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A intimidade entre a história da fenomenologia e a da psicologia se constata por um percurso que apresenta brevemente alguns textos selecionados para extrair a concepção de vida ética que atravessa de modo contínuo o trabalho de Husserl. Retomando o artigo centenário ‘Filosofia como Ciência Rigorosa’ vê-se a compreensão histórica da fenomenologia resumindo concisamente a ética husserliana. Husserl entende haver uma enteléquia humana que pode ser identificada como um pré-sentimento que, no limite, visa à realização do ser humano. O modo de realização, assim como é a consciência humana, é algo em aberto, mas nem por isto menos uma tensão e nem por isto não sujeito a algumas leis que estarão intimamente apegadas à natureza temporal da própria consciência. A apercepção do conjunto integral da própria vida pessoal, seguida de reflexão é o método ético geral. No conjunto da obra husserliana, a ética se confunde com o próprio fazer fenomenológico.
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Historicamente estudiosos têm se empenhado em investigar os mecanismos e as razões pelas quais personagens retirados da experiência histórica e da memória coletiva firmaram-se no imaginário religioso brasileiro. Nesse ínterim, o preto-velho emerge como entidade espiritual proeminente, recorrente presença nas obras de autores interessados em apreender a cultura afro-brasileira a partir de suas manifestações consubstanciadas no quadro da religiosidade popular, sobretudo da umbanda. Assim, tendo em vista compreender os movimentos que marcaram o desenvolvimento dos saberes sobre o preto-velho, apresenta-se uma revisão e discussão crítica das diversas perspectivas a partir das quais ele tem sido pensado e caracterizado. De forma geral, evidencia-se que o estudo sobre o preto-velho oscilou de uma produção fundamentalmente enquadrante e contextualizadora, tomando-o como contingente à lógica sistêmica da religiosidade umbandista, para uma produção focalizada e extensiva, voltada para o seu entendimento como fenômeno dinâmico passível de múltiplos desdobramentos.
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No presente trabalho procuramos analisar a apresentacao da constituição histórica da psicologia do desenvolvimento nos manuais de ensino da disciplina dirigidos ao ensino superior. Tendo em vista a afirmação histórica de uma escola centrada na criança/aluno, os cursos de formação inicial e continuada conferiram destaque ao estudo dos processos de desenvolvimento, da infância a idade adulta, tido como fundamental para a qualificação do educador e psicólogo escolar. Faz-se importante, portanto, compreender que saberes foram e são transmitidos no interior desta disciplina, com que estratégias e recursos didáticos. Ao realizarmos as análises, verificamos nos compêndios que a narrativa histórica mostra-se linear, centrada no registro dos principais autores e seus feitos. Não é estabelecida relação entre o processo de constituição da disciplina e os processos históricos mais amplos, nem é construída uma análise das condições de produção dos saberes, as tensões na afirmação do campo. Por outro, o relato evolutivo faz-se desvinculado de uma problematização histórica. Com isso, apresenta-se ao leitor, uma visão a - histórica da disciplina, que não permite relacionar o conhecimento produzido a seu percurso de construção e consolidação.
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O presente artigo versa sobre temas marcantes na sociedade atual: o morador de rua, a religiosidade e o sentido de vida. Buscou-se caracterizar o fenômeno social da população de rua na atualidade e construir uma possível definição do mesmo. A partir da contribuição de diferentes autores, procurou-se também caracterizar a religiosidade e a influência da mesma sobre a realidade social e psicológica das pessoas. A partir do relato de trechos da vida de um morador de rua da cidade de Belo Horizonte a quem chamaremos de Marcelo, procurou-se mostrar como a busca de sentido se faz presente na vida nas ruas. Como resultado do presente estudo, pôde-se concluir que a religiosidade pode ser um auxílio importante na busca e na construção de um sentido de vida, além de ser uma forma de sustentação psicológica para pessoas que vivem nas ruas. Lançou-se mão da teoria de Viktor Frankl como forma de analisar esta temática.
