A sua pesquisa
Resultados 1.753 recursos
-
O contexto institucional intervém nos processos de subjetivação daqueles que estão aí inscritos. É o caso da instituição prisional cuja característica de ser fechada produz efeitos nos modos de sentir, pensar, nos valores e nas convicções. Uma análise dos processos de subjetivação em curso nas penitenciárias a partir de autores como Goffman nos permite entrever, dentre outros, os processos de infantilização que incidem sobre os detentos. Invertendo o olhar, buscamos conhecer os efeitos de subjetivação que a penitenciária provoca no contexto social, ou seja, fora dos muros da instituição. Identificamos, assim, um componente de amedrontamento da população que, neste processo, é convocada a respeitar a lei. Por fim, foi possível relacionar a instituição prisional a diferentes modos de manutenção da ordem e de submissão ao status quo.
-
Tradução de DE LACLOS, F. F. Archéologie. In: BERT, J.-F. & LAMY, J. Michel Foucault: un héritage critique. Paris: CNRS, 2014, p. 89-95. Tradutor: Alessandro Francisco.
-
Este artigo analisa as práticas de resistências às mordaças, em contextos democráticos. A crise institucional das democracias mundiais e da brasileira foi acompanhada por movimentos que não cessaram de questionar o estatuto concretamente participativo e representativo das democracias atuais. Em uma perspectiva histórica, são problematizados acontecimentos analisadores efetuados pelos movimentos sociais de junho de 2013 e de alguns outros que ocorreram contemporaneamente. Pensamos as práticas realizadas após os movimentos e os protestos feitos, tais como: repressões policiais, judicialização e medicalização dos manifestantes.
-
Este artigo apresenta a análise de um discurso de 1991, enunciado pelo presidente da Associação Internacional de Psiquiatria em carta escrita aos senadores da república, no momento de discussão do substitutivo do projeto de lei 3657/89 de autoria do então deputado federal Paulo Delgado (PT/MG). Marcado pela reforma sanitária e pelo movimento de trabalhadores de saúde mental, tal projeto propunha um modelo aberto e descentralizado para a área e questionava as práticas psiquiátricas prevalentes no país. A carta apresentou-se contrária àqueles movimentos e temerosa da descaracterização da prática psiquiátrica tradicional. Refletiu assim tensões e disputas de forças, poderes e interesses do debate parlamentar sobre saúde mental. Ela precedeu a aprovação da lei 10.216/01 e sua análise oferece subsídios que permitem compreender a defasagem entre o projeto e a lei.
-
O presente artigo aposta em uma vinculação íntima entre os modos de amizade, de ética e de política. Sobremaneira, conduz-se a fim de desdobrar a importância da miríade de conceitos de amizade na fabricação de diferentes modos de existência. Acompanhando os movimentos greco-romano, cristão e moderno, se presta a apostar na abertura de espaços para a criação de conceituações específicas de amizade as quais conjuram tais tradições em uma modulação inventiva da subjetividade. Assim, a intenção do texto não é a de aprofundar-se em tal ou qual posicionamento histórico ou teórico, mas dar passagem a que as múltiplas nomeações possíveis da amizade se anunciem próximas aos modos de criação de um mundo sempre infindo e em construção.
-
O presente artigo apresenta-se como resultado de estudos sobre teoria queer, e sobre os possíveis efeitos da mesma sobre as racionalidades em curso no amplo campo da Psicologia. A partir da apresentação de um recorte breve do panorama histórico sobre as políticas identitárias e sexuais e suas consequentes transformações, propõe-se a compreensão das condições que possibilitaram a emergência dos estudos queer, o entendimento das particularidades de seu movimento, os usos do termo queer e suas implicações e, sobretudo, as repercussões destes na atualidade, bem como suas contribuições para se pensar a produção de “uma Psicologia” menos classificatória, menos patologizante, cujas perspectivas e determinações não se orientem única e exclusivamente por diagnósticos e reducionismos e se apoiem na desconstrução dos sistemas de pensamentos dualistas e heteronormativos. Propõe-se, ainda, ampliar as discussões sobre performatividade de gênero.
