A sua pesquisa
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Dada a atualidade da discussão da significação do voluntariado em determinado contexto religioso, objetivamos investigar a inter-relação entre voluntariado e experiência religiosa vivida e revelada pelos sujeitos da experiência. Para tanto, selecionamos uma instituição espírita como ocasião de apreensão dessa inter-relação pois, além de compreender que o Espiritismo propõe o voluntariado de modo próprio, percebemos como a religiosidade daquelas pessoas se apresenta enquanto elas se dedicam ao trabalho voluntário. Os dados foram coletados em entrevistas semi-estruturadas e analisados fenomenologicamente. A análise indica que (1) ação voluntária é vivida como abertura à experiência religiosa: doando-se ao outro em gestos, a pessoa reconhece sua ação sustentada por presenças transcendentes e direcionada à afirmação de horizonte absoluto; (2) vivência da religiosidade ordena a compreensão da realidade, fundamentando e direcionando a ação reconhecida como dever correspondente a si. Conclui-se que realização de si é fator estruturante da mútua-constituição entre voluntariado e experiência religiosa.
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O artigo aborda a integração entre os universos dos conceitos e o das práticas acerca da ordenação da imaginação e do uso das imagens na Idade Média e na Idade Moderna no Ocidente e no Brasil colonial. Evidencia que o funcionamento da imaginação é tomado de modo integrado aos processos do conhecimento sensorial, da memória e do entendimento, dos afetos e da vontade. Focaliza o estudo da imagem e do treino da imaginação no âmbito da retórica. Enfatiza as múltiplas dimensões das imagens enquanto processos culturais e a importância de apreender esta complexidade inclusive ao investigar os processos psíquicos por elas estimulados. Ao abordar esta temática, apresenta algumas sugestões metodológicas que se situam na interface entre a história cultural, a história dos saberes psicológicos e a psicologia. Propõe exemplos de transmissão de conceitos sobre imagens e imaginação e de utilização das imagens visando mobilizar o dinamismo psíquico dos destinatários em práticas culturais do Brasil colonial, tais como na pregação através do uso das metáforas, nas festas através do uso de alegorias, emblemas, figuras e estátuas; e nas narrativas do gênero alegóricos.
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Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a finitude e sua contextualização histórica através do filme O Sétimo Selo de Ingmar Bergman. Discute a visão do cineasta, especialmente a existência humana tendo como eixo condutor uma reflexão sobre envelhecimento e morte, questões ligadas ao sentido da vida. Utilizamos a pesquisa documental e bibliográfica, convidando autores a dialogarem com uma arte expressa por imagens e palavras, útil e pertinente quando se estuda temas angustiantes como finitude e envelhecimento. Bergman, a partir da sua própria perspectiva existencialista, trabalha questões como a manipulação da fé pela Igreja, a exploração da ideia da peste como castigo divino e a expiação dos pecados pela dor. A investigação realizada cumpre seu objetivo, mostra que a arte que se faz através do cinema se resume na busca do conhecimento como chave para a compreensão das inquietudes do que representa o morrer para um Ser Finito, independente da velhice.
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O artigo se refere a uma pesquisa de cunho epistemológico, que tem como objetivo estudar o sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em seu livro As Palavras do Pai. São discutidos seus argumentos sobre o sentido de Deus frente aos conceitos de espontaneidade, de criatividade e de momento. Nas considerações finais, levanta-se a possibilidade de Deus enquanto um elemento fundamental para a compreensão da visão de mundo e a visão de homem no psicodrama de Moreno.
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O objetivo desta investigação é elucidar os aspectos centrais da vivência de empatia no pensamento de Edith Stein, compreendendo como estes aspectos são desenvolvidos em sua obra O problema da empatia (1917/1998). Parte-se da discussão acerca do tema na literatura científica recente, visando compreender os modos como a empatia é tratada, passando ao acesso da literatura especializada em fenomenologia, concepção norteadora da investigação, buscando os elementos envolvidos com o tema. A concepção da empatia como uma vivência, como reconhecimento do outro como outro eu, desdobra-se eticamente como um movimento de compreensão da experiência do outro, um testemunho sensível daquilo que ele vive.