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Neste artigo, apresentamos algumas considerações sobre as trajetórias coletivas, construídas a partir de um conjunto de histórias de vida narradas em entrevistas coletivas, de congadeiros negros residentesem São João Del-Rei (MG/Brasil). Buscamos sua articulação das lógicas da experiência no co-engendramento público e privado, localizando os congados enquanto pequenos grupos de pertença étnica, modos de objetivação de identidades que se configuram nesta tensão. Indicamos a existência de contradições constitutivas, não no campo dos juízos de valor e binarismos, mas em uma dialética das percepções que vão construindo, no interior deste grupo social, representações diferenciadas do que é o congado e de quem são os congadeiros. Nestas identidades estão implicados valores da classe operária, produzidos na vivência comunitária e legitimados no campo religioso em suas formas ecumênicas, históricas e contemporâneas. Indicamos a importância da família e da educação para migrações futuras nos espaços sociais delineando novos contornos a estas trajetórias.
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O artigo discute a pertinência da fonte autobiográfica como material documentário para a reconstituição histórica dos saberes psicológicos no âmbito da cultura, à luz das propostas de alguns autores contemporâneos a respeito deste tema (Zambrano, Courcelle, Hadot, Gurevič). Nesta perspectiva, relata também algumas etapas importantes da história deste gênero literário, tendo como ponto de partida a contribuição de Agostinho de Hipona, sua influência ao longo da Idade Média e as continuidades e as transformações do gênero na Idade Moderna (Montaigne, Cardano, Vico, Teresa de Ávila, Rousseau).
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Este artigo é parte de um projeto de pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz e de duas dissertações de mestrado, apresentadas ao Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da mesma instituição. O objetivo deste estudo foi investigar os mecanismos de poder inscritos no Pavilhão de Observações e seus modos de manifestação nas práticas cotidianas, entre 1894 e 1930, bem como as relações desta instituição com a polícia, o Hospício Nacional de Alienados e a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Para tanto, utilizamos um acervo diversificado de fontes (documentos clínicos da instituição, artigos e livros médicos, relatórios, decretos, entre outros), a partir do qual foi possível perceber que a instituição estudada não era apenas um simples espaço do exercício da prática psiquiátrica no Rio de Janeiro, estando inserida em uma complexa rede de poder-saber, no âmbito psiquiátrico, durante a Primeira República do Brasil.
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Trata-se de uma pesquisa histórica, baseada em fontes documentais e no estudo biográfico de Helena Antipoff, em que se procurou elementos que trouxessem para a história da psicologia e da educação uma contribuição sobre quem foi Helena Antipoff e quais os pressupostos teórico-metodológicos da sua formação profissional, pressupostos sobre os quais assentará suas proposições de ações técnicas no campo. O texto traz os caminhos percorridos por ela desde seu país de origem, a Rússia até receber o convite para trabalhar no Brasil. Além disso, o artigo traz elementos que esclarecem as motivações para a sua vinda para o Brasil, as suas atividades no ensino brasileiro na década de 1930 e os caminhos que direcionaram suas ações para a educação dos “excepcionais”. Apresenta também uma síntese das ações de Helena Antipoff no Brasil na área da Educação Especial. A partir dessa trajetória, foi possível colocar em tela quem foi Helena Antipoff e quais os princípios educativos endossados por ela e, ainda, traçar um panorama de suas ações voltadas para a Educação dos “excepcionais” na realidade brasileira.
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Neste trabalho revisamos o processo histórico que levou as práticas psicológicas brasileiras a se instalarem nas políticas públicas de saúde contemporâneas, analisando, neste contexto, a epistemologia da ciência psicológica e suas transformações recentes. Revisitamos alguns aspectos históricos que marcaram a formação do pensamento psicológico pré-científico, bem como sua consolidação como ciência moderna. O pressuposto epistemológico da Psicologia, em sua concepção moderna de ciência, era associado ao pensamento liberal. Assim, alguns episódios históricos levaram os fazeres psicológicos a estarem muito mais orquestrados pelo mercado regulador – consultórios clínicos privados, consultorias empresariais, etc. - do que pelas políticas públicas. Assinalamos o desenvolvimento da reforma psiquiátrica no Brasil como um elemento determinante que impulsionou a entrada do fazer psicológico no âmbito das políticas públicas de saúde no Brasil, fato que tem afetado significativamente os modelos contemporâneos de prática.
