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Refletir sobre os “tempos de vida” é como entrar em um labirinto de ideias, onde vários caminhos se cruzam. Entretanto, qual deles foi escolhido para conduzir esta escrita? Sob a análise da memória está uma definição de tempo e de história. Adotamos aqui uma escolha que segue os rastros de uma compreensão de memória, inicialmente em diálogo com os textos de Maurice Halbwachs, em seguida, com Walter Benjamin, além de outros pequenos desvios promissores que incluem o pensamento de outros autores que nos acompanham nesta análise, como por exemplo, Paul Ricoeur, Pierre Nora, Marcio Selligmann-Silva e Jeanne Marie Gagnebin. A proposta é o reconhecimento da memória e de seus duplos como desafio para a escrita da história, uma escrita cujo compromisso é a intenção política da rememoração.
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O presente artigo discorre sobre a experiência do grupo Coletivo Fila ao acompanhar familiares de adolescentes internados provisoriamente na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE) do Rio Grande do Sul. Nas oficinas realizadas pelo grupo junto aos familiares, são compartilhadas histórias centradas na violência de Estado vivenciada por eles, evocando as marcas da ditadura civil militar no Brasil, cujos efeitos seguem na clandestinidade. Tendo em vista o testemunho como ferramenta potente para trazer à luz tais narrativas, resgata-se a necessidade de uma discussão sobre as políticas de esquecimento e silenciamento no Brasil.
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Tradução de CAILLAT, F. Introduction. In: CAILLAT, F. Foucault contre lui-même. Paris: PressesUniversitaires de France (PUF), 2014, p. 07-19. Tradução e notas: Alessandro Francisco.
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O presente artigo parte da hipótese de que na sociedade moderna e pós-moderna se criam subjetividades que aprofundam a sensação de desamparo, na medida em que os laços são atacados. Na Guerrilha do Araguaia, movimento revolucionário ocorrido como forma de reação à ditadura brasileira, a violência foi usada como instrumento que visava à destruição de um movimento político e de pessoas envolvidas com este. A Psicologia, regulamentada no Brasil no contexto de um regime ditatorial, colocou o seu saber teórico/prático a serviço da repressão e ocupou lugares que legitimaram a violência institucionalizada. Os seus desdobramentos, seja de afastamento ou não dessas atuações acríticas, chegam às nossas práticas atuais. Para a problematização dessas questões, partimos de um breve estudo da sociedade pós-moderna, passando pela história recente do Brasil em relação à ditadura militar. Finalizamos o trabalho fazendo uma breve análise das entrevistas sobre a Guerrilha do Araguaia trazidas por um documentário.
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Pensar a produção e o uso de fármacos e de psicofármacos no presente nos inquieta e nos move a uma escrita que interroga as práticas medicalizantes e medicamentosas da vida em nome das tentativas de garantir segurança biopolítica empreendedora de performances potencializadas e anestesiadas e de disciplinas ordenadoras de corpos úteis e dóceis. O ensaio que ora apresentamos interroga as relações entre saúde, economia e as funções de poder saberpsiquiátrico-terapêuticas que conjugammedicamentos e normalização de condutas como respostas a problemáticas e situações complexas no plano da constituição de nossas existências.
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Este artigo focaliza a relação entre o filósofo-historiador Michel Foucault, o oralista italiano Alessandro Portelli e o documentarista Eduardo Coutinho no que esses três autores problematizam a respeito da subjetividade como produção, da verdade enquanto circunstanciada - abrindo um campo de possíveis - e da história enquanto lugar onde se engendram singularidades. Iniciamos o trabalho com um breve histórico sobre os caminhos da História Oral, mostrando a importância da relação entre as narrativas orais e a subjetividade do narrador, destacada por Portelli, adunando suas ideias à contribuição de Coutinho, que prioriza a verdade em toda a sua contingência. Articulado a esses dois autores, trazemos o pensamento crítico de Foucault quanto aos modos de sujeição impostos ao homem no decorrer dos séculos, especialmente com respeito à figura do louco-criminoso encarcerado no interior dos manicômios.
