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A partir do desenrolar de pequenas cenas vividas no cotidiano de uma escola pública da rede de educação do Município do Rio de Janeiro, este artigo pretende colocar em análise algumas questões acerca do tempo oportuno (a figura kairós entre os gregos) do inesperado, capaz de romper certas repetições da rotina do tempo sucessivo de Cronos, comum às forças normalizadoras das práticas pedagógicas. Com base em autores como Deleuze e Guattari, Certeau e principalmente Michel Foucault, discute o processo de judicialização da palavra de ordem que, invadindo a rotina das escolas, naturaliza as evidências e nos obriga a evitar a experimentação com o inesperado. Trata-se neste texto de proposta de desconstrução das certezas que nos impõem essências para os atos da rotina, de outra perspectiva para qual o tempo descontínuo traz a surpresa das diferenças e nos obriga à renovação dos fundamentos. O que se pretende para a pesquisa com o cotidiano não é propriamente um método, mas um êthos, uma atitude, uma tarefa, uma interrogação crítica de nós mesmos educadores como experimentação cotidiana de uma ética do acontecimento para um devir educação.
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O artigo estuda um grupo de cartas elaboradas no âmbito da Companhia de Jesus: as Litterae Indipetae, pelas quais jovens jesuítas pedem ao Superior geral da Companhia para servirem nas Missões. As Indipetae transmitem a particularidade da vivência de cada autor, na busca de explicitar suas motivações quanto ao desejo de ir atuar nos contextos missionários do além-mar. Configura-se assim a grande riqueza desta documentação do ponto de vista psicológico. Nossa hipótese é a de que tais fontes carregam significativos conteúdos de elaboração pessoal, tendo em vista a definição do próprio projeto de vida. O recorte espaço temporal de nossa análise compreende dois grupos de cartas elaboradas por jesuítas italianos respectivamente no século XVII (período da Antiga Companhia), XIX e XX (período da Nova Companhia). Os resultados da análise apontam para aspectos de continuidade e descontinuidade e evidenciam na vontade o motor principal do processo subjetivo documentado na narrativa.
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Inspirado na perspectiva genealógica proposta por Michel Foucault, este artigo faz uma análise dos prontuários de crianças e adolescentes internados no Hospício São Pedro em Porto Alegre/RS, entre os anos de 1884 e 1929, tomando também outras fontes primárias, tais como relatórios administrativos dos médicos-diretores desse estabelecimento e produções científicas publicadas por alienistas e psiquiatras no período em questão. Analisaram-se os diagnósticos atribuídos às crianças e adolescentes nessa época, assim como as estratégias disciplinares de normalização dos corpos anômalos e das condutas desviantes, buscando dar visibilidade às condições históricas e políticas que possibilitaram a emergência dos discursos sobre tais patologias. Discute-se a relação entre alienação, pobreza e periculosidade que sustentou práticas moralizantes, higienistas e eugênicas na passagem do século XIX ao século XX. Busca-se, assim, problematizar a patologização dos modos de ser criança e adolescente que vem proliferando na atualidade, acompanhada por terapêuticas corretivas cada vez mais recorrentes, tomando a história como ferramenta metodológica para pensar o presente.
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O presente ensaio busca mapear algumas linhas de força que trespassam as legislações brasileiras destinadas a crianças e adolescentes, debruçando-se, em particular, sobre os capítulos que legitimam o aprisionamento de jovens. Através de uma linguagem agenciada pelas artes literárias – crônica e conto – e cênicas – dramaturgia –, sobrevoa paisagens do Código de Menores de 1927, também conhecido como Código de Mello Mattos, bem como do Código de Menores de 1979 e do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. O texto organiza-se da seguinte maneira: em um primeiro momento, são apresentados três arquivos de datas distintas – 2012, 1982 e 1952 – pelos quais se busca enunciar as diferenças e semelhanças acerca do funcionamento de instituições criadas a partir de tais legislações com o intuito de “reeducar” adolescentes infratores; em um segundo momento, segue-se a apresentação de dois diferentes contextos onde, respectivamente, adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Internação procuram o “responsável” por seu aprisionamento, e um estudante de doutorado em Psicologia Social encontra pistas acerca da criação do estranho conceito de Socioeducação.
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O presente artigo tem o objetivo de problematizar a política pública de assistência social a partir de nossas experiências enquanto assistente social e psicóloga da área e também de nossas dissertações de mestrado, apresentadas ao Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os questionamentos suscitados ao longo do texto foram produzidos por meio de nossa relação com os usuários e também com os profissionais e gestores que atuam nesta política. Assim, pretendemos colocar em análise a política pública de Assistência Social e os conceitos de “vulnerabilidade social” e “risco”, relacionando-os ao que Michel Foucault definiu como biopoder. Para tanto, utilizaremos como referência autores como Foucault, Guattari, Scheinvar, Nascimento, entre outros.