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Neste artigo, propomos situar a filosofia brasileira em função da consciência de si como problema essencial, assim estabelecendo uma ideia de filosofia como “ciência” do espírito. Para tanto, buscamos apontar para a introspecção como o método filosófico capaz de levar a uma consideração da alma em separado do corpo, o que une Farias Brito a seus antecessores no Brasil, dentre os quais Padre Vieira, Gonçalves de Magalhães e Tobias Barreto, bem como a Henri Bergson e Edmund Husserl no cenário europeu. Propusemo-nos também demonstrar que somente com a irrupção das ciências da natureza e da filosofia moderna que se torna possível discutir em profundidade a ideia de uma “ciência” do espírito como o problema da filosofia em sua historicidade. Por fim, e a partir da análise das especificidades da intuição e do método analítico, defendemos que o método experimental não pode considerar o psíquico em sua especificidade.
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Este artigo visa mostrar aspectos fenomenológicos do pensamento de Carl Rogers, de acordo com a concepção husserliana de fenomenologia. Na primeira parte apresenta o essencial das idéias de Husserl sobre a fenomenologia, baseando-se em textos de síntese do próprio filósofo. Na segunda parte, para representar o pensamento de Rogers, foi escolhido o primeiro capítulo do livro Tornar-se pessoa. Pretendeu-se uma compreensão teórica, mais do que o de uma busca literal. Embora o vocabulário desses dois autores não seja idêntico, ficam patentes alguns aspectos fenomenológicos de Rogers no que se refere à psicoterapia e à sua abordagem aos conflitos humanos. O aprofundamento sucessivo da redução fenomenológica, em Husserl, corresponde, em Rogers, a uma série de renúncias que levam o terapeuta a participar do vivido do cliente naquilo que ele tem de mais pessoal e muitas vezes escondido.
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O pensamento psicológico de Christian Wolff constitui uma das mais significativas referências para o desenvolvimento conceitual e metodológico da psicologia a partir do século XVIII. Contudo, Wolff vem sendo ignorado na literatura psicológica, sobretudo no caso brasileiro. O objetivo do presente trabalho é apresentar a relação corpo-alma em seu pensamento psicológico, a partir da análise de seu primeiro tratado metafísico sistemático: a Metafísica Alemã (1720). É discutido, primeiramente, o lugar da questão em seu sistema, considerando dois níveis de análise: o empírico e o racional. Segue-se apresentando as três teorias ali discutidas: o influxo natural, a intervenção imediata de Deus e a harmonia pré-estabelecida. Por fim, é feita uma análise de algumas relações entre esta última e o sistema wolffiano.
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O estudo objetivou investigar a articulação entre campo afetivo e dimensão icônica na objetivação de representações de rural/cidade junto a quatro gerações de moradores de uma comunidade rural. Os dados foram coletados através de entrevistas que focalizaram: campo afetivo, sistematizado através da Análise de Conteúdo; levantamento das características positivas e negativas do campo/cidade, dados submetidos ao SPSS-17; núcleo figurativo dos objetos e articulação entre a dimensão afetiva e o componente icônico, dados processados através do software ALCESTE. Os resultados indicaram a associação dos objetos rural e cidade, respectivamente, a afetos positivos e negativos, dinâmica que se confirma no conteúdo icônico das representações. A elaboração do núcleo figurativo de rural apóia-se na idéia de equilíbrio/harmonia, enquanto a cidade é representada como caótica/desordenada. Na articulação entre dimensão afetiva e componente icônico, discute-se a função das imagens objetivadas como sistema de referência que orienta processos de identificação social com a categoria rural.
