates, surpresas, desafios, onde, como no jogo da vida, nem tudo que se prevê ou deseja acontece. Mesmo sabendo que o real sempre nos surpreende no presente, não podemos nos permitir esquecer o passado, perder de vista a nossa memória, pois nossa memória será sempre uma forma de não botar para escanteio nossa história. E assim, seguimos, com alguns recortes, iniciando a partida com um olhar sobre a História do Brasil e, particularmente, do Rio de Janeiro na transição dos finais do século XIX e inícios do século XX, não para enquadrar o futebol em hipóteses científicas, mas para conversar com ele na sua arte plena de contradições e conflitos - sua dupla face de inclusão e exclusão, de autoritarismo e democracia - para se aproximar das surpreendentes jogadas de todos os dribladores, que estão muito além das quatro linhas de um campo de futebol.
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Este trabalho tem por objetivo analisar os marcos iniciais dos estudos psicológicos sobre a memória, apresentando suas bifurcações, as quais poderíamos designar como relativas ao ‘laboratório’ e à ‘clínica’. Para tanto, são apresentados alguns autores relevantes desse campo no século XIX, buscando articulação com os escritos de Freud do mesmo período. A diretriz adotada é a crítica de Merleau-Ponty feita ao mecanicismo em ‘A Estrutura do Comportamento’. Observa-se, ao final, a importância desse tema nos textos de Freud dessa fase, em particular quanto ao que é postulado nesse momento como aparelho de linguagem.
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Trata-se de conversas que expressam uma escolha ético-estético-política para mostrar as tessituras do trabalho com dispositivos da análise institucional, da cartografia, das políticas de cognição e da formação inventiva de professores nos territórios distintos da escola e da universidade. As conversas são tecidas entre professoras da escola e da universidade, para evidenciar a pesquisa pelo meio, lá onde ela acontece: no chão da escola. Há conceitos que funcionam como dispositivos de resistência em campos tão predefinidos, tais como: micropolítica e formação inventiva de professores. Micropolítica é uma experimentação ativa, pois não se sabe antecipadamente como é que se desenha o traçado de uma experiência. Formação inventiva de professores é uma questão de aprendizado de como manter vivo um campo problemático, deixando vibrar as forças intensivas para que estas possam criar formas e desformar cristalizações nas trajetórias de vida. Conversas coletivasque enunciam diferentes modos de viver escola e universidade.
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O presente trabalho parte das discussões do grupo de pesquisa Gestão Coletiva dos Sonhos acerca do estatuto da imagem e da percepção trabalhadas por Jean-Paul Sartre em seu livro A imaginação. Tomando a percepção como imediata e como construção social e cultural, tentamos pensar a Gestão Coletiva dos Sonhos como possibilidade de o sujeito experienciar, por meio do trabalho em grupo com os sonhos, a criação de novos campos de percepção coletivamente compartilhada. Apostamos que a partir do momento em que o sujeito se apropria de maneira criativa da percepção como construção de mundo, pode levar o poder inventivo dos sonhos para a vida de vigília, sendo capaz de se posicionar como ativo no processo de criação de campos perceptuais diferentes dos hegemonicamente construídos.
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Este artigo buscou trazer à tona alguns dos embates vividos no processo de uma pesquisa de doutorado, em que se teve como temática acompanhar o funcionamento e as implicações das lan houses nas favelas de Acari e Santa Marta, cidade do Rio de Janeiro (RJ). Na confecção deste texto fizemos um recorte na pesquisa para discutir e compartilhar alguns aspectos que permearam a composição dos lugares do pesquisador e do objeto de pesquisa neste processo e os conflitos da pesquisadora no que tange a tal lugar e ao que se denomina pesquisar. Para tanto, nos aliamos às ferramentas da Análise Institucional Francesa, mais especificamente ao que René Lourau designa como análise de implicações.
