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O artigo parte da situação da cidade de Porto Alegre e seu Hospital Psiquiátrico São Pedro na metade do século XX, constituídos a partir de uma geometria disciplinar centralizante,a qual buscava subjetivar corpos e gestos adequados para o trabalho industrial e aos padrões de convivência da civilidade urbana. Partindo desta configuração das forças, passamos a uma genealogia dos primeiros espasmos de dispersão que tomaram tais espaços, possibilitando sua transformação pelas práticas atuais: por um lado, no espaço urbano contemporâneo com suas segmentações privadas dispersivas; por outro, na atual reforma psiquiátrica, com a descentralização da assistência. Passando pelo momento de superlotação do Hospital e do Centro da cidade, para chegar às primeiras práticas de esvaziamento do centro urbano e da centralidade do espaço asilar, acompanhamos os movimentos que vão até o início dos anos 1980, criando as condições para a possibilidade da reforma no RS da década de 1990.
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A maioria das discussões acerca das deficiências toma uma de duas direções. A primeira se refere às políticas de inclusão, enfatizando a igualdade entre deficientes e não deficientes. A segunda destaca a diferença – a deficiência é vista como um déficit, desconsiderando sua potência para recriar subjetividade, aprender, se relacionar e habitar na cidade. Uma terceira direção, mais interessante, vê o deficiente como portador de necessidades especiais.Concernindo à deficiência visual, estudos cognitivos apontam para as particularidades do cego atentando também para suas potencialidades. De acordo com Hatwell (2003), a diferença cognitiva entre cegos e videntes diz respeito à locomoção e percepção espacial. As dificuldades do deficiente visual não provêm de uma falta de competência cognitiva, mas decorrem da ausência de dados perceptivos do ambiente. Segundo Rieser et al (1990), o que permite aos videntes se locomover organizadamente é a relação entre movimentos realizados e as mudanças de distância e direção entre os objetos e si mesmos. Para os deficientes visuais não há um fluxo visual contínuo; assim, numa cidade feita para videntes, surgem diversas dificuldades para os cegos. O trabalho visa a investigar três situações: pegar ônibus, atravessar ruas e desviar de orelhões. Tenciona observar essas situações, que dificuldades podem surgir e quais os dispositivos e estratégias criadas. As observações ocorreram nos arredores do Instituto Benjamin Constant. Realizaram-se também entrevistas com vistas a obter depoimentos dos deficientes visuais. Conclui que para alcançar a igualdade é preciso criar condições que atendam às particularidades do deficiente.
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Neste artigo pretendemos abordar o surgimento da esquerda nas entidades profissionais dos psicólogos no início da década de 1980, com base em pesquisa realizada por meio de análise documental e de entrevistas com ex-participantes. Consideramos que o movimento atualizou o imaginário da transformação social que acompanhava o processo de abertura política e de redemocratização do país, cuja maior expressão foi a mobilização dos trabalhadores no movimento sindical liderado por Lula. O surgimento da esquerda nas entidades gerou um choque para a gestão da década de 1970, pois esta se preocupava mais com o desenvolvimento e a fiscalização do exercício profissional, enquanto a esquerda focalizou, além do exercício da profissão, as questões políticas e sociais.
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Atualmente, a morte não é mais motivo para sobressaltos. Espetáculo ao qual se arrisca assistir qualquer um que saia às ruas das grandes cidades, o contato com o corpo morto do outro foi se banalizando e deixando de abalar percepções e construir subjetividades. Resta uma dúvida: a morte não choca por ter se tornado banal e corriqueira, ou porque já não vemos esse ‘outro’ que cessa de existir como um semelhante? O que mudou, quando mudou, como mudou, para que o ‘sujeito hipermoderno’ tenha se tornado impermeável a essa descoberta? O que é essa ‘pós-humanidade’ que parece não reconhecer mais o outro como semelhante? Tentamos aqui estabelecer um panorama de como acontecem, nas cidades contemporâneas, as representações a respeito do sentido do humano, do valor conferido a esta humanidade e do impacto que acontece quando esta cessa de existir, seja através da morte, seja através da pura e simples indiferença.
