A sua pesquisa
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O X Colóquio Internacional Michel Foucault, realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre 24 e 27 de outubro de 2016, teve como proposta de reflexão as revoltas, as resistências e as insurreições na filosofia desse pensador. Procur ou discutir a dimensão da liberdade, da desobediência e das lutas em suas reflexões, na contramão das leituras simplificadoras, para não dizer ressentidas, que se satisfazem em enquadrar sua filosofia como antiemancipacionista, isto é, como incapaz d e fornecer saídas, a despeito das brilhantes análises sobre o exercício do poder na vida cotidiana. Assim, este livro, organizado a partir de um conjunto de textos especialmente escritos para o evento e devidamente revistos por seus respectivos autor es, nos apresenta um amplo panorama do pensamento de Michel Foucault e derivações dele para pensar nossas questões contemporâneas. “Ninguém tem o direito de dizer: ‘Revoltem-se por mim, trata-se da libertação final de todo homem.’ Mas não concordo co m aquele que dissesse: ‘Inútil se insurgir, sempre será a mesma coisa’. Não se impõe a lei a quem arrisca sua vida diante de um poder. Há ou não motivo para se revoltar? Deixemos aberta a questão. Insurge-se, é um fato; é por isso que a subjetividade (não a dos grandes homens, mas a de qualquer um) se introduz na história e lhe dá seu alento.
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Em 1972, Georges Lapassade esteve no Brasil em missão cultural. Dois anos depois, publicou Os cavalos do diabo: uma deriva transversalista. Viagem e viajante são vistos neste artigo como, simultaneamente, analisadores e analista do Brasil de então. O regime militar e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram as instituições focalizadas. Além do livro de Lapassade, outras fontes foram utilizadas: o arquivo da Assessoria Especial de Segurança e Informação da UFMG; informações recolhidas pela Arquidiocese de São Paulo, pela Comissão de mortos e desaparecidos políticos e Instituto de Estudos sobre a Violência do Estado; escritos recentes de historiadores brasileiros; documentos do Setor de Psicologia Social da UFMG. Buscaram-se “coincidências analisadoras”, ou seja, mo-mentos de cruzamento entre o relato de Lapassade e outros registros históricos. Chegou-se à informação inédita de que, um ano após a missão, o missionário foi objeto de investigação pela Divisão de Segurança e In-formação do MEC.
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O entendimento atual do papel desempenhado pela psicologia do filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) na história da psicologia é problemático, e isto em razão da persistência de algumas questões gerais a seu respeito tanto na historiografia da psicologia quanto na Wolff scholarship. Estas questões são: 1- Qual é a relação entre os escritos psicológicos alemães e latinos de Wolff? 2- Em que consiste a separação wolffiana entre psicologia empírica e racional? 3- Wolff adota uma perspectiva monista ou dualista em sua psicologia? Visando ao avanço do conhecimento a respeito da psicologia de Wolff, e de seu papel na história da psicologia, o presente estudo busca responder a estas questões, lançando mão de três hipóteses: (1) os escritos psicológicos de Wolff constituem uma unidade; (2) o sistema psicológico de Wolff constitui uma unidade; (3) monismo e dualismo constituem uma unidade na psicologia de Wolff. Após a explicação detalhada na Introdução do problema e dos procedimentos do estudo, nos Capítulos 1 e 2 é desenvolvida uma análise histórico-filosófica dos principais escritos psicológicos alemães e latinos de Wolff. Contrastando os dados desta análise com diversas teses da literatura secundária, no Capítulo 3 é realizada a avaliação das hipóteses. Na Conclusão, são retomadas as questões iniciais do estudo, e estimado o seu valor para a historiografia da psicologia e para a Wolff scholarship.
