A sua pesquisa
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O presente trabalho é um estudo teórico que tem por objetivo traçar um panorama sobre o campo de pesquisas sobre resiliência para situar as contribuições atuais daquelas realizadas a partir das Abordagens baseadas em Trajetórias. São retomadas quatro fases das pesquisas e discutidos conceitos relevantes associados, como adversidades e risco; fatores de resiliência; coping; critérios de avaliação, como competência ou ausência de psicopatologia; e trajetórias de enfrentamento. Apresenta considerações sobre as diferenças entre os estudos que focalizam os enfrentamentos de condições estressantes crônicas e aqueles que estudam os enfrentamentos de adversidades pontuais agudas, discutindo as implicações dessas diferenças para os estudos sobre resiliência. Por fim, são discutidas as contribuições que as chamadas Abordagens baseadas em Trajetórias oferecem, com a explanação acerca das várias possibilidades de trajetórias percorridas pelos sujeitos antes e após o enfrentamento de adversidades.
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Neste estudo, objetivou-se analisar as representações sociais da história da América Latina para latino-americanos. Os dados foram coletados por meio de questionário online, contendo questões de evocação livre sobre acontecimentos e personalidades importantes na história latino-americana. Participaram do estudo 213 estudantes brasileiros, chilenos e mexicanos, com idades entre 18 e 35 anos. Seguindo orientação teórico-metodológica da análise estrutural da Teoria das Representações Sociais, os dados foram processados com o Programa EVOC. Os resultados indicaram que, para os participantes, os eventos mais centrais à memória social da América Latina são a colonização e as independências, enquanto as principais personalidades mencionadas foram Cristóvão Colombo e Simón Bolívar, em consonância com a dinâmica nuclear conquista/descobrimento, colonização e independências. Discute-se a articulação entre memória, identidade e representações sociais para a compreensão da forma como os grupos lidam com o seu passado, a partir do presente.
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Esse estudo pretende pensar na psicanálise enquanto uma prática clínica essencialmente compatível com certas características dos fenômenos místicos, o que lhe permite abordá-los clinicamente. Iniciamos o texto apresentando nossa compreensão de mística como um fenômeno de alteridade ontológica, ao contrário de uma produção subjetiva do ser humano. A partir disso, abordamos três características da psicanálise que a tornam relevantes para uma clínica dos fenômenos místicos: seu método apofático, sua prática de desconstrução identitária do “eu” e sua inscrição antropológica entre o universal e o particular. Finalizamos o estudo, dessa maneira, pensando na possível função clínica da psicanálise ao abordar a mística, a partir da ideia de adoecimentos espirituais.
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Este artigo apresenta o relato de uma pesquisa em psicologia que buscou identificar nas mediações presentes na história de um sujeito, da infância à adolescência, características do seu processo de formação como leitor. O estudo consistiu na entrevista de uma adolescente utilizando, como procedimentos metodológicos, a História Oral associada à interpretação por Núcleos de Significação, compondo, assim, um campo de análise entre a história da entrevistada em contraponto e complemento às produções científicas que discorrem sobre a leitura e sobre seus modos de subjetivação, segundo a teoria Histórico-Cultural. Os resultados evidenciaram que a categoria atividade foi capaz de explicar a mediação interposta entre a linguagem escrita, representativa do patrimônio humano-genérico, e sua consolidação na formação humana singular de um sujeito leitor. O estudo reitera a função da educação escolar, notadamente nos espaços da educação infantil e do ensino fundamental, na configuração desses processos mediadores.
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Os testes de inteligência desenvolvidos no início do XX tiveram papel decisivo no processo de reorganização da educação escolar brasileira. Em Belo Horizonte, à Escola de Aperfeiçoamento de Professores cabia a função de capacitar os professores para práticas modernas e científicas. O objetivo da presente pesquisa foi analisar os conceitos de inteligências que circularam em Minas Gerais nas décadas de 1920 e 1930, sob a influência do ensino dos testes aos alunos da Escola de Aperfeiçoamento. Como metodologia, partimos do conceito de recepção/circulação, que se refere ao processo de apropriação dos instrumentos, ideias e conceitos produzidos em outros locais. Como resultado, pudemos demonstrar que a utilização prática dos testes teve supremacia sobre o debate teórico sobre a noção de inteligência. Concluímos que a experiência da Escola de Aperfeiçoamento deu ênfase à utilização pragmática dos testes, em detrimento da discussão teórica sobre a inteligência.
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Editorial 36
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Neste artigo, evidenciamos e discutimos fundamentos de uma concepção estrutural-fenomenológica da percepção a partir de Merleau-Ponty. Focalizamos extratos de investigações do filósofo acerca da organização perceptiva, mais especificamente, sobre a relação entre a propriedade objetivante da percepção e a sua articulação com o fundo perceptivo. Nossa argumentação centra-se em três pontos principais: a relação entre a propriedade presentativa da percepção e o campo da sua manifestação a partir de pressupostos fenomenológicos e gestaltistas; a atestação, mediante o exame da crítica à hipótese de constância, da operância silenciosa do fundo perceptivo; e a exploração dos fatores funcionais envolvidos na organização perceptiva.
