A sua pesquisa
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Como o ser humano adquire conhecimento? Como se dá em sala de aula o processo de ensino-aprendizagem? Estas são preocupações prementes que atravessam o cotidiano da escola e que foram teorizadas por diferentes intelectuais. O presente artigo objetiva discutir o processo ensino-aprendizagem na perspectiva piagetiana. Para isso, aporta teoricamente no próprio Piaget (1959, 1970, 1990, 2002) e em autores que refletem e discutem a aprendizagem e o desenvolvimento a partir de sua perspectiva, tais como Colinvaux (2000), Mantovani Assis (1993), Mesquida (2001) e Wadsworth (1996). Concluiu-se que para a perspectiva piagetiana aprender é construir ou reconstruir conhecimento e não copiá-lo do real e isso se dá através dos esquemas de assimilação de um sujeito e da coordenação dos mesmos em estruturas de conhecimento.
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Esse artigo tem como objetivo identificar alguns conceitos de Walter Benjamin que amparam uma reflexão acerca da construção de uma metodologia que admite a ideia do fragmento como estratégia epistemológica para aceder ao conhecimento. Dispor em artigos a concretização de um trabalho de pesquisa compreende desafios que as contribuições metodológicas de Benjamin nos auxiliam a superar. A partir do conceito de coleção, mas também de desvio, fragmento, alegoria, constelação, encontramos na obra do autor a concepção de um método que tem compromisso com as questões da pesquisa e que, por essa razão, deve estar atrelado às intenções do pesquisador. Uma metodologia que é, portanto, construída em simultaneidade com a pesquisa. Com base nas ideias de Benjamin, o que se pretende aqui é propor argumentos sólidos que amparem a ideia de uma escrita que obedece aos desvios do pensamento provocados pelo contexto da própria investigação.
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A ideia de “máquina universal” foi proposta por Alan Turing em 1936, máquina capaz de computar e executar qualquer máquina computável, vindo a ser tomada como um dos modelos abstratos do computador. Propomos pensar como se dá a constituição da subjetividade em um mundo cada vez mais habitado e mediado por máquinas universais. Abordaremos a noção de daemon, tanto em seu sentido computacional, como programa que é executado sem a intervenção do usuário, quanto em seu sentido grego original, fazendo a sua breve história, para pensar como a máquina universal se compõe com uma cognição estendida ou distribuída, e os problemas políticos e éticos que dai advêm através da problematização da noção de comunicação, nos levando a pensar uma subjetividade descentrada e atravessada por daemons.
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Este artigo visa analisar as práticas produzidas sob o signo “comunidade” numa escola da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica localizada no interior do Espírito Santo. Partindo da perspectiva genealógica tecida por Foucault e da escuta de narrativas, tal como nos apresenta Benjamin, apresentamos três eixos de análise: a questão geográfica da comunidade; a comunidade pensada sob a lógica do indivíduo e a comunidade como interferência e vida partilhada. Os dados indicam que algumas práticas comunitárias podem reiterar a materialização de forças hegemônicas, tendendo a segmentar, individualizar, definir, localizar e cercear conexões singulares. Mas evidencia-se também um outro fazer-comunidade que trabalha para além de si e de suas fronteiras, que acolhe e cuida da vida-Outra.
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Este artigo analisa o uso da canção popular brasileira como dispositivo de intervenção no campo da Clínica ético-política e da História Oral. Trabalhamos com grupos de jovens entre 10 a 14 anos em oficinas de composição musical realizadas em duas favelas: a favela da Mangueira e a favela do Morro dos Macacos, situadas na cidade do Rio de Janeiro. Procuramos analisar a canção como uma fonte vigorosa para uma história do tempo presente, podendo evidenciar a reserva/fonte de memória de um grupo em uma época, servindo de resistência ao produzir questionamentos dos modelos hegemônicos com a invenção de mundos diferentes.
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Esse artigo parte do pressuposto de que para se tornar arqueiro é necessário, antes de mais nada, que aquele que lança a flecha desapareça e se confunda com seu próprio instrumento, pois somente quando a força se confunde com a materialidade do pensamento a flecha se apresenta em estado puro e assim é capaz de atingir os outros porque foi produzida na osmose entre escrita e vida. Em Nietzsche, esse aspecto está presente em todas as suas obras, sobretudo nos prefácios que escrevia a cada uma delas, podendo também ser visto em seu escrito autobiográfico Ecce Homo e através de conceitos como grande saúde, moral nobre e escrava, dentre outros. A flecha do pensamento, transformada em pura força, nos aproxima igualmente dos caminhos trilhados por Foucault. Afinal, este construiu, junto de seus escritos, uma arte de viver, mas somente tematizou essa flecha da "vida como obra de arte", isto é, como plano de trabalho denominado genealogia da ética, nos cursos em que o foco de interesse passou para as "técnicas de si". Nesse momento, experimentação e experimento se tornam um mesmo ato, se tornam o alvo da flecha, se tornam o que aqui chamaremos de tiro espiritualizado do pensamento.