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Desenvolvido entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX, o projeto de psicologia de Titchener é ainda hoje mal interpretado. Apesar de suas contribuições ao desenvolvimento da psicologia experimental nos EUA, suas ideias foram gradativamente abandonadas após sua morte e seu sistema tornou-se vítima de interpretações parciais, que ignoram aspectos importantes de sua trajetória intelectual. Duas questões centrais sobressaem neste cenário: a relação entre as concepções de Titchener e o empiriocriticismo, e as mudanças em seu projeto psicológico. Partindo da hipótese de que a psicologia de Titchener refletiu as transformações em sua perspectiva filosófica, o presente estudo procurou oferecer, com base em fontes primárias inéditas, uma interpretação abrangente do percurso intelectual do autor, elucidando aspectos até aqui não esclarecidos e que permanecem mal compreendidos na literatura secundária. Para tanto, o trabalho foi dividido em 4 capítulos. Após apresentação do problema e dos procedimentos adotados na pesquisa, que ocupam a introdução, o capítulo 1 trata do contexto formativo de Titchener em Oxford e em Leipzig, com especial atenção para o cenário institucional e intelectual britânico, que exerceu significativa influência sobre o autor. O capítulo 2 apresenta as características da concepção inicial de psicologia de Titchener, identificando a influência de suas convicções originais sobre questões centrais de sua proposta. O capítulo 3 discute a consolidação de seu projeto de psicologia, apresentando o reposicionamento de Titchener em relação à filosofia e seus novos pressupostos. O capítulo 4 trata do desenvolvimento tardio de sua obra e das reinterpretações apresentadas pelo autor em seu projeto. Na conclusão, é retomada a trajetória do projeto de psicologia de Titchener face às questões centrais do estudo e algumas considerações gerais sobre a natureza do seu trabalho são apresentadas.
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A concepção de psicologia de William James (1842-1910) ainda não foi tratada adequadamente tanto no contexto da historiografia da psicologia de uma maneira geral quanto na literatura especializada no autor. Tendo isso em mente, nosso objetivo no presente trabalho é esclarecer esse assunto, em particular no que diz respeito a uma aparente incongruência entre duas atitudes do autor, a primeira delas positivista, baseada no cerebralismo e que considerou temas psicológicos clássicos; e a segunda mais inclusiva, que defendia a adição de novos fenômenos na alçada da psicologia e aceitando implicações metafísicas dos fenômenos excepcionais. Argumentamos que essas duas atitudes fazem parte do desenvolvimento da psicologia jamesiana e refletem seus esforços tanto para consolidar essa nova ciência quanto para expandir seu escopo.
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Na historiografia da psicologia, o impacto da obra de J. B. Watson é um tema que tem gerado discussões e pesquisas, algumas das quais utilizam como método a análise bibliométrica. Estes estudos, no entanto, não adotam parâmetros comparativos que possam indicar de forma mais precisa o grau de impacto da obra do autor. A presente pesquisa busca preencher esta lacuna, por meio de dois estudos bibliométricos comparativos entre citações das obras de Watson e de outros relevantes psicólogos do início do século XX: Edward B. Titchener, Edward L. Thorndike, William James, James R. Angell, Harvey A. Carr e John Dewey. O primeiro estudo consiste em uma análise bibliométrica comparativa entre as citações de Watson, Titchener, Thorndike e James em cinco importantes periódicos norte-americanos da área, entre os anos 1903 e 1923 – uma década antes e uma década após a publicação do Manifesto Behaviorista (1913). O segundo estudo é uma ampliação do primeiro, acrescentando ao escopo da pesquisa três autores – Angell, Carr e Dewey – e outros três relevantes periódicos do período. Os resultados da pesquisa indicam que, embora não possa ser tomada propriamente como marco revolucionário, a obra de Watson teve na década posterior à publicação do Manifesto Behaviorista (1914-1923) um impacto próximo ao de Dewey, do estruturalismo de Titchener e do associacionismo de Thorndike, maior do que o exercido pelo funcionalismo de Angell e Carr, mas ainda distante do alcance das ideias de James.
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Os trabalhos de William James (1842-1910) impactaram muito do que foi produzido e discutido em psicologia posteriormente a ele. Seu livro mais famoso, The Principles of Psychology (1890/1981), marca o fim da psicologia feita em escritório e o alvorecer da psicologia experimental, além de ser um grande compêndio de diversos temas caros à psicologia e uma fotografia bastante acurada do tempo em que foi produzido. Porém, apesar da cristalização desse projeto psicológico ocorrer na década de 1880, autores tendem a ignorála e se dedicam apenas a textos posteriores. Desse modo, objetivou-se investigar o conceito de “consciência” na obra inicial de James, compreendendo como esse conceito aparece nos seus trabalhos iniciais (1865-1890), bem como investigar o conceito de consciência no Principles e sua coerência ao longo dessa obra. Ainda que não tenha sido expressamente definida, toda a vida psíquica parece estar organizada em função das características da consciência apresentadas no Fluxo do Pensamento. Ela tem a função de organizar o cérebro naturalmente caótico e sua existência é justificada pela teoria da evolução. Já a noção de Self parece estar atrelada à pessoalidade da consciência. Assim, a consciência se mostrou um atributo psíquico basilar na obra inicial jamesiana.
