A sua pesquisa
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Apesar de pouco enfatizado na historiografia da psicologia, o século XVIII apresenta uma imensa riqueza de discussões fundamentais para a psicologia. Esse é o caso da obra principal de Tetens, Philosophische versuche über die menschliche natur und ihre entwickelung (1777). O objetivo do presente artigo é descrever as principais características do objeto e do método de investigação psicológica nessa obra. Em nossa análise, verificamos que, embora seja uma disciplina filosófica, a psicologia é um campo específico de conhecimento que se baseia no auto-sentimento. Além disso, apontamos algumas evidências textuais para sustentar a tese de que a psicologia empírica é, segundo Tetens, propedêutica à metafísica.
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Este artigo aborda o processo de simbolização da experienciação, tal como proposto por Eugene Gendlin, filósofo, autor da Teoria Experiencial, que tendo trabalhado com Carl Rogers por onze anos, desenvolveu a Focalização como técnica capaz de auxiliar a simbolização congruente do fluxo de experiências. Trata-se, aqui, de uma pesquisa teórica, que se deu através de revisão bibliográfica, partindo de três das principais obras do autor referência. Apresentaremos a Focalização como recurso terapêutico, em seguida, definiremos o que Gendlin entende por experienciação e sua relação com o processo de simbolização, para enfim, concebermos como a simbolização da experienciação se dá na psicoterapia, em dois principais modos: a conceituação, através de símbolos verbais; e a referência direta, através da atenção dirigida a uma sensação. Em conclusão, apontamos a referência direta como possibilidade utilizada por abordagens que trabalham a simbolização da experienciação por outras vias, que não a fala.
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A tragédia, como gênero literário, é enraizada na realidade social, mas não reflete essa realidade, ela a questiona e a contesta em seus valores fundamentais, suscitando a compaixão e o terror que tem por objetivo a catarse das emoções. Freud extraiu desse corpus mítico as bases para a fundamentação da psicanálise, que tem por estrutura um complexo inconsciente cujo conteúdo é semelhante àquele do enredo da tragédia grega Édipo-Rei, de Sófocles. Nessa perspectiva, o artigo se desenvolve em quatro direções que estão interligadas: busca na História a designação de mitologia e mito; vislumbra a tragédia como expressão do pathos e do logos; resgata a falta trágica que precede a história do herói vista como fatalidade - que representa a essência da tragédia e, ainda, apresenta elaborações de Freud e Lacan, que tomam a tragédia para falar daquilo que é a-histórico, presente na subjetividade.
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O artigo tem como objetivo descrever a experiência da depressividade num atendimento de psicoterapia, articulando a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian. A depressão é uma patologia que sempre existiu, mas nunca foi tão frequente quanto nos dias atuais, registrando-se o aumento de seu diagnóstico nos últimos 50 anos. Neste estudo de caso, utilizamos o termo “depressividade”, ao invés de depressão, tomando como lente a perspectiva humanista fenomenológica para descrever a experiência vivida de Alice. O diálogo entre a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian parte de uma interrelação entre as noções de sujeito da gestalt-terapia e da psicopatologia fenomenológica. Consideramos que, na clínica humanista fenomenológica, buscamos criar condições de possibilidade de produção e de expressão da intersubjetividade com o intuito de nos aproximarmos do mundo vivido do sujeito.
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O principal objetivo deste trabalho foi apresentar a forma como os jornais capixabas A Gazeta e A Tribuna noticiavam os acontecimentos, comportamentos e modos de vida no cotidiano da cidade de Vitória (ES) no período de 1945 a 1955. Neste estudo, os jornais, enquanto meios de comunicação mediada, foram considerados em sua importância e capacidade de influência nos processos de transformações sociais. Naquele momento histórico, a cidade de Vitória experimentava uma série de mudanças de ordem econômica e social. É nesse contexto do cotidiano da capital capixaba que os jornais, através dos temas abordados em notícias e artigos, funcionavam como uma espécie de instrumentos normatizadores, visando o controle de práticas, comportamentos e modos de vida considerados inadequados ao conjunto de costumes e valores morais vigentes naquela época na sociedade capixaba. E, para isso, eram também evocadas, nas páginas jornalísticas, campanhas de saneamento urbano (da cidade) e moral (de seus habitantes).