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A memória autobiográfica pode ser definida de forma geral como um tipo de memória para eventos relativos à vida do próprio sujeito que a recorda. Alguns autores também associam a este tipo de memória a capacidade de viajar no tempo, que permite revivenciar a experiência original. No entanto, as especificidades sobre o seu conceito e processo de desenvolvimento variam de acordo com a abordagem teórica, a cultura e o período histórico vigente. Portanto, estudar historicamente este construto configura-se como ferramenta importante para compreendê-lo. Tais investigações emergem após a década de 60 quando os pesquisadores passaram a se preocupar com diferenças no desenvolvimento do sistema mnemônico, mas só se tornaram frequentes após a década de 80, sob a influência de linhas de pesquisa com abordagem histórico-cultural. Em seguida, o tema passa a ser investigado por diferentes abordagens, que postulam suas próprias características para a memória autobiográfica, chegando aos dias atuais, quando os pesquisadores podem contar com o suporte de tecnologias mais avançadas.
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Desenvolvemos este estudo com o objetivo de pensar a produção de subjetividade na infância em meio às relações de consumo contemporâneas. Adotamos a obra de Michel Foucault como referencial teórico e o cinema como campo analítico. Para as análises, apresentamos duas obras: Pequena Miss Sunshine (2006) e Ninguém Pode Saber (2004). Nestes filmes observamos a presença de um regime de verdade contemporâneo relacionado à lógica neoliberal, que estabelece um modo de governo em relação ao corpo-população infância. Em diálogo com as produções fílmicas, analisamos como os personagens se reconhecem como sujeitos diante deste regime de saber-poder. Podemos perceber que os personagens instauram narrativas que enunciam os efeitos de endividamento infantil, adoecimento e normatização, em coexistência com movimentos de resistência, o que nos leva a afirmar a potência dos paradoxos que engendram a produção de sentidos de uma infância que não cessa de compor novos modos de existência.
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O presente artigo se ocupa de trazer para discussão a construção de masculinidades de corpos-homens-loucos, egressos de longos períodos de internação e moradia em hospital psiquiátrico e que vêm habitar o espaço da cidade, em Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), sendo cuidados por mulheres. Buscamos não separar processo e sujeitos nele inseridos, e dedicamos comentários tanto ao tema do cuidado institucional quanto às trajetórias de homens e mulheres nesse processo de desinstitucionalização. Apostamos nas novas configurações dos serviços residenciais, plenas de interpelações que oxigenam a vida, mas que exigem de todos os envolvidos a humildade de um realocar-se, no que entram também em xeque os tradicionais desempenhos de gênero.
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O presente artigo consiste em uma crítica à historiografia tradicional sobre a tortura a partir da perspectiva genealógica de Michel Foucault. Baseados neste autor, consideramos que para traçar a história das práticas de tortura é preciso traçar a história política das transformações dos métodos punitivos em correlação com uma tecnologia política do corpo. Por esse caminho, entendemos que a emergência da tortura está sempre vinculada às relações de poder/modos de governo (de si e dos outros), que se apresentam de diferentes formas ao longo da história. Para alcançar essas diferenças efetuamos um mapeamento das descontinuidades em torno da prática da tortura no período que vai do século XII ao XXI. O campo de problematização engendrado por esse olhar genealógico facultou pensar a tortura de três modos principais e nem sempre mutuamente exclusivos: a tortura legitimada pelo poder real; a tortura supostamente abolida e efetivamente redistribuída nas sociedades disciplinares; a tortura utilizada como tecnologia biopolítica de governo das condutas - dos regimes ditatoriais aos democráticos -, em que fazer viver e deixar morrer são duas faces de uma mesma moeda.
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Este trabalho procura contextualizar, a partir de uma revisão de literatura, a formação psi em nosso momento histórico, buscando um (re)posicionamento frente a um processo de formação que parece, por vezes, estar iluminado por discursos e práticas ainda atrelados a um tipo de especialismo advindo da filiação dos saberes “psi” às formações disciplinares. Ao longo do enredo, procura apresentar o modo como a Psicologia parece ainda, em alguns aspectos, formar profissionais como meros reprodutores de conceitos e técnicas destituídos de uma reflexão ética, de uma contextualização histórica e de uma atenção aos processos de singularização e subjetivação. Este estudo pretende, assim, contribuir para a busca de uma reflexão sobre a formação do psicólogo que, na atualidade, precisa estar comprometida socialmente com os sujeitos em seus modos singulares de ser, de pensar e de existir.
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O objetivo deste trabalho é examinar as tecnologias de si produzidas por práticas psi, mais especificamente pela introspecção experimental e seus modos de treinamento nos laboratórios do final do século XIX. Para tal objetivo, tomaremos como base o conceito de tecnologias de si desenvolvido por Michel Foucault nos últimos anos de sua vida, na década de 1980. Estas tecnologias são analisáveis em categorias tais como substância, akesis (ou exercícios), práticas de si e telelología, assim como demandam a distinção entre filosofia e espiritualidade. Estas ferramentas conceituais serão utilizadas a fim de detectar técnicas de si nas práticas de laboratório do final do século XIX, especialmente em autores como Helmholtz, Wundt e Titchener. Rumo à conclusão, utilizaremos a Epistemologia Política de Vinciane Despret, para quem essas obras não só apontam para técnicas de si especiais, como servem para problematizar nossos modos de pesquisa atuais.