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Os caboclos são entidades espirituais largamente encontradas no panteão umbandista. O objetivo deste estudo foi revelar, no recurso ritual a caboclos na umbanda, os seus sentidos e alcance psicológicos. Para tanto foi realizada uma escuta participante, atenção flutuante aos significantes que se repetiram, para ouvir em profundidade a enunciação na rede de interlocuçãoem questão. Entreesses significantes, repetiram-se alguns termos como terra, luz, água, raiz, amadurecimento, liberdade e ideal, que podem assumir mais de um nível de significância, por meio de uma ‘escrita por imagens’. Percebeu-se que as pessoas em contato com os caboclos estão diante de uma elaboração de suas raízes (pais, ancestrais) que, bem cuidadas e iluminadas (conhecidas e elaboradas), em terra fértil, resultam em plantas (pessoas) fortes e bonitas, que desenvolvem seu potencial, amadurecem. E este amadurecimento inclui o desprendimento em relação às figuras paternas ou autoridades, o que remete à liberdade.
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A psicopatologia é tema central na clínica psicológica. Tentativas de definições de normalidade e patologia estão presentes nas teorias e engendram práticas clínicas diferenciadas. O objetivo deste trabalho é discutir psicopatologia na Terapia Centrada no Cliente, através da noção de pessoa em pleno funcionamento, de Carl Rogers. Questiona-se esta noção, baseado na ética da alteridade radical, de Emmanuel Lévinas, reafirmando o pathos como paixão e reconhecendo a necessidade de a psicoterapia centrada na pessoa escutar o radicalmente Outro. Aponta-se, finalmente, a desconstrução da ideia de pessoa em pleno funcionamento, por esta desconsiderar a diferença do Outro, numa concepção totalizante da subjetividade.
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In Memoriam César Ades (08/01/1943 – 14/03/2012): entre teias, bichos, crianças e gente grande, a paixão pela ciência
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O objetivo do presente artigo foi traçar um panorama acerca de aspectos históricos e epistemológicos subjacentes à proposição do projeto científico avançado pela psicologia histórico-cultural, apontando aproximações e distanciamentos com diferentes correntes filosóficas e psicológicas da contemporaneidade. Para tanto, foram problematizadas e referenciadas as contribuições psicológicas advindas da Defectologia, Psicanálise, Reflexologia, Reactologia e Psicologia da Gestalt. Além disto, foram investigadas as influências das idéias filosóficas de Marx, Engels, Hegel, Darwin, Espinosa e Janet. Conclui-se que no decorrer do desenvolvimento da psicologia histórico-cultural ocorreram aproximações com algumas destas perspectivas e, ao mesmo tempo, contraposições às mesmas. Entretanto, todas foram importantes para a fundamentação deste novo sistema teórico em psicologia, que se constituiu como alternativa ao embate estabelecido entre a fisiologia naturalista e a fenomenologia.
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A pesquisa aqui relatada teve como objetivo realizar um estudo de escolhas educativas, de forma a descrever as dificuldades narradas por mães e pais para educar, bem como as alternativas encontradas por eles para lidar com esses desafios. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de base fenomenológica, de cunho interventivo, que teve como procedimento a realização de quatro encontros reflexivos, dois com mães e dois com homens pais. Os relatos dos 58 participantes sobre suas práticas educativas foram gravados, transcritos e analisados segundo perspectiva hermenêutica de análise do sentido. Foi possível concluir que escolhas educativas parentais que, num primeiro olhar, poderiam parecer falta de cuidado ou interesse, estão enraizadas em diversos aspectos, como dificuldades sociais e cultura familiar. Compreendê-los favorece a desconstrução de pré-conceitos e o estabelecimento de ações interventivas que considerem desafios que os pais efetivamente enfrentam.