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O presente trabalho tem como objetivo iniciar um diálogo entre as ideias de B. F. Skinner e M. Merleau-Ponty a partir do comportamento reflexo. Do ponto de vista metodológico, optou-se pelo estudo da primeira fase do pensamento merleau-pontyano, especificamente com o livro La structure du comportament, e a segunda fase do pensamento skinneriano, especificamente com o livro Science and human behavior. Os demais textos de Skinner, Merleau-Ponty e comentadores foram usados como referência de apoio. Três momentos serão considerados. No primeiro, apresentar-se-á uma revisão do panorama geral do diálogo entre fenomenologia e behaviorismo. No segundo, tratar-se-á questões sobre o método e sua justificativa. No terceiro, discutir-se-á a superação da explicação comportamental pelo reflexo e como ela nos indica o movimento de convergência entre as filosofias de Skinner e de Merleau-Ponty.
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A desospitalização aparece como um importante movimento paradigmático em saúde mental no Brasil que ainda vivencia um processo de Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo central realizar um levantamento documental sobre o Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel, na Biblioteca Municipal e Arquivo Municipal de Araraquara. Buscou-se identificar, com isso, quais discursos foram produzidos sobre a instituição em uma perspectiva Construcionista Social. A partir da epistemologia da análise crítica do discurso foi possível construir dois temas centrais para análise temática: Cairbar e a marca religiosa na loucura e Cairbar na historicidade política. A identificação desses dois temas possibilitou analisar os documentos encontrados e relacioná-los às transformações de assistência à saúde mental, mediadas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, compreendendo a historicidade e a visão de loucura ligada ao discurso religioso.
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Propõe-se a análise de aspectos da teoria de Hermann von Helmholtz sobre a percepção espacial a fim de destacar algumas tensões básicas que constituem o cenário de seu projeto científico. Sugere-se que a sua teoria da percepção encerra a problemática da coexistência de duas estratégias metodológicas distintas para a investigação da percepção espacial e para a elaboração de sua epistemologia empírica. Para solucionar a aparente dicotomia metodológica de dois tipos de estudos e avançar a sua própria teoria da percepção e a sua epistemologia, Helmholtz parece ter adotado a estratégia de naturalizar muitos dos problemas transcendentais provenientes da filosofia kantiana. Apresenta-se, então, em um primeiro momento, os fundamentos metodológicos das pesquisas psicofísicas de Helmholtz. Na sequência, são apresentados e discutidos alguns temas exemplares de seu método de análise e de sua teoria da percepção espacial. Por fim, são fornecidos alguns comentários sobre a sua epistemologia empirista.
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O texto homenageia Arno Engelmann, Professor Titular do Departamento de Psicologia Experimental do IPUSP. São apresentados dados biográficos e a evolução de sua carreira na Universidade de São Paulo desde os primórdios do curso de Psicologia, na década de 1960, e a relevância de seu trabalho em suas áreas de atuação, como Evolução Histórica da Psicologia, Sensação e Percepção, Estados Subjetivos, Relatos verbais como acesso metodológico a estados de ânimo e à consciência. Suas contribuições como professor, orientador, pesquisador e suas relações pessoais como colega e amigo são ilustradas sob a forma de depoimentos escritos de alunos, orientandos, colegas e amigos, obtidos por meio de contatos por e-mail ou telefone no decorrer do ano de 2018.
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Este artigo analisa os textos publicados por Arthur Ramos nos Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, periódico mantido pela Liga Brasileira de Hygiene Mental. “A technica da Psychanalise infantil” (1933), “O furto dos escolares”(1934) e “A educação physica elementar (sob o ponto de vista da caracterologia)” (1935), conceituam ações terapêuticas e corretivas como fundamentais para a prevenção da doença mental e afirmam as aproximações entre a higiene mental, a psicanálise e a educação. Nossa problematização é compreender como os saberes psicológicos figuraram entre os elementos da expansão do poder psiquiátrico no Brasil. Nosso método consistiu na descrição das elaborações teóricas e, para nossa análise, trabalhamos com as noções propostas por Foucault sobre a constituição dos dispositivos disciplinares. Por fim, destacamos a sexualidade infantil e a infância como categorias políticas que significavam, enquanto objeto de intervenção, a garantia da modernização do país e a superação dos elementos irracionais.