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Neste artigo colocamos em análise o que denominamos um modo de gestão manicomial da vida. Procedimentos psicológicos e psiquiátricos alongados no social, que vêm operando um pesado e minucioso maquinismo conectando a mídia, o ensino, o lazer, o corpo humano, a indústria da saúde, o Estado. Tidos como naturais e evidentes, tais maquinismos se expandem cada vez mais através de novas instituições e na vida mais comum. O que temos feito com a diferença, o que temos feito com aqueles comportamentos que não se enquadram em contornos normalizantes? Trata-se aqui de abrir alguns destes maquinismos, tidos como tão naturais e evidentes que se expandem cada vez mais em novas instituições e na vida mais comum, problematizando a produção proliferante de seleções, triagens, especialismos e instituições de cuidados.
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Este artigo tem como objetivo conhecer as concepções desenvolvidas sobre o poder na obra do filósofo Gilles Deleuze, para discutir suas perspectivas, com quais enunciados opera e se cria um modelo sobre o poder. Realizamos uma revisão bibliográfica em toda a sua obra, que denominamos cartografia bibliográfica. Constatamos que, para Deleuze, há uma “trindade do poder” em Nietzsche, Espinosa e Foucault. Nietzsche traz um modelo dinâmico entre forças ativas e reativas. Espinosa fornece a discussão da potência articulada aos afetos. Foucault traz uma concepção original sobre o poder como prática, relação e estratégia, e propõe um terceiro vetor, chamado de poder de resistir. Concluímos que é possível extrair um dualismo sobre o poder na obra de Deleuze, numa divisão entre poder e potência.
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Pesquisas empíricas que abordam os videogames utilizam-se, em maior parte, de questionários que estabelecem uma relação direta entre as respostas fornecidas e as condutas gerais do pesquisado. Acreditamos que este tipo de metodologia apresenta um déficit importante no que se refere ao acompanhamento da operatividade dos jogos, por causa de sua especificidade interativa. Neste artigo, propomos que a pesquisa-intervenção com a realização de encontros no formato de oficinas constitui uma metodologia interessante para estudar videogames por permitir observar aspectos processuais. A partir de uma pesquisa que buscou estudar a aprendizagem de sistemas complexos envolvendo os videogames, procuramos acompanhar duas formas de coordenações de ações processuais necessárias à manipulação da tecnologia que ocorriam durante a experiência de jogo e que traduzimos aqui como aprendizagens envolvendo a noção de corpo.
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De acordo com Nietzsche, a música seria um caminho privilegiado para a unificação dos impulsos dionisíacos e apolíneos, pois habita a troca incessante das aparências. Ela nasceu do coro ditirâmbico dionisíaco, tal é a faculdade de unificar os contrários mantendo seus paradoxos. Sendo assim, o presente artigo discute a possibilidade de a música ser um dispositivo a inaugurar novos espaços que harmonizem as relações entre o dentro e o fora, o eu e o mundo, produzindo devires que escapam às capturas dominantes.
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A saudade é um sentimento complexo e de grande interesse para a Psicologia, já que delineia modelos de subjetividade muito particulares. A saudadeimplica um modo de experimentar a vida associado a uma série de padrões de conduta, de maneiras de perceber a realidade e de interpretar os acontecimentos vitais que pode ser analisado a partir de perspectivas muito diversas. Este trabalho parte de uma análise da poesia luso-brasileira comprendida entre 1825 e 1925, com o objetivo de delimitar una redefinição da saudade entendida como categoria psicológica. Para tanto, se abordará a saudadea partir de diversos enfoques.Uma aproximação etimológica, outra de caráter fenomenológico e uma visada histórico-cultural serão alguns dos sulcos abertos através da exploração histórica do próprio conceito de saudade. Deste modo, delineia-se uma observação do sentimento saudosoa partir de uma dimensão ontogenética e filogenética do fenômeno em questão, aprofundando-se nas causas, na origen e nos mecanismos que põem em funcionamento o sentimento saudoso. Paralelamente, serão expostos os traços idiossincráticos e particulares da saudadeem contraste com outros sentimentos afins. Com este estudo pretende-se desmentir algumas teorias que, a partir da Psicologia, sublinham a universalidade, o inatismo ou o determinismo dos sentimentos humanos e, ao mesmo tempo, alcança-se uma explicação da saudade de tipo integrador e coerente con as linhas clássicas da Estética Psicológica de fins do século XIX e começos do XX. O trabalho compõe, além disso, uma forma alternativa de refletir sobre a natureza epistemológica da investigação sobre a História de nossa disciplina.
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