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Neste texto tomamos alguns fatos da politização brasileira dos últimos anos como sintomas analisadores para pensarmos os efeitos que retroagem sobre seus contextos de produção e aparecimento, forçando-nos a pensar sobre suas causas e suas consequências. Diante desse cenário, avançaremos nossa análise para pensar não apenas a produção subjetiva atual, mas principalmente para entender o porquê dessa divisão política na contemporaneidade, que chamamos aqui de esquizofrenização. Primeiramente vamos analisar a dualidade do conceito de povo em Agamben, para, em seguida, pensarmos a polaridade da subjetivação, sempre social e histórica, em Deleuze e Guattari, e por fim nos perguntaremos como a Psicologia como ciência e profissão tem sofrido e agido diante dessa transformação política e subjetiva contemporânea, esboçando uma resposta possível para a seguinte questão: a psicologia tem algo a dizer diante dessa divisão subjetiva do povo brasileiro?
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Este artigo apresenta narrativas de um trabalho realizado durante a formação em psicologia em duas Residências Terapêuticas no município de Cariacica, ES. As Residências Terapêuticas são um dispositivo da Reforma Psiquiátrica propostas com o objetivo de contribuir para o processo de desinstitucionalização da loucura. Discutem-se neste artigo as vicissitudes cotidianas enfrentadas no trabalho realizado, narram-se algumas experiências a partir das quais acompanhamos processos de produção de autonomia em gestação e apresentam-se alguns conceitos operativos da Análise Institucional que funcionam como ferramentas para orientar as análises dos acontecimentos que perpassam o cotidiano. A direção do trabalho é a de habitar a tênue linha do cuidado que não resvala em tutela e cerceamento dos processos de autonomia. Conclui-se que a saída dos usuários de saúde mental dos hospitais psiquiátricos para as Residências Terapêuticas não garante a produção de práticas de liberdade e cuidado, exigindo-se que haja constantes enfrentamentos das instituições produtoras de exclusão ainda incrustadas nas subjetividades contemporâneas.
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Neste artigo propomos uma aproximação entre a luta antimanicomial e o movimento antiproibicionista no Brasil, a partir de uma leitura contracultural. Para isso, vamos estabelecer relações entre o pensamento de Deleuze e Guattari presente no livro O Anti-Édipo, influenciado pela experiência de maio de 68 na França, e as práticas estéticas e políticas do movimento da Tropicália e do cinema marginal. Destacamos os filmes “Meteorango Kid, o herói intergaláctico” (1969) e “Louco por Cinema” (1994) de André Luiz Oliveira, que apresentam algumas questões sobre o cuidado e a violência. Essa aproximação nos permite abrir novas possibilidades para as experimentações clínico-políticas que articulem as dimensões críticas, estéticas e existenciais presentes nessas lutas sociais.
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Para pensar a relação entre clínica e política na psicologia brasileira, consideramos importante retomar alguns aspectos da história da psicanálise e de sua chegada no Brasil. Reconhecendo as oscilações clínico-políticas que ocorreram ao longo desse processo histórico, ora produzindo ácidas problematizações, ora recrudescendo em sólidos conservadorismos, recortamos quatro momentos dessa história. Partindo dos textos de Freud sobre a situação social e política de seu tempo, bem como de sua condição de exilado político no final da vida, passando por Lacan que se autodenominou excomungado após sua expulsão da IPA e fundou uma nova experiência político-institucional em sua escola, sem deixar de mencionar Deleuze e Guattari em suas contundentes críticas à psicanálise, chegaremos ao Brasil e veremos que, através de grupos heterogêneos, a psicanálise se mostra eminentemente política – seja através do caráter conservador sustentado por determinados grupos, seja através de seu caráter problematizador sustentado por outros grupos.
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O presente artigo promove uma reflexão acerca da tríplice estrutura de dominação, o capitalismo patriarcal colonial, que sustenta a opressão, as desigualdades, a violência, a subalternização, a marginalização, a exploração, a vulnerabilidade e a exclusão social, e que coloca em um extremo o homem branco rico e no outro a mulher negra pobre. A mulher negra é alocada como sendo o outro do outro nos campos político, econômico, cultural e social, em virtude de ser o outro do homem e o outro do branco, uma antítese da masculinidade e da branquitude, estando, portanto, hierarquicamente na posição mais vulnerável na supremacia patriarcal e colonial do capitalismo. Para a superação dessa realidade, é necessária a transformação da lógica capitalista, que só é possível através de um processo de retirada de máscaras brancas das peles negras, rompendo-se o silêncio, fazendo-se usos da raiva, para, enfim, viver de um amor ético, estético e político.