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O presente artigo propõe-se a estabelecer um diálogo com o monaquismo beneditino, buscando situar a singularização monástica nos contextos contemporâneos, pelo viés dos estudos da subjetividade. Utilizando o método bibliográfico, partimos de uma retrospectiva histórica, localizando as origens do monaquismo cristão na figura dos “padres do deserto”, dos séculos III e IV da nossa Era. Detendo-nos em Bento de Núrsia e no documento que lhe é atribuído – Regra de São Bento – localizamos os monges beneditinos expandindo as fronteiras da cristandade ocidental ao longo do medievo, influenciando séculos do ocidente europeu. Nessa trajetória, observamos a importância das práticas contemplativas e da oração comunitária – a Liturgia das Horas – na caracterização de tal movimento, o qual, na contemporaneidade, mantém-se fiel às suas tradições culturais. Nesse sentido, buscamos refletir sobre a capacidade de resistência e de adaptação do monasticismo beneditino, diante das constantes transformações sociais e dos contextos capitalistas próprios da atualidade.
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O presente trabalho tem como objetivo compreender a presença da psicologia dentro do Exército Brasileiro nos anos de 1930 a 1960. Sua ênfase principal se situa na apresentação dos cursos de psicologia que eram ministrados no Exército nesse período. Para isso, utilizamos a metodologia histórica, privilegiando as fontes primárias encontradas em bibliotecas e arquivos especializados, principalmente do Exército. Nestas fontes, observou-se que a psicologia e steve presente em todo o período, de maneira variável. Inicialmente, encontramos referências à psicologia experimental. Depois, há um grande período cujo interesse se situa na psicotécnica. Finalmente, após a II Guerra Mundial, instaura-se a psicologia social, justificada, principalmente, pelo estudo da questão da liderança. Observa-se pois que a trajetória da psicologia no Exército acompanha sua história no Brasil.
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Esse artigo busca fazer uma análise crítica da forma como as ideias do psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault foram assimiladas e transmitidas pela psicanálise, sobretudo a partir da influência lacaniana. Pa ra tanto, faz-se, primeiramente, uma apresentação sintética das principais teses do autor, com destaque para aquelas contidas em seus estudos sobre o Automatismo Mental e a Erotomania. A seguir, a recepção psicanalítica dessas teses é discutida, a partir da apresentação e análise crítica dos exemplos mais representativos de seu estilo. O trabalho de Quentin Skinner sobre os equívocos históricos que frequentemente são cometidos no campo da história das ideias é utilizado como parâmetro para realização dessa análise crítica, sobretudo sua discussão sobre as mitologias que são muitas vezes construídas pelos historiadores das ideias. Como conclusão, argumenta-se que o trabalho psiquiátrico de Clérambault reaparece no pensamento psicanalítico contemporâneo como uma forma de mitologia da doutrina.
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O objetivo desta pesquisa é o estudo da experiência de imigração descrita nas cartas e nas memórias de Claire Lange. Analisamos as vivências por ela narradas, considerando a função psicológica das cartas enquanto vínculo do imigrante com seu passado. Focamos a dinâmica psicológica e as vivências relatadas pela autora à luz do texto “O Estrangeiro” de Alfred Schutz e à luz da fenomenologia de Edmund Husserl e de Edith Stein. Nos relatos de Claire foram encontradas vivências perceptivas, afetivas, de temporalidade e vivências espirituais de fé, concomitante às categorias de análise do texto de Schutz. No que diz respeito a estas categorias, evidenciamos três grupos de vivências: as primeiras vivências do estrangeiro como recém-chegado; a crise; os mecanismos de superação da crise. Conclui-se pela possibilidade de superação da crise através do compartilhamento de vivências com a alteridade presente nas relações sociais representadas pelos destinatários das cartas, e também na dimensão transcendente do divino.