-
Se um Testemunho na Escuridão dos Arquivos é uma pequena cartografia que se apresenta em três ensaios. As duas partes iniciais estão publicadas pela Revista Mnemosine em seus Vol 9, n.2 e Vol 10 n.1. Nesta última etapa do trabalho enfrentamos questões como: quais as condições de possibilidade que deram emergência às Medidas Socioeducativas? Como a Socioeducação veio à tona, transformando-se em política pública destinada a tantos jovens, servindo, inclusive, como pressuposto à elaboração da Lei 12.594, de 18 de Janeiro de 2012 – SINASE? Fundamental é ressaltar que esta cartografia não possui volição prescritiva, não há aqui intenção alguma de apontar soluções ou possibilidades aos complexos problemas socioeducativos. Nossa singela contribuição ao debate se reduz a uma tentativa de cartografar a invenção de um conceito – medidas socioeducativas – amplamente utilizado na contemporaneidade.
-
O artigo aborda o conceito de vaidade como paixão da alma no livro de Matias Aires Ramos da Silva de Eça (1705-1763), Reflexões sobre a vaidade dos homens (1752), à luz da perspectiva metodológica da história dos saberes psicológicos. Da análise do texto resulta que a visão de homem de Aires é influenciada ao mesmo tempo pelo pensamento jesuítico e pelas ideias iluministas francesas. A concepção de vaidade como paixão da alma se insere na tradição filosófica aristotélica tomista e também dialoga com teorias filosóficas contemporâneas como as de Espinosa, Descartes, Hobbes. É muito interessante a discussão da relação entre vaidade e temporalidade, pois nela podem-se observar mudanças de concepção entre Aires e autores do período histórico anterior.
-
Tradução de ZOUNGRANA, E. Épistémè. In: BERT, J.-F. & LAMY, J. Michel Foucault: un héritage critique. Paris: CNRS, 2014, p. 103-112. Tradutor: Alessandro Francisco.
-
As questões que norteiam este trabalho se desdobraram das experimentações na Residência Multiprofissional de Saúde Mental, a partir da qual foi elaborada a seguinte indagação: o que queremos ao cuidar e quais efeitos este ato produz? Com intuito de problematizar esta questão, foram discutidas as noções de saúde e doença que instrumentalizam atos de cuidar, para, então, propor a noção nietzschiana de grande saúde como possibilidade de outra forma de experimentar o cuidado, enquanto produção singular de infinitas formas de ser, pensar, viver e estar no mundo.
-
O presente artigo se propõe a fazer uma breve análise dos processos que compõem e atravessam a assistência às pessoas egressas do sistema prisional em livramento condicional, em cumprimento de pena no regime aberto e/ou de penas restritivas de direito. Essa análise se faz a partir da experiência de um estágio profissional de psicologia em um Patronato, unidade da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro para assistência a essas pessoas. Propomos ampliar algumas análises referentes à temática do cuidado “pós-muros”, chamando a atenção para os processos de despotencialização da população atendida e dos trabalhadores do Patronato. Dentre esses processos incluem-se a criminalização da população pobre, o assistencialismo herdado da cultura judaico-cristã e a burocratização dos processos de trabalho, além de uma preponderância de políticas estatais que reforçam os efeitos do capitalismo neoliberal junto à população pretensamente assistida. A produção de tais processos justifica as apostas dessa escrita.
-
Este artigo é um desdobramento da pesquisa de mestrado em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo, realizada no Centro Acadêmico Livre de Psicologia (CALPSI) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) entre 2011 e 2013. Investigou-se quais os modos de organização da Entidade e o que suas práticas colocavam em cena, bem como as reverberações e efeitos do fazer e da militância estudantil. Analisaram-se três episódios que atualizam princípios, como a autogestão, a democratização e a invenção de novos modos de organização nos movimentos sociais, expressando a emergência de personagens políticos motivados por uma ética da reflexão e análise, colocando as práticas do CALPSI em questão.