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Este trabalho acompanhou a participação de usuários de serviços públicos de saúde mental numa investigação multicêntrica, parte de uma Aliança Internacional de Pesquisa, em que usuários, inicialmente sujeitos pesquisados, foram tornando-se pesquisadores. Investigou-se o que estas pessoas puderam dizer sobre a experiência de adoecer e receber tratamento e traçou-se uma cartografia da participação dos usuários na pesquisa, servindo-se do conceito de ritornelo, de Deleuze e Guattari. Os temas tomados em análise foram aqueles que, suscitados pela pesquisa, persistiram na voz dos usuários ao longo do projeto multicêntrico: relações com o outro; importância da participação nas atividades sociais, principalmente no trabalho; relação com os medicamentos. A ampliação das informações sobre o tratamento passou pelo reconhecimento da própria experiência pelo usuário e, articulada à sua participação ativa no processo da pesquisa – caracterizada como pesquisa com e não pesquisa sobre – produziu transformação de si e mudança de lugar.
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O presente trabalho pretende contribuir com a ampliação do debate sobre a responsabilização penal de adolescentes. Desde que o Estatuto da Criança e do Adolescente instituiu uma forma diferenciada de responsabilizar estes jovens, a idade de penalização tornou-se uma polêmica. A discussão gira em torno de explicações individualistas sobre a criminalidade tendo por principal parâmetro para a penalização a ideia de maturidade. É importante compreender o contexto em que estes argumentos são construídos para poder ampliar a análise acrescentando outros importantes elementos históricos e sociais que marcam a compreensão sobre o crime e sobre as respostas que a sociedade dá àqueles que transgridem a lei. O percurso histórico legislativo relativo à infância e juventude, no Brasil, também auxilia na compreensão de que a redução da idade penal não serve a redução da violência, mas sim, ao aumento da penalização de jovens pobres.
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Este artigo analisa a emergência do trabalho como prescrição terapêutica no contexto da Assistência a Alienados em Minas Gerais, entre 1900 e 1934, com o objetivo de discutir três questões: 1) a vinculação entre a ação de fazer o louco trabalhar e uma prática terapêutica; 2) o modo como o trabalho é tomado pelas políticas e práticas alienistas brasileiras nas primeiras décadas do século XX; 3) os deslocamentos que se vinculam à prescrição do trabalho dentro e fora das instituições para alienados. Para o desenvolvimento desses objetivos, foram pesquisados documentos que tratam da criação da Assistência a Alienados e de seu ordenamento. A análise se fundamenta nas proposições foucaultianas, especialmente em suas formulações sobre o governo dos outros.
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Neste artigo pretende-se entrar no debate acerca do conceito de atividade como unidade de análise na Psicologia. Mais especificamente o fazendo por meio de um possível diálogo entre Vigotski e Politzer. Identificam-se diversos pontos de conexão existentes entre os autores, apresentando-se alguns destes. A convergência mais importante referese à formulação de que o “ato concreto” / “atividade prática” seria o termo ou unidade de análise da Psicologia.
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O presente artigo se propõe a discutir as forças de odelização do corpo na atualidade com vistas a propor uma micropolítica que permita tornar visíveis as possibilidades deste corpo em seu aspecto sensorial. Trata-se de considerar o corpo em sua potência de abertura às experimentações com as forças do mundo. Para tanto, são tomadas como apoio discussões sobre a noção de risco como captura ou criação e sobre as formas de cuidado de si e os modos de subjetivação contemporâneos. É feito um debate sobre uma corporeidade que parece temer o risco, se privando do inusitado e do inesperado em um pretenso controle da realidade.
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O presente estudo realiza uma revisão histórica das práticas que vigoram em diferentes sistemas de reclusão destinados a crianças e adolescentes, desde o período do Brasil colônia até os dias atuais. Neste percurso, destaca-se a privação de liberdade dos adolescentes, decorrente do cometimento de atos infracionais e busca-se compreender como os jovens internados, e também os trabalhadores vinculados às instituições de atendimento a tal público, são marcados pelos discursos que circulam na esfera social. Ao caracterizar o cenário que compõe as atuais instituições responsáveis pela execução da medida de internação, a análise aborda os princípios da proposta socioeducativa e discute sua consolidação nas práticas cotidianas, diante de uma história punitiva que marcou tanto o corpo de adolescentes quanto o de profissionais.
