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A fundação do Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Leipzig, em 1879, é geralmente celebrada na literatura como o marco inicial da psicologia científica. No entanto, essa celebração raramente vem acompanhada de um maior esclarecimento acerca do significado daquela realização institucional para o desenvolvimento histórico da psicologia. O objetivo do presente trabalho é indicar alguns fatores histórico-culturais relacionados à fundação do referido Laboratório, enfatizando a influência de Wilhelm Wundt na formação e no treinamento de toda uma nova geração internacional de psicólogos. É possível compreender, assim, que a importância do Laboratório não reside exatamente no fato de ele ter sido o primeiro em seu gênero, mas sim no fato de ele ter se tornado o primeiro centro internacional de formação de psicólogos.
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Este trabalho tem como objetivo inicial uma discussão histórica (embasada no movimento da Nova História e da genealogia foucaultiana) em relação ao surgimento da psicologia do desenvolvimento. Em seguida, é proposta a hipótese de que este campo da psicologia tem como sua condição um duplo movimento: a) no século XVI, o surgimento da escola religiosa, da família como objeto de políticas de saúde e de uma experiência de infância como idade da inocência; b) no século XIX, a emergência de novas tecnologias de governo liberais, da escola laica e de uma imagem da infância calcada na evolução. Finalmente, é caracterizado o movimento de consolidação da psicologia do desenvolvimento, favorecido principalmente pelo funcionalismo norte-americano (articulado ao movimento da Escola Nova) e pelo sucesso dos testes mentais.
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Evidenciam-se contribuições dos fenomenólogos Stein e Wojtyla quanto à constituição da pessoa em ação. Analisando vivências, Stein sistematiza dinâmica da motivação: a pessoa volta-se intencionalmente para objeto apreendendo conteúdo de sentido para agir com liberdade a partir da correspondência entre provocações razoáveis indicadas pelo objeto e exigências constitutivas de si. Wojtyla analisa dinamismo da ação que revela e realiza a pessoa. Toda realização contém auto-realização por mobilizar a pessoa inteira a partir do seu centro, constituindo-se dever moral porque toca na verdade de si. Delineia-se percurso da experiência da ação pela apreensão da estrutura pessoal realizada em ato (Stein) e pela ação auto-realizadora reveladora dessa estrutura (Wojtyla). A novidade deste percurso consiste em: valorizar análise vivencial como caminho descritivo da subjetividade; evidenciar ação enquanto reveladora e constituinte da pessoa; reconhecer que o ser pessoa emerge de elaboração coincidente com o núcleo pessoal, capaz de formá-lo em sua unidade e totalidade.
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Esta pesquisa objetivou averiguar a possível existência de uma concepção de emoção intrínseca aos sentidos das águas na umbanda. Para tanto, examinou-se o simbolismo das águas presente em letras de músicas rituais da umbanda (pontos cantados). Foram coletados aproximadamente 1200 pontos e selecionados 155 que aludem à água. Averiguaram-se correlações entre qualidades de água e elementos significantes correlatos (rio, mar, cachoeira, areia, barco etc.) e os seus significados expressos no contexto das letras. As categorias de significados das águas encontradas foram: maternidade, segredo, nutriência, luz, batismo, vida e morte, balanço, limpeza e variações e nuances do tônus afetivo. Nos pontos, estes sentidos são fluidos e permeiam uns aos outros. Conclui-se que na umbanda o simbolismo das águas comporta uma concepção que lhe é peculiar de emoções, porém permeada de nuances de sentido que ultrapassam o âmbito psicológico e assumem conotações éticas e ontológicas.
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Este artigo tem por objetivo discutir as idéias de Martin Buber acerca da educação e do papel do educador em sua correlação com tempos de crise. O diálogo, a partir de uma interface entre a sociologia, a teologia e a filosofia, ocorre estimulado por dois temas fundamentais: a dor da barbárie e a esperança. Trabalhar com uma educação voltada para o diálogo e para a construção de uma cultura de paz e solidariedade em tempos sombrios e vazios de sentido como os nossos significa, antes de tudo, perceber a tensão entre esses dois eixos que envolvem a vida dos homens na sociedade atual. A perspectiva buberiana acerca da tarefa de educar vem, sem dúvida, levantar algumas questões fundamentais que remetem não só às exigências da condição de educador, mas às possibilidades de educar em meio ao caos e à violência deste século.