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William James é uma figura central na história da psicologia e da filosofia. Muito se destaca seu The Principles of Psychology (1890) como um dos maiores trabalhos já realizados na área e a teoria do fluxo do pensamento como sua principal contribuição original ao estudo da consciência. Após 1890, James se dedicou à investigação dos estados alterados da consciência, que culminou com a publicação de The Varieties of Religious Experience (1902). Nele encontramos a presença do subconsciente como fundamental para a compreensão do fenômeno religioso. O objetivo do presente trabalho, portanto, é explorar em que medida o eu subliminal se desenvolve na psicologia jamesiana para que possa servir de suporte aos estudos das experiências religiosas. Vimos que o ele surge como possibilidade explicativa durante as investigações dos estados alterados da consciência e dos fenômenos psíquicos, uma vez que a teoria do fluxo da consciência não dava conta de explica-los.
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The mind-brain problem (MBP) is a persistent challenge in philosophy and science, having marked implications for psychiatry. In this paper, we claim that physicalism, a kind of theoretical monism, is usually taken by many psychiatrists as the only possible solution to the MBP, and argue that this may have negative consequences for the field. Not only does it restrict the psychiatric training, thereby preventing professionals from considering and reflecting upon different perspectives on the MBP, but it also leads clinical psychiatrists to ignore alternatives in their research agendas and clinical care. We suggest, therefore, that, as long as the MBP remains open and disputed by divergent views, theoretical monism should give place to theoretical pluralism in psychiatry.
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Este artigo historiográfico tem como objetivo diferenciar a teoria da sedução de Freud e a teoria do trauma de Ferenczi, tendo em vista as frequentes confusões com que ambas são tratadas, e indicar a contribuição de Jean Laplanche em conciliar essas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada. Apesar de apresentarem a violência sexual como denominador comum, as teorias de Freud e de Ferenczi abarcam funcionamentos psíquicos diferentes e demandas clínicas peculiares, o que justifica as experiências clínicas que Ferenczi elaborou. Como resultado, consideramos que a teoria freudiana versa sobre um modo neurótico de funcionamento psíquico, enquanto a teoria de Ferenczi contempla as modalidades limites tão frequentes na clínica contemporânea. Ao final, expõem-se as ideias de Jean Laplanche, que articula ambas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada.
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Este trabalho tem como objetivo analisar a história do Personalized System of Instruction, o PSI, usando publicações de seus quatro fundadores: Carolina Bori, Fred Keller, Gil Sherman e Rodolpho Azzi. Em primeiro lugar, são apresentadas as realizações profissionais destes quatro fundadores antes de se encontrarem pela primeira vez. Depois, as primeiras parcerias de trabalho até o desenvolvimento do sistema, em 1964, na Universidade de Brasília, são exploradas. Os trabalhos individuais que desenvolveram são descritos em seguida, enfatizando as mudanças no sistema básico usado por eles em 1964. Assim, esta pesquisa permite conhecer as contribuições individuais até então pouco exploradas, como diferentes pontos de vista desenvolvidos entre Bori e Keller.
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O objetivo do presente trabalho é investigar psicanaliticamente o imaginário coletivo sobre a mãe que abandona o bebê. Justifica-se no contexto do reconhecimento de que o fenômeno do abandono infantil encontra, em nosso país, vinculado ao fato de largos contingentes populacionais viverem em condições de precariedade social, o que cria um grave problema relativo à proteção e guarda de crianças e adolescentes. Organiza-se como estudo qualitativo de 44 notícias jornalísticas acessíveis em site que reproduz notícias publicadas em jornais impressos. A consideração deste material permitiu a produção interpretativa de um campo de sentido afetivo-emocional, “Sub Judice”, que contém três subcampos: “Mãe malvada”, “Mãe desesperada” e “Mãe drogada”. O quadro geral indica que a mulher que abandona seu bebê figura no imaginário como autora de ato delinquencial, que seria motivado por deficiências de caráter, que se expressam como crueldade ou como abertura para o uso abusivo de drogas, ou por dificuldade em enfrentar problemas. Cabe concluir que tais imagens podem comprometer a visão da condição da mulher como ser humano submetido a condições de precariedade socioeconômica e de desigualdade de gênero, que geram sofrimentos sociais importantes abrangendo desamparo, humilhação e injustiça.
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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