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Este estudo apresenta o arcabouço de idéias humanísticas desenvolvido por Miguel Rolando Covian no âmbito da universidade: como cientista que foi, através de artigos científicos e de várias iniciativas concretas buscou enfrentar o problema da atual crise no campo das ciências modernas e na formação humanística do estudante universitário. No pensamento de Covian verifica-se a particular contribuição de três autores contemporâneos, muito lidos e comentados por ele, representantes de três diferentes áreas do conhecimento – Teilhard de Chardin, José Ortega y Gasset e Thomas Merton. A relevância teórica e testemunhal destes autores para o pensamento de Covian evidencia-se na estreita relação de idéias entre eles e nas citações feitas em seus artigos aos autores. O estudo desta relação nos permitiu aprofundar a concepção de humanismo em Covian e identificar as suas principais matrizes teóricas.
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O texto apresenta uma pequena biografia do professor Antonio Gomes Penna (1917/2010), nome importante da Psicologia no Brasil e historiador de nossa psicologia. Relata sua formação, sua trajetória profissional como professor interessado em Psicologia e em Filosofia, seu interesse pelo ensino e pelos estudantes. Utiliza-se de depoimentos de diversos ex-alunos e pesquisadores para demonstrar a relevância intelectual e afetiva de sua trajetória.
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Fundamentado em uma perspectiva fenomenológica, este trabalho visa compreender os significados de experiências de devoção. Para tanto, analisa a crença em anjos. Foram entrevistadas pessoas que relataram experiências de contato com um anjo. Os colaboradores apresentaram-se espontaneamente, a partir da divulgação da pesquisa. A análise dos relatos mostrou que a experiência é vivida como exposição a uma alteridade, ocorrendo a ampliação dos horizontes de tempo e espaço e dos limites corporais. Nessa experiência, prevalecem as emoções e o conhecimento intuitivo.
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O texto trata do movimento estudantil da Psicologia no Rio Grande do Sul e busca compreender motivos e processos de ativismo político empregados durante o período de ditadura no Brasil, de1964 a1985. Para tanto, procurou registrar as ações coletivas empreendidas, que, apesar da repressão política, protagonizaram ações de resistência. Os procedimentos metodológicos consistiram na associação do exame de imagens, de entrevistas e de documentos escritos relacionados ao acervo do Diretório Acadêmico do Instituto de Psicologia da PUCRS. A análise dos registros desta trajetória revelou associações entre as práticas psicológicas e as ações políticas e incita discussões acerca das especificidades das relações sociais naquele momento histórico. Além disto, constatou-se que estudantes envolvidos nesse processo foram, mais tarde, protagonistas de outros movimentos que levaram a mudanças sociais significativas.
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Este estudo qualitativo de inspiração fenomenológica objetivou compreender a potencialidade terapêutica do plantão psicológico ao ser implantado num Serviço Universitário de Assistência Judiciária. A perspectiva teórica adotada foi a Abordagem Centrada na Pessoa. A experiência intersubjetiva vivida pela pesquisadora ao estar com os clientes constituiu-se no objeto de análise. Foram redigidas narrativas sobre alguns atendimentos, que trouxeram à luz elementos significativos da experiência. A presença da plantonista contribuiu para que a instituição oferecesse uma escuta diferenciada às pessoas e suas demandas; os clientes apropriaram-se do espaço de atendimento psicológico, o que lhes permitiu atribuir às queixas de natureza jurídica novos significados. O desvendar dos sentidos desta prática psicológica, implantada num serviço jurídico, legitimou-a como uma modalidade de atenção psicológica clínica que efetivamente representa uma contribuição ao atendimento praticado em instituições.
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O presente estudo investiga a pobreza partindo de uma análise dos recursos que os pobres dispõem em sua realidade, analisando os temas do capital humano, social e familiar, procurando estabelecer conexões e elucidar fatores da realidade pouco considerados em estudos e projetos de combate à pobreza e à exclusão social. O presente artigo, em seu conjunto, procura compreender porque, em condições semelhantes de pobreza, algumas pessoas conseguem elaborar um projeto de vida enquanto outras se estabilizam em estratégias de sobrevivência. Para avançar na luta contra a pobreza, revelou-se indispensável a convergência entre fatores pessoais, familiares, micro-sociais e políticas públicas de valorização e fortalecimento dos agentes de desenvolvimento presentes no território.
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