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Nilce Azevedo Cardoso foi uma militante que viveu a clandestinidade, a prisão e a tortura durante a ditadura militar. Narra os horrores de sua experiência e afirma que “valeu a pena” lutar pra derrubar o regime de exceção vivido no país. Passados mais de trinta anos, diz que o que a manteve em combate, mesmo após a destruição de seu corpo-testemunha, foi a amizade. “O que faz com que nessas guerras absurdas, grotescas, nesses massacres infernais, que as pessoas, apesar de tudo, tenham se sustentado? Sem dúvida, um tecido afetivo” – afirma Michel Foucault referindo-se à amizade. Amizade que, para Hannah Arendt, está ligada à noção de “cuidado com o mundo”, entendido como compromisso com o mundo. Amizade e “cuidado com o mundo” que foram fundamentais na trajetória de Nilce Cardoso e Delsy Gonçalves de Paula. Delsy, também militante na época, foi uma das dirigentes da greve de Contagem em Minas Gerais, igualmente perseguida pela repressão e submetida aos horrores das salas de tortura.
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Fruto do projeto de qualificação de doutoramento no Departamento de Psicologia Social/UERJ, este artigo apresenta um percurso teórico que busca questionar a herança platônica na construção dos saberes, em particular no campo das psicologias. Partindo dos estudos desenvolvidos por Gregory Bateson, outros contrastes são apresentados em torno desta discussão epistemológica, na busca por uma articulação de autores que trazem críticas ao modelo platônico e, portanto, à Ciência. Nesse sentido, serão analisadas as contribuições de William James e de Vinciane Despret, bem como o pensamento libertário de Piotr Kropotkin e de Paul Feyerabend
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Tomam-se, aqui, obras de Wilhelm Wundt e William James para mostrar que a psicologia nasce como projeto científico no final do século XIX. Esse projeto diferencia psicologia como ciência de psicologia como metafísica. Dessa perspectiva, a história da psicologia é concebida como história da psicologia científica e a pré-história da psicologia é concebida como história da psicologia metafísica. Mas as concepções de ciência de Wundt e James são diferentes. Da perspectiva da epistemologia unitária, a psicologia não se constitui como ciência. Nesse caso, a história da psicologia é concebida como pré-história dessa disciplina e sua história como ciência só começará se ela adquirir unidade. Da perspectiva da epistemologia pluralizada, a história da psicologia é história da cultura, o que significa dizer que é história das tradições de pensamento psicológico e filosófico e, também, história das ideias. Conclui-se que, da perspectiva da epistemologia pluralizada, epistemologia e história da psicologia adquirem uma perspectiva antropológica, o que equivale a dizer que a pré-história da psicologia não existe, e que a história dessa disciplina pode começar em qualquer época e lugar. E, finalmente, que o esclarecimento da psicologia como ciência depende da história da ciência e da cultura psicológica.
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Embora seja geralmente louvado nos manuais de história da psicologia como fundador da psicologia científica, grande parte da obra de Wilhelm Wundt permanece desconhecida por parte dos psicólogos contemporâneos, sobretudo no que diz respeito à relação entre filosofia e seu pensamento psicológico. O presente artigo pretende apresentar uma visão geral dos pressupostos filosóficos envolvidos na fundamentação do projeto wundtiano de uma psicologia científica. Após uma breve contextualização geral de sua obra e a exposição de alguns problemas de interpretação na literatura contemporânea, são enfatizadas as concepções de objeto e método da psicologia. Além disso, são apresentados dois princípios fundamentais de seu projeto psicológico, a saber, o princípio do paralelismo psicofísico e o princípio da síntese criadora. Ao final, alguns mal-entendidos são desfeitos, sugerindo a atualidade do pensamento de Wundt para os debates contemporâneos na psicologia.