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O artigo objetiva analisar os atravessamentos das tramas da história nas práticas psi. Especificamente o ensaio destaca o período da ditadura militar no Brasil e seus efeitos políticos na clínica e nas instituições da saúde mental. Pretende, à luz das categorias de cotidiano e criação de Maurice Blanchot, e das reflexões de Walter Benjamin sobre história e memória, problematizar o relato autobiográfico no qual o eu do narrador apresenta-se como o protagonista da história narrada.
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O presente artigo traz o relato de uma intervenção clínico-institucional em uma fábrica, cuja encomenda é disparada por um acidente de trabalho com consequência letal para um dos trabalhadores. O acidente, acontecimento-analisador, problematiza os modos de organização do trabalho e os processos de gestão em suas relações com o cotidiano laboral. Partilham-se ainda processos experimentados pelas psicólogas na tensão entre o trabalho de constituição coletiva de um plano de análise e cuidado, e solicitações à assunção de um mandato social que tenderia a reduzir o acontecimento ao aspecto da perda do colega e da elaboração do luto consequente. Evidencia-se a potencialidade dos analisadores, naturais e construídos. Ferramentas do campo da Análise Institucional francesa, bem como da Clínica da Atividade contribuem na produção de um campo de análise antes, durante e após a intervenção. Pelo dispositivo-grupal, envolve-se cento e sessenta e oito trabalhadores em uma aliança aos processos de análise que perspectivam novos modos de trabalhar e reconfiguram corpos, afetos em uma realidade de insegurança e risco.
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Trata-se de um relato de experiência referente a um ano e meio de trabalho em um CAPS II localizado próximo à cidade de São Paulo, SP. O autor participou do lento e atravancado processo de implementação e inauguração do serviço e assistiu aos diversos entraves em meio aos quais a empolgação e energia da equipe vertia em frustração e ressentimento. O texto representa um esforço de compreensão, problematização e repercussão da experiência vivenciada, em busca de meios através dos quais a saúde pública possa ver-se melhor implementada e representada.
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O artigo coloca em debate as práticas do UNICEF a respeito da educação infantil, no Brasil, interrogando como estas recomendam uma política compensatória, realizada pela própria comunidade, pelos jovens e pelas famílias que moram em bairros não centrais das cidades, com objetivos de coesão e assistência social. Geralmente, o UNICEF prescreve que sejam usados espaços vazios, como galpões de igrejas e de associações comunitárias, com mão de obra voluntária, pertencente ao local de funcionamento, recebendo algum subsídio privado por meio de fundações e institutos do terceiro setor. A noção de família carente, de privação cultural e afetiva, de carência alimentar e nutricional, de ausência de lazer e espaços de brincadeira, nesses bairros, bem como a baixa escolaridade dos pais e responsáveis são os motivos elencados pelo UNICEF para justificar uma política de educação infantil compensatória, no Brasil, ainda na atualidade.
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O trabalho enfoca a concepção de criança e adolescente por meio de três noções historicamente determinadas, a saber: o infans, o menor e a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. Tendo por fundamento que as concepções de infância e juventude são representações construídas historicamente no âmbito das relações entre adulto e criança na cultura social, depreende-se que tais noções são reveladoras do lugar em que crianças e adolescentes estiveram, estão ou deveriam estar. Assim, o trabalho parte do início da história do Brasil, abordando o infans por meio da criança vinda das embarcações portuguesas e das nativas, das crianças escravas e das quilombolas. Posteriormente, adentra o campo do “menor” através da criança abandonada, da trabalhadora no processo de urbanização e industrialização do país e da criança criminosa alvo de repressão. Por fim, versa sobre a modificação do paradigma pretendido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da noção de sujeitos de direitos.
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Tomando como ponto de partida formulações de Moscovici acerca da representação social, o presente artigo se propõe a analisar: as condições de emergência desse conceito; sua “mobilidade” em relação ao conceito de representação coletiva de Durkheim; os instrumentos metodológicos fornecidos pelo autor para a pesquisa em psicologia social; a repercussão no Brasil dos anos 1970 e1980, bem como as implicações ético-políticas do conceito de representação social no campo da psicologia social na atualidade. O convite que se faz ao leitor é o de percorrer a genealogia de nossas práticas para problematizar a “função social” desse método de pesquisa.