-
O objetivo deste estudo é discutir a diversidade epistemológica e os critérios de cientificidade presentes nas publicações em periódicos (2009-2012) na área de Psicologia Social. Para fazer essa discussão, realizamos uma pesquisa documental que associa as publicações de professores-pesquisadores de Programas de Pós-Graduação instituídos no Rio Grande do Sul com as classificações Qualis periódicos formulada pela CAPES. Desse modo, buscamos contribuir com as discussões sobre os processos sociais que propiciam os protagonismos epistemológicos.
-
Trabalho apresentado no Seminário TECENDO VOU SENDO: TESSITURAS A PARTIR DA OBRA DE ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO. PPGPSI/PPGAVI/ 22 de junho de 2012.
-
Neste artigo visamos a pensar algumas apropriações de tecnologias de guerra e de controle social nas políticas bélicas transnacionais mobilizadas em nome da paz mundial e construímos breves provocações a respeito do posicionamento dos organismos multilaterais, em especial da Organização das Nações Unidas (ONU), frente à extensão do emprego de tecnologias remotamente tripuladas acionadas para matar em nome da defesa social. Por meio de uma história do presente, interrogamos como o biopoder, intensificado por tecnologias remotamente controladas e justificado por relatórios que pretensamente seriam anteparos à violação de Direitos Humanos, aciona os racismos difusos que orientam ataques bélicos pautados pelo combate ao terror e pela democratização mundial. Os organismos multilaterais, em tempos neoliberais, formam parte das alianças biolíticas que sustentam a intensificação dos mecanismos de segurança e políticas de dizimação.
-
Tradução de LARRAURI, M. Verité et mensonge des jeux de vérité. Rue Descartes nr. 11, novembro de 1994. Paris: Albin Michel. Tradução de Heliana de Barros Conde Rodrigues.
-
Este artigo busca analisar criticamente o fenômeno das manifestações de Junho de 2013 que ocorreram na cidade de São Paulo, iniciado com o reajuste do preço do transporte urbano. A argumentação tem início no levantamento de dados políticos e econômicos que contextualizam as manifestações, para, então, apresentar como a ação policial, sua estrutura no Estado de São Paulo e a mídia influenciaram o mesmo. O artigo propõe que os eventos devem ser lidos como intimamente relacionados ao cenário de massificação social que ocorre nos grandes centros urbanos contemporâneos, como a transformação da vida pública em uma vida de sociedade numérica, supostamente homogênea em seus interesses comuns, assim como a criação artificial de minorias. Argumenta-se que os protestos buscavam também ultrapassar as barreiras que cancelam a possibilidade de uma vida que saiba se relacionar com a alteridade urbana.
-
O artigo procura cartografar algumas das linhas de força que sustentam o funcionamento das medidas socioeducativas. Trata-se da continuação de “Se um Testemunho na Escuridão dos Arquivos”, publicado pela Revista Mnemosine vol.9, n.2. Previstas pelo artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA: Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 –, as medidas socioeducativas são aplicadas quando um ato infracional, ao qual é passível atribuir a responsabilidade de adolescente – 12 a 18 anos – torna-se comprovado. Contudo, quais seriam as condições de possibilidade que tornam esta operação possível na contemporaneidade? Quais as principais estratégias conceituais utilizadas pela socioeducação, com quais poderes fez/faz aliança, que tipo de corpo – atitudes, comportamentos, gesto, hábitos, discursos – produz, o que faz circular, o que paralisa? O artigo está divido em dois momentos: Um pouco de possível, senão sufoco, onde se conta como dois adolescentes infratores criaram para si uma linha de fuga; e O pouco de possível que nos sufoca, quando dois amigos, numa conversa de bar, debatem a importância do pensamento de Antônio Carlos Gomes da Costa para a socioeducação brasileira. Este ensaio prepara caminho para última etapa da pesquisa, onde se pretende mapear a invenção das medidas socioeducativas.
Explorar
Autor
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (827)
- Livro (197)
- Seção de livro (446)
- Tese (283)