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A partir da relação entre os movimentos da Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica brasileiras propomos uma relação entre clínica e política. Dessa relação fazemos o resgate histórico da aproximação entre os movimentos, apontando para o necessário enfrentamento aos modelos medicocêntrico e hospitalocêntrico, proposto pelas Reformas e que se faz presente hoje enquanto força pelo modo como o sistema de saúde se organiza. Pensar o problema da gestão em saúde pública se coloca como uma via de enfrentamento possível para a garantia de direitos quando, através dele, podemos problematizar modos de privatizar serviços públicos. Trazemos, por fim, a privatização não como bloco, mas como linhas que atravessam modos de cuidar/gerir.
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O autocuidado em matéria de saúde faz parte de uma conduta racional da gestão de si, legitimada por um ideal de bem-viver, que pressupõe a autodisciplina corporal e emocional para maximização da vitalidade ou do capital humano. Se partimos do que foi possível observar em todas as aulas do curso de capacitação em Lian Gong entre servidores públicos municipais será possível nos restringir a uma avaliação da dimensão subjetiva do cuidado do tipo reducionista-biomédica-mecânica. Como se todas as “peças” da engrenagem do corpo pudessem ser modificadas, retificadas, substituídas em caso de defeito, trocadas por outras com melhor desempenho. Cartografias do esgotamento no trabalho em saúde mostraram uma metafísica da carne que nos convida a desenvolver novas perspectivas neste campo. O plano experiencial tensiona os canais operacionais que não transmutam as formas e, por conseguinte, nos faz enfraquecer o niilismo gestual a fim de afirmar o presente e sua finitude.
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Este trabalho retoma experiências dos autores em um núcleo de apoio a empreendimentos de economia solidária, para então pensar os processos autogestionários no interior deste e nos empreendimentos assessorados por ele. Também passamos pela temática das relações estabelecidas da extensão com o ensino e a pesquisa. Realizamos a discussão a partir da teoria da enação, especialmente do conceito de produção de sentido participativa, que faz parte dos desdobramentos recentes da abordagem enativa que se debruçam sobre a cognição social. Discutimos tanto memórias relacionadas aos processos de incubação quanto a tentativa de autogestionar o TECSOL, de modo que propomos, nesta intersecção, a autogestão como modo de fazer extensão e de produzir sentidos participativamente na universidade e junto à comunidade.
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O presente trabalho busca apresentar algumas linhas constitutivas da atuação do psicólogo no hospital geral e seu compromisso ético-político no acompanhamento de pacientes terminais. Partindo do entendimento de Michel Foucault acerca do hospital como dispositivo disciplinar e de seu processo de transformação em instituição médica, busca-se problematizar as práticas de cuidado possíveis em experiências-limite. Tais experiências são entendidas a partir da noção do “fora”, introduzida por Maurice Blanchot e retomada posteriormente por Foucault e Gilles Deleuze. Neste registro da experiência, a linguagem falada já não é mais soberana no cenário clínico, exigindo um reposicionamento daquele que acompanha. Através da noção deleuziana de impessoal, busca-se apresentar ferramentas teóricas para a problematização da clínica da terminalidade.
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O presente artigo propõe uma clínica política enquanto abordagem ética que articula o cuidado através da arte, da clínica e da política, com o reposicionamento psicossocial e a criação de vida. Partindo da noção de política de Rancière enquanto partilha do sensível, tece uma crítica da neutralidade disciplinar e normalizadora da psicologia, que aparta o sujeito do campo coletivo de forças políticas, para articular a clínica política à atenção psicossocial enquanto atitude experimental voltada para os verbos que produzem vida ao invés dos predicados que a naturalizam em estados de coisas. Com isso, atrela os processos de subjetivação à ação política de modificação da partilha do sensível, na medida em que redistribui as partes que definem as posições na sociedade e o próprio jogo político-social.
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Atravessando a história da regulamentação da Psicologia no Brasil e da abertura dos seus primeiros cursos, acompanhamos a busca dos psicólogos por formação complementar nas décadas de 70 e 80. Encontramos a intensa difusão da psicanálise nos centros urbanos do Rio de Janeiro na década de 70, apontando que os psicólogos recém-formados, que demandavam uma formação clínica complementar, se deparavam com barreiras de controle por parte do campo psiquiátrico, que repelia os não-médicos dessa formação. Abordamos a nova abertura aos psicólogos, proporcionada pela chegada dos argentinos no país, que traziam na bagagem a militância da inseparabilidade entre clínica e política. Articulamos que as interferências esquizo, de forma geral, se referem às interferências que quebram ou cindem as linhas hegemônicas de continuidade de um psicólogo que não pensa sua realidade e, especificamente, se referem às interferências grupalistas, socioanalíticas e esquizoanalíticas na formação clínica desses psicólogos nas décadas de 70 e 80.
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