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Em consonância com o reavivamento do debate em torno da consciência nas últimas décadas, o presente artigo propõe um foco no processo reflexivo da consciência, tratado na literatura científica internacional como o estudo do self. Uma análise histórica da teorização psicológica do self é contrastada com os resultados mais recentes da investigação empírica na área da psicologia do desenvolvimento. Aponta-se como as noções de narratividade, corpo e interação têm transformado a teorização psicológica do self, delineando uma nova problemática direcionada para uma perspectiva comunicacional. Argumenta-se que o problema do self pode ser reformulado em termos de uma relação entre consciência e suas formas de expressão, a partir do qual se define self como um processo de interação comunicativa entre consciência e corpo situado no mundo.
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O artigo oferece uma breve biografia de Ignace Meyerson e reproduz, em língua portuguesa, a bibliografia deste psicólogo. O objetivo é facilitar um primeiro contato com a obra desse autor e promover o conhecimento sobre sua obra. Da bibliografia merecem destaque as conferências e colóquios realizados pelo Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa e os títulos dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. A variedade dos assuntos das ementas dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais fornecem uma visão geral sobre a diversidade e a amplitude temática da psicologia histórica proposta pelo autor.
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Esse artigo discute as idéias sobre educação encontradas no jornal religioso Selecta Catholica (1846 – 1847), pretendendo contribuir para um maior entendimento de modelos educacionais do século XIX. Neste jornal, a educação é entendida como cultivo da inteligência e de virtudes, promovendo uma educação integral que compreende a vigilância sobre os costumes e o cuidado com o adequado desenvolvimento das faculdades da alma. Conclui-se que tal proposta educativa tem seus fundamentos na tradição cristã e em seus saberes, tais como os escritos de São Paulo, as filosofias aristotélico-tomista e agostiniana e os preceitos do Concílio de Trento que culminam na presença de uma concepção de ser humano como pessoa e da educação como percurso evolutivo.
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Os movimentos sociais no campo, de acordo com Martins (1993), em sua quasetotalidade, são marcados pela religiosidade. Partindo desta premissa, propõe-se neste artigo estabelecer algumas comparações entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Contestado e Canudos. Recorreu-se a um breve levantamento histórico, à sociologia e à psicanálise como referenciais teóricos norteadores das reflexões. Em Marx e Freud as idéias religiosas são identificadas a ilusões. Para Marx, a origem social da ilusão estava nas relações de classe, enquanto a origem subjetiva estava no desconhecimento. Para Freud, a origem da religião está no sentimento de desamparo e impotência humana, e a mesma cultura que produz sofrimento é a que disponibiliza as representações religiosas para aliviá-lo. Estas idéias são discutidas, assim como seus limites para compreensão do papel desempenhado pela religião no MST.
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Este trabalho busca caracterizar o surgimento da psicologia e da psicanálise segundo a malha conceitual apresentada na última fase do pensamento foucaultiano, condizente às práticas pelas quais os sujeitos tornam-se sujeitos de si mesmos. Trata-se das tecnologias ou técnicas de si, que são divisíveis em elementos como substância, askesis, práticas de si, e teleologia. A partir destes elementos, são distintos alguns sistemas éticos específicos, como uma ética pagã clássica; uma pagã tardia; uma cristã; e uma moderna. Para o surgimento dos saberes psi, Foucault avalia como crucial a ética cristã, a partir da invenção de uma nova substância ética, os nossos desejos, e de uma nova askesis, a hermenêutica de si. A meta deste pensador é mostrar que esta hermenêutica de si nada possui de universal ou necessário. Esta atitude de estranhamento de si será denominada ontologia histórica de nós mesmos, opondo-se à hermenêutica de si presente nos saberes psi.