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No presente artigo, temos como objetivo investigar elementos da vida e do pensamento do psicanalista austríaco Karl Weissmann, que viveu no Brasil entre 1921 e 1989. Para tanto, analisamos uma diversidade de arquivos, em especial seus próprios livros e artigos, visando discutir aspectos de seu trabalho com a psicanálise. Damos destaque para seu primeiro livro, publicado em 1937, época em que Weissmann desponta como psicanalista e intelectual de renome no país. A análise de seus textos evidencia uma leitura da psicanálise centrada no desenvolvimento da libido através das fases propostas por Freud, com um perfil de maturidade definida. Essa leitura possibilitou a Weissmann trabalhar psicanaliticamente no campo da criminologia, traçando tipos de crime a partir de transtornos no desenvolvimento. Ressaltamos a compatibilidade entre seu pensamento e o ideário político da Era Vargas, sobretudo quanto às noções de família e de infância, em sua relação com a perspectiva de desenvolvimento nacional.
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O problema da objetividade na escrita de uma biografia sempre assombrou os biógrafos. No caso dos estudos biográficos de Freud, essa questão é ainda mais complexa, já que seus primeiros biógrafos eram psicanalistas que tentavam mesclar o método biográfico e o psicanalítico. Discutiremos inicialmente a relação do biógrafo com seu sujeito e o grau de objetividade que é possível atingir ao narrar a vida de alguém. O problema da transferência e das distorções que ela introduz no texto também é abordado. Em seguida acompanharemos os biógrafos de Freud, percorrendo textos desde 1923, para compreender como eles tratam os desafios da relação biógrafo-biografado.
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Discutir o contexto histórico de produção científica é tarefa para uma historiografica crítica das ciências que tem sido levada a cabo em relação à psicologia soviética. Assim, teve-se como objetivo discutir o conceito de Círculo de Vigotski (cunhado por Anton Yasnitsky) em oposição à ideia de Escola contida em trabalhos brasileiros, evidenciando as consequências disso no país. Procurou-se apreender as configurações deste Círculo no contexto histórico da URSS. Como método, resulta de uma pesquisa bibliográfica acerca do Círculo de Vigotski na obra de Anton Yasnitsky e sobre o contexto histórico da URSS, além de uma revisão bibliográfica em artigos e livros disponíveis no Google Acadêmico em língua portuguesa. Os resultados salientam que o conceito de Círculo de Vigotski evidenciaria uma dimensão dialógica e polifônica da pesquisa científica na psicologia soviética em oposição à ideia de “Escola de Vigotski” e a percepção de que a pesquisa era feita de forma centralizada e hierarquizada.
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A Gestalt-Terapia surge nos EUA no ano de 1951 e chega ao Brasil no início da década de 1970. O presente artigo tem como objetivo apresentar a história e o desenvolvimento da Gestalt-Terapia no Brasil. Para tanto, aborda a recepção dessa abordagem psicoterapêutica em nosso país, considerando os elementos históricos que permitiram sua chegada, sobretudo o contexto sócio-político e a situação da psicologia como ciência e profissão na década de 1970. Discorre ainda sobre o desenvolvimento inicial desta abordagem no Brasil, apresentando sua difusão, crescimento e consolidação enquanto teoria e prática psicoterápicas. Por fim, assinala a expansão dos princípios gestálticos para outras áreas da psicologia, o que justifica a designação recente do termo abordagem gestáltica.
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Adotando como fonte de investigação o cancioneiro popular, este trabalho pretendeu investigar como, ao longo da história da música brasileira, a figura e aspectos da orixá Iemanjá foram transportados dos terreiros e incorporados como elementos da própria cultura brasileira, tornando-se presentes nas letras de canções como algo habitual, cotidiano. Para tanto, utilizamos a técnica da análise temática de conteúdo. Um total de 193 músicas foi submetido à análise. Em geral, é possível afirmar que as descrições de Iemanjá nas músicas analisadas se distanciaram da cosmovisão religiosa e da mitologia. As variações ocorridas entre 1933 e 2014 contribuíram para a popularização de Iemanjá na canção popular, e, ao mesmo tempo, para sua reapresentação enquanto figura autônoma em relação às religiões afro-brasileiras.
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