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O artigo propõe uma reflexão acerca dos processos de reforma psiquiátrica em curso tanto na Itália quanto no Brasil, a partir de fragmentos cotidianos observados junto a usuários da saúde mental nos dois países. As cenas são postas em análise na perspectiva de criticarem o que apontam do enrijecimento institucional e repetição daquilo que ambos os processos de extinção dos manicômios tinham por propósito desconstruir. De outro lado, também permitem analisar o que se mantém do caráter de movimento, de forma disruptora e criativa, dentro desses processos reformistas. No trajeto das intensidades experimentadas nos diferentes territórios, pequenos fascismos que marcam os saberes e as práticas de saúde mental apontam para a necessidade de atualização da potência instituinte do movimento anti-manicomial, entendido como um espaço de criação permanente que requer, antes de tudo, especial atenção às palavras e aos pequenos gestos que povoam nosso cotidiano.
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O presente artigo não possui uma unidade teórica nem metodológica; seus referenciais são amplos e distintos, não defende sólidos princípios e não irá seguramente tão fundo quanto outros artigos já publicados sobre este tema. Queremos apenas nos aventurar no debate e abrir mais uma caixa de diálogo com todos aqueles brasileiros que, apaixonados pelo futebol, são verdadeiros craques, participantes ativos, e que na história do futebol contribuem com um saber intuitivo que, tanto quanto o conhecimento técnico, tático, estratégico, é sempre confrontado em cada partida, nesse campo cheio de embates, surpresas, desafios, onde, como no jogo da vida, nem tudo que se prevê ou deseja acontece. Mesmo sabendo que o real sempre nos surpreende no presente, não podemos nos permitir esquecer o passado, perder de vista a nossa memória, pois nossa memória será sempre uma forma de não botar para escanteio nossa história. E assim, seguimos, com alguns recortes, iniciando a partida com um olhar sobre a História do Brasil e, particularmente, do Rio de Janeiro na transição dos finais do século XIX e inícios do século XX, não para enquadrar o futebol em hipóteses científicas, mas para conversar com ele na sua arte plena de contradições e conflitos - sua dupla face de inclusão e exclusão, de autoritarismo e democracia - para se aproximar das surpreendentes jogadas de todos os dribladores, que estão muito além das quatro linhas de um campo de futebol.
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Este trabalho tem por objetivo analisar os marcos iniciais dos estudos psicológicos sobre a memória, apresentando suas bifurcações, as quais poderíamos designar como relativas ao ‘laboratório’ e à ‘clínica’. Para tanto, são apresentados alguns autores relevantes desse campo no século XIX, buscando articulação com os escritos de Freud do mesmo período. A diretriz adotada é a crítica de Merleau-Ponty feita ao mecanicismo em ‘A Estrutura do Comportamento’. Observa-se, ao final, a importância desse tema nos textos de Freud dessa fase, em particular quanto ao que é postulado nesse momento como aparelho de linguagem.
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Trata-se de conversas que expressam uma escolha ético-estético-política para mostrar as tessituras do trabalho com dispositivos da análise institucional, da cartografia, das políticas de cognição e da formação inventiva de professores nos territórios distintos da escola e da universidade. As conversas são tecidas entre professoras da escola e da universidade, para evidenciar a pesquisa pelo meio, lá onde ela acontece: no chão da escola. Há conceitos que funcionam como dispositivos de resistência em campos tão predefinidos, tais como: micropolítica e formação inventiva de professores. Micropolítica é uma experimentação ativa, pois não se sabe antecipadamente como é que se desenha o traçado de uma experiência. Formação inventiva de professores é uma questão de aprendizado de como manter vivo um campo problemático, deixando vibrar as forças intensivas para que estas possam criar formas e desformar cristalizações nas trajetórias de vida. Conversas coletivasque enunciam diferentes modos de viver escola e universidade.
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O presente trabalho parte das discussões do grupo de pesquisa Gestão Coletiva dos Sonhos acerca do estatuto da imagem e da percepção trabalhadas por Jean-Paul Sartre em seu livro A imaginação. Tomando a percepção como imediata e como construção social e cultural, tentamos pensar a Gestão Coletiva dos Sonhos como possibilidade de o sujeito experienciar, por meio do trabalho em grupo com os sonhos, a criação de novos campos de percepção coletivamente compartilhada. Apostamos que a partir do momento em que o sujeito se apropria de maneira criativa da percepção como construção de mundo, pode levar o poder inventivo dos sonhos para a vida de vigília, sendo capaz de se posicionar como ativo no processo de criação de campos perceptuais diferentes dos hegemonicamente construídos.
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- Entre 1900 e 1999 (115)
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Entre 2000 e 2025
(1.715)
- Entre 2000 e 2009 (501)
- Entre 2010 e 2019 (827)
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