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O presente artigo apresenta uma comparação entre a elaboração da essencialista Stein e do existencialista Buber apontando especificidades mas também elementos fortemente convergentes, embora traçados por caminhos independentes, a respeito do constituir-se pessoa. Stein identifica a formação propriamente humana e discute o problema de seu princípio formativo na própria pessoa e de sua relação com ambiente cultural. Buber identifica um itinerário de crescimento no sentido de a pessoa atingir a autenticidade e o destino humano. Para Stein, o mundo espiritual que plasma toda a realidade criada se enriquece por meio de sujeitos que contribuem coerentemente com sua própria estrutura pessoal. Para Buber, essa mesma contribuição autêntica, se dirigida ao absoluto a partir de cada condição limitada e circunscrita, possibilita a realização da pessoa de modo que a história cósmica dá mais um passo em relação ao seu sentido de ser.
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O presente artigo considera, inicialmente, o desenvolvimento da fenomenologia nos Estados Unidos da América a partir de William James e da transferência de importantes filósofos europeus para aquele país devido a Segunda Guerra Mundial. Em seguida apresenta a contribuição de Erwin Straus para a antropologia e para a psiquiatria fenomenológica, bem como a formação do World Institute for Advanced Phenomenological Research and Learning com Tymieniecka e outros. Periódicos como Philosophy and Phenomenological Research, Analecta Husserliana, Journal of Phenomenological Psychology, e The Journal of the Society for Existential Analysis, dentre tantos outros, são apresentado com seus programas interdisciplinares, interculturais e internacionais.
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A despeito do interesse atual das Ciências Humanas pela questão da Memória, tem-se subestimado a recorrência com que eventos recordados são identificados como saudosos no discurso do dia a dia dos brasileiros. Memória e Saudade não têm o mesmo significado, mas estão fortemente relacionadas. Como aponta para a valorização de um componente afetivo do conteúdo mnemônico, a problemática dessa relação é de interesse para o entendimento de processos psicossociais mais amplos. O presente estudo objetivou identificar distinções, analisando a produção teórica, nas noções de memória social e saudade. Num segundo momento, faz-se a proposta de que o tratamento articulado dessas duas noções pode resultar em ganhos na análise psicossocial das recordações.
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Com o objetivo de melhor delinearmos a origem da Psicopatologia do Trabalho na França e alguns dos seus desdobramentos, são apresentados determinados fatos sócio-históricos ocorridos naquele país no século XX. Tais desdobramentos possibilitaram a formação das modernas vertentes de pesquisas na área, como por exemplo os estudos de Paul Sivadon, Louis Le Guillant e Christophe Dejours. Também são feitas referências a algumas contribuições atuais em Saúde Mental e Trabalho para a proposta téoricometodológica de Le Guillant. Assim, pretende-se apresentar uma visão genealógica da disciplina para uma maior compreensão da sua ressonância sobre os aspectos teóricos e metodológicos que norteiam atualmente algumas linhas de pesquisas sobre a saúde mental dos trabalhadores.
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Analisa-se o processo de racionalização característico da sociedade moderna e a crise da razão iluminista. Com a desconstrução do passado são abandonadas promessas de felicidade, consideradas metanarrativas destituídas de credibilidade: as possibilidades de satisfação se concentram no presente, na sucessão das modas. O império do efêmero (Lipovetsky) libera o indivíduo do peso de sistemas de significado que exigiam dedicação e sacrifício. A colonização do mundo-da-vida por parte do mercado traz como conseqüência a banalização da existência (Arendt). Configura-se uma mutação antropológica, iniciada pela ruptura do entrelaçamento entre amor, sexualidade e procriação. Apontam-se mudanças na família: o valor da igualdade no quotidiano, originando formas mais democráticas de partilhar tarefas e responsabilidades; a exigência de satisfação no presente questiona o ideal de sacrifício da pessoa pelo bem da família. Na pluralidade de opções, os indivíduos movem-se entre a sedução do mercado e a autonomia da liberdade. Nesse contexto, desenvolvem-se as políticas familiares.