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Situado no campo da História dos saberes psicológicos no Brasil, o presente artigo apresenta dois compêndios produzidos em Minas Gerais nos anos de 1847 e 1849, cujo tema é a descrição da estrutura e do funcionamento das faculdades da alma humana e da origem das idéias. As obras trazem uma sistematização sobre os conceitos de alma, inteligência, consciência, sensibilidade e vontade. A partir da descrição de tais conceitos é possível evidenciar a filiação destas obras às matrizes teóricas, principalmente francesas, tais como a ideologia e o espiritualismo eclético. Ao final comenta-se a relação entre autores, e o modo de apropriação de conhecimento textual, como evidenciado na escrita dos autores mineiros pela forma de se referenciar aos originais europeus.
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A psicologia social de meados da década de 1960 e início da década de 1970 conheceu, segundo alguns autores, o que se denominou "crise". Nas décadas seguintes, as discordâncias teóricas e metodológicas presentes neste campo evidenciaram não apenas posições antagônicas em relação a temas importantes no campo da psicologia social, como também deram visibilidade a alguns autores que representavam estas rivalidades. No Brasil e, mais especificamente no Rio de Janeiro, dois personagens importantes tiveram seus nomes e suas obras relacionados a estes antagonismos: Schneider e Rodrigues. Nosso objetivo será apresentar um relato da história destes importantes personagens da psicologia social no Rio de Janeiro.
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O artigo busca refletir sobre alguns embasamentos acerca das diferentes configurações do psicólogo que atua na área da saúde, em especial no hospital geral, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o que constitui este ajustamento profissional. Como resultado, indicamos quatro coletivos de pensamento que julgamos serem os mais comuns: Psicologia Hospitalar, Psicologia Médica, Saúde Mental e Psicologia da Saúde. Apontamos algumas das especificidades desses coletivos, destacando a necessidade da realização de pesquisas em que os psicólogos atuantes em instituições hospitalares possam narrar suas histórias de inserção e delimitação da práxis profissional.
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Para caracterizar os cursos de graduação em Psicologia no Brasil, efetuou-se um estudo documental utilizando informações de domínio público contidas no Cadastro das Instituições de Ensino Superior do Ministério da Educação. Dos 396 cursos identificados, em sua totalidade presenciais, grande parte se encontra em instituições universitárias privadas com fins lucrativos localizadas predominantemente em cidades no interior do País e na Região Sudeste. Majoritariamente, funcionam em turnos parciais, têm duração de 10 semestres e carga horária de cerca de 4.000 horas, adotam o regime letivo semestral e, nas avaliações nacionais, obtiveram o conceito médio. Evidencia-se uma enorme, rápida e desordenada expansão dos cursos de graduação, especialmente a partir da década de 1990. Alerta-se, dessa forma, para que sejam tomadas medidas urgentes no sentido de aliar quantidade e qualidade no ensino da Psicologia no Brasil.
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Os professores do ensino superior devem estar atentos para o desenvolvimento de recursos pedagógicos que possibilitem novas oportunidades de aprendizagem para os estudantes. Este artigo pretende descrever a utilização, pela autora, do desenho animado de longa metragem George, o Curioso na disciplina de História e Sistemas em Psicologia I durante o ano de 2008. Esse filme possibilita a articulação dos conceitos e das teorias do Funcionalismo com a história contada na tela. As vantagens desse tipo de recurso incluem a menor duração dos desenhos animados quando comparados com filmes com atores, permitindo melhor uso do tempo em sala de aula, e também a facilidade em identificar os tópicos levantados pelo professor, pois o roteiro pressupõe consistência de comportamento dos personagens, narrativa linear e desfecho explicativo. Longe de promover uma infantilização dos estudantes, esse recurso abre uma via de diálogo entre estes e a ciência psicológica, resgatando a ludicidade da aprendizagem.
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