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A partir do desenrolar de pequenas cenas vividas no cotidiano de uma escola pública da rede de educação do Município do Rio de Janeiro, este artigo pretende colocar em análise algumas questões acerca do tempo oportuno (a figura kairós entre os gregos) do inesperado, capaz de romper certas repetições da rotina do tempo sucessivo de Cronos, comum às forças normalizadoras das práticas pedagógicas. Com base em autores como Deleuze e Guattari, Certeau e principalmente Michel Foucault, discute o processo de judicialização da palavra de ordem que, invadindo a rotina das escolas, naturaliza as evidências e nos obriga a evitar a experimentação com o inesperado. Trata-se neste texto de proposta de desconstrução das certezas que nos impõem essências para os atos da rotina, de outra perspectiva para qual o tempo descontínuo traz a surpresa das diferenças e nos obriga à renovação dos fundamentos. O que se pretende para a pesquisa com o cotidiano não é propriamente um método, mas um êthos, uma atitude, uma tarefa, uma interrogação crítica de nós mesmos educadores como experimentação cotidiana de uma ética do acontecimento para um devir educação.
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O artigo estuda um grupo de cartas elaboradas no âmbito da Companhia de Jesus: as Litterae Indipetae, pelas quais jovens jesuítas pedem ao Superior geral da Companhia para servirem nas Missões. As Indipetae transmitem a particularidade da vivência de cada autor, na busca de explicitar suas motivações quanto ao desejo de ir atuar nos contextos missionários do além-mar. Configura-se assim a grande riqueza desta documentação do ponto de vista psicológico. Nossa hipótese é a de que tais fontes carregam significativos conteúdos de elaboração pessoal, tendo em vista a definição do próprio projeto de vida. O recorte espaço temporal de nossa análise compreende dois grupos de cartas elaboradas por jesuítas italianos respectivamente no século XVII (período da Antiga Companhia), XIX e XX (período da Nova Companhia). Os resultados da análise apontam para aspectos de continuidade e descontinuidade e evidenciam na vontade o motor principal do processo subjetivo documentado na narrativa.
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Inspirado na perspectiva genealógica proposta por Michel Foucault, este artigo faz uma análise dos prontuários de crianças e adolescentes internados no Hospício São Pedro em Porto Alegre/RS, entre os anos de 1884 e 1929, tomando também outras fontes primárias, tais como relatórios administrativos dos médicos-diretores desse estabelecimento e produções científicas publicadas por alienistas e psiquiatras no período em questão. Analisaram-se os diagnósticos atribuídos às crianças e adolescentes nessa época, assim como as estratégias disciplinares de normalização dos corpos anômalos e das condutas desviantes, buscando dar visibilidade às condições históricas e políticas que possibilitaram a emergência dos discursos sobre tais patologias. Discute-se a relação entre alienação, pobreza e periculosidade que sustentou práticas moralizantes, higienistas e eugênicas na passagem do século XIX ao século XX. Busca-se, assim, problematizar a patologização dos modos de ser criança e adolescente que vem proliferando na atualidade, acompanhada por terapêuticas corretivas cada vez mais recorrentes, tomando a história como ferramenta metodológica para pensar o presente.
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O presente ensaio busca mapear algumas linhas de força que trespassam as legislações brasileiras destinadas a crianças e adolescentes, debruçando-se, em particular, sobre os capítulos que legitimam o aprisionamento de jovens. Através de uma linguagem agenciada pelas artes literárias – crônica e conto – e cênicas – dramaturgia –, sobrevoa paisagens do Código de Menores de 1927, também conhecido como Código de Mello Mattos, bem como do Código de Menores de 1979 e do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. O texto organiza-se da seguinte maneira: em um primeiro momento, são apresentados três arquivos de datas distintas – 2012, 1982 e 1952 – pelos quais se busca enunciar as diferenças e semelhanças acerca do funcionamento de instituições criadas a partir de tais legislações com o intuito de “reeducar” adolescentes infratores; em um segundo momento, segue-se a apresentação de dois diferentes contextos onde, respectivamente, adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Internação procuram o “responsável” por seu aprisionamento, e um estudante de doutorado em Psicologia Social encontra pistas acerca da criação do estranho conceito de Socioeducação.