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O objetivo do trabalho é a análise de um sermão pregado pelo jesuíta Antônio de Sá em Salvador no ano de 1660, na Catedral da Sé, na ocasião da celebração do desagravo pelo ato sacrílego ocorrido naquele local, que destruiu parcialmente a estátua de Nossa Senhora das Maravilhas. O sermão introduz ao significado complexo da imagem sagrada na cultura católica da Idade Moderna, assim como foi sendo elaborado ao longo da tradição atualizada pelas normas do Concílio de Trento. Destacam-se três dimensões fundamentais: os efeitos da imagem no dinamismo anímico; o valor místico da imagem; o valor sacramental da mesma, pelo qual esta torna-se sinal do corpo da comunidade cristã na Bahia.
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Este trabalho surgiu de um convite feito por um professor de Educação Física da rede municipal de ensino, durante muitos anos voltado para o trabalho com sujeitos portadores de necessidades educativas especiais (SPNEE), para ministrar uma palestra sobre "Relações Familiares" para professores de Educação Física do Programa Esporte Para Pessoas Portadoras de Deficiências, o PEPPD, um projeto desenvolvido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Esportes e Lazer e Fundação Rio Esportes, em parceria com o Comando Militar do Leste e a Fundação de Apoio ao Instituto Benjamin Constant, em setembro de 2002. Em maio de 2003, indicada para atuar no mesmo, já como profissional "psi" prestadora de serviços ao referido Programa, pude me valer das conexões existentes entre a Disciplina Pedagogia Terapêutica, com a qual trabalhei, por cinco anos seguidos, no Curso de Psicologia de um Centro Universitário privado, e a de Conhecimentos Didático-Pedagógicos da Educação Especial, para a qual fui solicitada a lecionar, no Curso Normal de um colégio estadual, a partir de 2003. Pretendendo contribuir para o debate contemporâneo sobre "Corpo: psicologia e história", o texto visa a apresentar o processo de discussão que vem ocorrendo no locus da formação de professores de uma escola pública. Objetivando desconstruir certas práticas político-pedagógicas, vem apontar para as necessárias transformações conceituais, bem como institucionais, contribuindo para o fortalecimento dos movimentos sociais no tocante às imagens/formas de visibilidade do corpo dos S.P.N.E.E., em seus diferenciados matizes.
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O aumento da ocorrência da gravidez, a incidência de doenças sexualmente transmissíveis e o aumento da contaminação pelo vírus HIV entre adolescentes e jovens têm mbilizado esforços na área da educação, que através dos Parâmetros Curriculares Nacionais estipula como tema transversal a Orientação Sexual. A atenção ao adolescente e ao jovem tem sido alvo de fervorosos debates; no entanto, verifica-se uma quase total ausência de políticas que disponham sobre este ciclo da vida, o que gera como conseqüência uma falta de incentivo à implantação e implementação de estratégias e ações em diversos setores, como é o caso da educação. Ao mesmo tempo, os discursos e as ações dirigidas a este estrato populacional utilizam uma lógica que, via de regra, remete à sua patologização. Na ausência de uma perspectiva histórica que aponte para a produção da adolescência enquanto um grupo social com estilo de vida e características específicas, impõe-se uma naturalização desta etapa, acompanhada por uma patologização de suas formas de expressão. Neste contexto, o corpo do adolescente é alvo privilegiado de várias prescrições e proscrições dirigidas, prioritariamente, à sua sexualidade, que passa a ser analisada a partir da categoria “comportamentos de risco”. Este trabalho é uma tentativa de fazer face a este quadro. Para tal, consideramos de extrema importância um melhor conhecimento da forma como as categorias gênero, sexualidade e saúde reprodutiva são trabalhadas no contexto escolar. Tal fato implica que devemos considerar tanto as estratégias curriculares instituídas como os pontos de vista dos adolescentes e jovens, entendidos como protagonistas das ações, discursos e políticas das quais são objeto. Propomo-nos a investigar (além das referidas estratégias curriculares) estas concepções, assim como as concepções de outros atores da comunidade escolar, com vistas a oferecer subsídios para a elaboração de projetos que sejam considerados relevantes e que se baseiem nos princípios do protagonismo/ participação juvenil.