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A realidade humana aparece em Sartre como uma falta ontológica no seio da realidade das coisas. Essa falta é a consciência, ocasião de deflagração do Ser e desejo de ser. Nesse sentido o homem é projeto, buscando realizar seu próprio ser através do ser das coisas, assim configurando o mundo. Essa tentativa é sempre fracassada, ou sempre iniciada, na medida em que a consciência não pode se transformar em ser algum, ou só é ultrapassando os projetos nos quais procura realizar o próprio ser. A noção de encarnação se destaca na medida em que representa um princípio de má-fé da consciência que, em seu projeto de ser, busca se perder no ser-em-si da matéria sensível. O uso da filosofia de Merleau-Ponty, no artigo, visa apenas evidenciar, por diferença, as noções de desejo e encarnação em Sartre, e indicar a passagem para outra filosofia através da inversão do significado das mesmas.
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Para contribuir com o debate sobre a reforma psiquiátrica em localidades periféricas, objetiva-se conhecer a realidade piauiense, evidenciando os principais desafios que constituíram seu processo reformista e particularidades perante a realidade nacional e regional. Trata-se de um estudo qualitativo com base no levantamento documental e pesquisa participante para acompanhar as movimentações sociopolíticas mais recentes do contexto investigado. Como resultado, identificou-se que o Piauí foi marcado por significativo atraso quanto à implantação da rede psicossocial. Porém, rapidamente, o Estado alcançou boa cobertura de serviços devido à participação do Ministério Público como principal ator do processo reformista local. Se antes, o desafio era reverter à rede manicomial de serviços para a psicossocial; hoje, mais do que nunca, é urgente fazê-la operar sob tal perspectiva para compor ações de continuidade do cuidado e afirmação da cidadania, especialmente em contextos periféricos ou “minúsculos”, onde a cultura manicomial ainda se mantém forte ou absoluta.
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Este artigo apresenta uma revisão crítica de literatura que teve como objetivo contextualizar, em uma região de Minas Gerais, a pesquisa sobre os brinquedos e jogos tradicionais que, passando de grupo em grupo, foram assumindo versões particulares na produção artesanal. Tendo como suporte teórico-metodológico a Teoria Ator-Rede, defendemos a realização desta investigação no campo da Psicologia Social num movimento de mapear, registrar e preservar objetos que, em sua mistura de materialidade e socialidade, fazem parte da memória e da identidade dos grupos de brincantes. Nesta primeira etapa do projeto, para seguir o traçado deixado por estes artefatos, foi realizado este estudo no sentido de fundamentar a nossa entrada no campo para a verificação das práticas artesanais vigentes na região.
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Uma das principais características do Behaviorismo Radical de B. F. Skinner (1904-1990) seria sua crítica sistemática às explicações mentalistas para o comportamento. O objetivo do trabalho foi descrever o que Skinner definia por mentalismo e que críticas fazia a ele entre 1931 e 1959. Com base em trabalhos do próprio autor, observou-se que o mentalismo criticado entre os anos 30 e 40 foi principalmente o presente na Fisiologia Conceitual e nos Behaviorismos de Tolman, Hull, Boring e Stevens. Do final dos anos 40 até 1959, a crítica era dirigida à Psicanálise de Freud e à Psicologia da Consciência. Em relação aos tipos de críticas, não foram observadas mudanças significativas. Discute-se o lugar e a função do antimentalismo no Behaviorismo Radical.