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O presente artigo tem o objetivo de problematizar a política pública de assistência social a partir de nossas experiências enquanto assistente social e psicóloga da área e também de nossas dissertações de mestrado, apresentadas ao Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os questionamentos suscitados ao longo do texto foram produzidos por meio de nossa relação com os usuários e também com os profissionais e gestores que atuam nesta política. Assim, pretendemos colocar em análise a política pública de Assistência Social e os conceitos de “vulnerabilidade social” e “risco”, relacionando-os ao que Michel Foucault definiu como biopoder. Para tanto, utilizaremos como referência autores como Foucault, Guattari, Scheinvar, Nascimento, entre outros.
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O artigo objetiva analisar os atravessamentos das tramas da história nas práticas psi. Especificamente o ensaio destaca o período da ditadura militar no Brasil e seus efeitos políticos na clínica e nas instituições da saúde mental. Pretende, à luz das categorias de cotidiano e criação de Maurice Blanchot, e das reflexões de Walter Benjamin sobre história e memória, problematizar o relato autobiográfico no qual o eu do narrador apresenta-se como o protagonista da história narrada.
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O presente artigo traz o relato de uma intervenção clínico-institucional em uma fábrica, cuja encomenda é disparada por um acidente de trabalho com consequência letal para um dos trabalhadores. O acidente, acontecimento-analisador, problematiza os modos de organização do trabalho e os processos de gestão em suas relações com o cotidiano laboral. Partilham-se ainda processos experimentados pelas psicólogas na tensão entre o trabalho de constituição coletiva de um plano de análise e cuidado, e solicitações à assunção de um mandato social que tenderia a reduzir o acontecimento ao aspecto da perda do colega e da elaboração do luto consequente. Evidencia-se a potencialidade dos analisadores, naturais e construídos. Ferramentas do campo da Análise Institucional francesa, bem como da Clínica da Atividade contribuem na produção de um campo de análise antes, durante e após a intervenção. Pelo dispositivo-grupal, envolve-se cento e sessenta e oito trabalhadores em uma aliança aos processos de análise que perspectivam novos modos de trabalhar e reconfiguram corpos, afetos em uma realidade de insegurança e risco.
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Trata-se de um relato de experiência referente a um ano e meio de trabalho em um CAPS II localizado próximo à cidade de São Paulo, SP. O autor participou do lento e atravancado processo de implementação e inauguração do serviço e assistiu aos diversos entraves em meio aos quais a empolgação e energia da equipe vertia em frustração e ressentimento. O texto representa um esforço de compreensão, problematização e repercussão da experiência vivenciada, em busca de meios através dos quais a saúde pública possa ver-se melhor implementada e representada.
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O artigo coloca em debate as práticas do UNICEF a respeito da educação infantil, no Brasil, interrogando como estas recomendam uma política compensatória, realizada pela própria comunidade, pelos jovens e pelas famílias que moram em bairros não centrais das cidades, com objetivos de coesão e assistência social. Geralmente, o UNICEF prescreve que sejam usados espaços vazios, como galpões de igrejas e de associações comunitárias, com mão de obra voluntária, pertencente ao local de funcionamento, recebendo algum subsídio privado por meio de fundações e institutos do terceiro setor. A noção de família carente, de privação cultural e afetiva, de carência alimentar e nutricional, de ausência de lazer e espaços de brincadeira, nesses bairros, bem como a baixa escolaridade dos pais e responsáveis são os motivos elencados pelo UNICEF para justificar uma política de educação infantil compensatória, no Brasil, ainda na atualidade.
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O trabalho enfoca a concepção de criança e adolescente por meio de três noções historicamente determinadas, a saber: o infans, o menor e a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. Tendo por fundamento que as concepções de infância e juventude são representações construídas historicamente no âmbito das relações entre adulto e criança na cultura social, depreende-se que tais noções são reveladoras do lugar em que crianças e adolescentes estiveram, estão ou deveriam estar. Assim, o trabalho parte do início da história do Brasil, abordando o infans por meio da criança vinda das embarcações portuguesas e das nativas, das crianças escravas e das quilombolas. Posteriormente, adentra o campo do “menor” através da criança abandonada, da trabalhadora no processo de urbanização e industrialização do país e da criança criminosa alvo de repressão. Por fim, versa sobre a modificação do paradigma pretendido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da noção de sujeitos de direitos.
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