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Este artigo examina a desmontagem da Hipótese Repressiva de Michel Foucault com o propósito de verificar as condições mediante as quais o discurso freudiano sobre o sexo é construído. Antes de questionar a propalada repressão com a qual o freudismo firmou o seu lugar entre os saberes ocidentais, a letra foucaultiana nos convida realizar um ‘passo atrás’ para escrutinar o que permite à psicanálise efetivar um esforço obsessivo para enunciar uma suposta repressão. A questão é outra, portanto, bem aquém do fato de sermos ou não reprimidos: o que a psicanálise ganha com esse discurso? Para tanto, se recorre ao primeiro volume de História da Sexualidade de Foucault num esforço de construção de ferramentas conceituais para manejar elementos da rede epistêmica freudiana.
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Conceitos psicológicos presentes na psicologia contemporânea foram objeto de ampla discussão na teologia medieval, que produziu tradições que influenciam a psicologia moderna. Abordamos a psicologia de Tomás de Aquino. Nossa hipótese é que Tomás de Aquino é representante da psicologia intelectualista, mas incorporou a discussão sobre a vontade, introduzida pelo pensamento paulinoagostiniano e desconhecida pelo intelectualismo grego. No desenvolvimento de sua psicologia da relação entre intelecto e vontade Tomás de Aquino desenvolveu uma teoria da vontade teleologicamente orientada pelo intelecto, rompendo com a teoria agostiniana da vontade ambivalente. Argumentamos também que na psicologia moderna encontramos teorias nas quais há recorrência de problemas salientados na psicologia tomista.
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Estudaram-se características predominantes das formas de representação de si-mesmo na infância/adolescência em autobiografias de 27 escritores brasileiros do século XX, de diversos períodos literários que relataram episódios de relacionamentos adulto-criança e criança-adulto, no âmbito familiar. Marcados pelo sofrimento físico e/ou psíquico. A pesquisa documental tomou como temática a infância/adolescência e como personagens o adulto responsável e a criança/adolescente. O relacionamento da criança/adolescente-adulto responsável evidenciou-se (54,5%) pelo medo, submissão, indiferença afetiva ou ambiguidade (admiraçã-oódio). Na representação de si-mesmo na infância/adolescência predominou (66,3%) a negatividade caracterizada por sentimentos de culpa, fragilidade, fracasso, submissão, manipulação e infelicidade. Os resultados marcam o caráter evolutivo da construção de significados sociais da infância, no Brasil, próprias de práticas cotidianas da primeira metade do século XX; mostram a importância da família na estruturação das temáticas que orientaram a representação de si-mesmo e de modo mais amplo da cultura, moldando a concepção de pessoalidade do indivíduo.
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Da análise de algumas cartas Indipetae, chegamos a descrever um dinamismo de elaboração da experiência revelador de um modus vivendi construído sobre as bases da chamada psicologia filosófica aristotélicotomista. Com o presente artigo pretendemos apresentar um aspecto desse vivido e suas influências e implicações, tomando como referência os contextos histórico e institucional de produção do gênero de documentos com o qual trabalhamos – correspondência epistolar jesuítica –, bem como o horizonte retórico dessa produção. O aspecto a que nos dedicamos, presentemente, é à “obediência”: segundo passo de um dinâmica – a que demos o nome de “experiência de liberdade” – composta de três momentos: “conhecimento de si”, “obediência” e “consolação”. Como resultado da investigação, identificamos uma forma de compreensão da obediência somente possível na medida da consideração do Homem Total, na sua unidade biopsíquicosócioespiritual, típica da mentalidade da Antiga Companhia de Jesus.
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