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O tema da memória constitui uma das bases do pensamento teológico, filosófico e psicológico de Agostinho de Hipona. A relevância dessa faculdade pode ser observada no livro X das Confissões. Em poucas linhas, o que Agostinho se propõe neste livro é justamente explorar a própria memória em busca de Deus. Ao buscar Deus dentro da memória, Agostinho acaba desenvolvendo uma concepção da memória de grande importância na história dos saberes no Ocidente: o eu entendido enquanto espaço interior ou como espaço íntimo. Procuraremos reconstruir e detalhar a série de argumentos propostos por Agostinho a respeito do tema da memória e observar em que sentido ela é entendida metaforicamente como um espaço compartimentado. Finalmente, procuraremos mostrar a relevância e atualidade desta metáfora no modo como atualmente se compreende a memória.
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Com o objetivo de analisar as circunstâncias nas quais as pessoas que vivem em situação de pobreza enfrentam tal condição, investigou-se a tensão entre projetos de vida elaborados a fim de melhorar as condições de saúde, educação, moradia e trabalho, e estratégias de sobrevivência. As correntes mais influentes no estudo da pobreza tendem a conceituá-la com base nos insumos necessários para a aquisição das mercadorias básicas para a sobrevivência que qualificam a condição de pobreza relativa, relacionando-a ao padrão de vida geral predominante. Outras abordagens de caráter antropológico focalizam as relações interpessoais e os modos de vida dos pobres, deixando em segundo plano os determinantes econômicos. O estudo focalizou as esferas de intermediação entre as iniciativas macroeconômicas e as decisões individuais, procurando identificar os fatores que facilitavam tal encontro. Foram entrevistados 67 participantes de projetos sociais e instituições educacionais de duas áreas pauperizadas da cidade do Salvador, através de um questionário elaborado especialmente para identificar os processos individuais e coletivos almejados. Os resultados acerca das transformações da intimidade, da constituição da família e daquelas que decorrem de ações planejadas por organizações não governamentais e programas estatais nas áreas da habitação, educação e saúde são integrados ao debate acerca do capital humano, capital social, inclusão social, projetos de vida e estratégias de sobrevivência.
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Tomando a vivência do outro como fenômeno a ser pesquisado neste trabalho, esta pesquisa tem como objetivo explicitar a abertura para a vivência do outro incluída na experiência da pessoa, através das indicações da fenomenologia husserliana. Realizamos uma pesquisa teórica de cunho fenomenológico, a partir da obra Meditações Cartesianas. Reconhecendo a especificidade da visão husserliana, problematizamos questões teóricas fundamentais à compreensão do tema do outro, refletindo a respeito das objeções feitas à vivência do outro em Husserl. Concluímos que a exigência do método fenomenológico para o conhecimento da alteridade nos revela um caminho que aponta tanto para a irredutibilidade entre o eu e o outro, quanto para a possibilidade de encontro com um sentido existencial na vivência do outro pela pessoa. Na vivência desse sentido emerge a percepção do valor do outro para o eu, mobilizando o sujeito a assumir um posicionamento livre e interessado na convivência com o outro enquanto alteridade.
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O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de publicações da revista Memorandum: memória e história em psicologia (MMHP), em seus dez anos de existência, de modo a refletir suas variabilidades de publicações em fenomenologia. As análises foram efetuadas com base em um levantamento bibliográfico que selecionou todas as publicações com descritores concernentes a fenomenologia. Essas foram organizadas em: ano de publicação; autor(es); caráter (teórico ou empírico); tema abordado; e perspectiva de fenomenologia. Foram elaboradas categorias analíticas do perfil fenomenológico da revista. Os dados demonstram que a MMHP possui: (1) um fluxo homogêneo de publicações em fenomenologia; (2) uma tendência para discussões teóricas em fenomenologia; (3) uma perspectiva fortemente husserliana; (4) um perfil interdisciplinar de discussões entre fenomenologia-filosófica, psicologia fenomenológica e memória-história da fenomenologia. O conhecimento documentado na MMHP permite afirmar que a revista possui critérios que a qualificam como um periódico relevante para o desenvolvimento da Psicologia fenomenológica brasileira.
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