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A proposição deste artigo é apontar como campo de problematização a presença dos palhaços em organizações hospitalares, pois entendemos que tais intervenções visam a produção de ofertas de conteúdos relacionados às práticas discursivas da psicologia e da medicina, e que os efeitos de objetivação destas ações oferecem novas materialidades para os atuais processos de subjetivação dos indivíduos e para o surgimento de formas de racionalidades políticas - conceito que Foucault lança para pensar os saberes que se propõem a um governo das condutas humanas. Para essa discussão, tomamos, como material de análise, as práticas discursivas da psicologia e da medicina a respeito dos palhaços que respondem a certas demandas das organizações não governamentais. Essas práticas surgem na década de 1980, nos Estados Unidos da América, e, a partir dos anos 1990, consolidaram-se nos hospitais do Brasil e em vários outros países do mundo. Trabalharemos, pois, neste texto, com a hipótese de que o riso emerge nestas intervenções como elemento de uma estratégia de governança das condutas humanas em que a atuação do palhaço é estratégica para o processo de humanização da saúde.
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Este artigo discute questões da clínica e da rede de saúde mental, problematizando a prática de supervisão em seu surgimento na psicanálise e as concepções freudianas acerca das massas. Assim, são lançados outros olhares para os agrupamentos humanos. Assuntos inicialmente díspares – supervisão e grupos – são conectados, trazendo uma experiência singular, concreta, de uma supervisão coletiva e autogestiva. Valeu-se de formulações singulares que emanam dessa experimentação e de conceitos como grupo-sujeito, grupo-sujeitado e transversalidade. Seguiu-se uma incursão no campo da saúde mental, apresentando o exemplo dos CAPS e de uma portaria que estimula a qualificação do serviço através da destinação de incentivos financeiros, inclusive para contratação de supervisores. Por último, destacou-se o termo “supervisão clínico-institucional” para discutir o lugar do institucional a partir de referências da Análise Institucional e propor um dispositivo de supervisão clínico-institucional em grupo que seja inclusiva, não centralizadora e promotora de novos agentes de saúde.
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Tradução de GROS, F. À propos de l’herméneutique du sujet. In: LE BLANC, G. & TERREL, J. Foucault au Collège de France: un itinéraire. Bordeaux: Presses Universitaires de Bordeaux, 2003, p. 149-163. Tradutor: Alessandro Francisco.
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O estudo de Ética de Spinoza, através de Deleuze, é ponto de partida para compor uma rede, na qual o aprender escapa das polaridades sujeito-objeto e das tramas da representação. Indicada pela concepção de individuação e logo problematizada pelos lugares de autoria e de autor, procura em seu emaranhado, assinalar as possibilidades de reverter a individualização. A tentativa de urdir com uma diversidade de conceitos no âmbito da filosofia da diferença, tais como gênero de conhecimento, dimensões da individuação, plano de imanência, dentre outros, faz com que a trama seja tomada de intensidades que convocam outras proposições - o tempo-duração, o fora. Desse modo, o texto ‘destecido’ mantém-se como um todo-aberto.
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O objetivo deste artigo é discutir o funcionamento da guerrilha a partir do conceito de máquina de guerra de Deleuze e Guattari. Introduzimos esta figura conceitual por considerá-la contributiva para pensar o funcionamento dos movimentos de resistência frente à lógica instituída de Estado. Para empreender tal reflexão seguimos o método cartográfico e realizamos uma revisão bibliográfica sobre a literatura produzida relacionada à guerrilha armada no Brasil. Compreendemos que a guerrilha foi o dispositivo que materializou o imaginário da transformação social em um período de extrema opressão, operando em uma luta contra a ditadura militar numa prática de transgressão do instituído. Pensar a guerrilha como máquina de guerra é trazer tanto seus aspectos instituintes e de desterritorialização, como os processos de captura e seu potencial de abolição, que pode chegar a traçar as linhas de uma máquina de guerra suicida.
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