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No presente trabalho, partindo das considerações de Foucault a respeito das noções de autor e obra, e sua articulação com a de discurso, além de restos de lembrança pessoal e vasto material obtido via internet, pretende-se traçar um retorno aos processos de construção de Nicolas Bourbaki e Jérôme Jabin, de modo a abordar os efeitos envolvidos na escrita, tanto no que diz respeito às condições para sua consecução, como ao que dela decorre; os aspectos relacionados a seu registro e legitimação; a efetivação daquele que executa o ato de escrever como autor; e os desdobramentos que se efetuam sobre outros escritos.
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Este artigo tem como objetivo apresentar uma visão institucional da clínica, propondo, como elemento fundamental para dimensionar a prática da mesma, a construção de determinada noção de ética. A análise institucional é utilizada como ferramenta para um entendimento histórico-social do sujeito e, portanto, das práticas clínicas a ele voltadas. Procurando desfazer a falsa dicotomia entre clínica e política, opomo-nos a uma suposta neutralidade, na medida em que concebemos toda e qualquer prática como implicando um posicionamento político imanente. A perspectiva ética mencionada contrapõe-se a uma subordinação acrítica a um corpo teórico hermeticamente fechado, propondo uma relação de diálogo entre teoria e prática, privilegiando uma prática clínica voltada para a produção do novo e da diferença, ou seja, de processos de singularização, em detrimento de mecanismos de reprodução de modos dominantes de subjetivação. No que diz respeito à loucura, além de viabilizar a construção de modos de vida novos e autônomos, trata-se de conferir legitimidade e consistência aos territórios já construídos, quase sempre política e culturalmente esvaziados. Por fim, é discutida a experiência de estágio no Espaço Aberto ao Tempo, serviço de atenção diária em Saúde Mental, cuja prática assistencial – em permanente construção – vem se consolidando como experiência clínica singular.
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Baseada em etnografia realizada em um hospital público brasileiro especializado em assistência a doentes com câncer considerados sem possibilidades de cura, aliada à observação de congressos sobre Cuidados Paliativos e de pesquisa bibliográfica sobre o tema, apresento a trajetória do paciente a partir do diagnóstico de “fora de possibilidades terapêuticas”. O hospital observado, na cidade do Rio de Janeiro, se insere no modelo denominado internacionalmente de Cuidados Paliativos, implantado na Inglaterra e Estados Unidos no final da década de 1960. Segundo seus fundadores, esta proposta opõe-se a uma prática médica eminentemente tecnologizada, produtora de uma morte solitária e “desumana”. Os Cuidados Paliativos voltam-se à “humanização” do morrer e sua equipe multiprofissional busca prestar assistência à “totalidade bio-psico-social-espiritual” dos pacientes e de seus familiares, na qual a meta seria a produção de uma “boa morte”. Para a equipe observada, há um modelo “ideal” a ser percorrido pelo doente até a morte: incorporação da nova identidade – “FPT”, aceitação desta condição, resolução das pendências da vida, despedida das pessoas próximas e, sobretudo, despedida do próprio corpo e da vida. A ambigüidade da posição deste novo sujeito – não mais um doente qualquer, mas um “FPT”, ainda com vida, vivenciando seu período final, tomando decisões sobre o tempo que ainda lhe resta – é analisada e comparada com a produção estrangeira que reflete sobre a assistência paliativa. Discuto especificamente algumas situações observadas, nas quais surgiram tensões e conflitos entre profissionais, doentes e familiares – relativas a distintas concepções de corpo, expressão de sentimentos, despedida e, sobretudo, indivíduo e pessoa. Por fim, são abordadas as diferentes construções históricas e sociais em torno da morte, do luto e do lugar ocupado pelo doente.
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O presente trabalho é fruto de uma pesquisa de mesmo nome, iniciada em 2003 e vinculada ao Programa de Intervenção Voltado às Engrenagens e Territórios de Exclusão Social (PIVETES/UFF). Seu principal objetivo é colocar em análise as práticas que os psicólogos vêm produzindo no Judiciário, a saber, em Juizados da Infância e Juventude e em Varas de família no Estado do Rio de Janeiro. Para pensar o cotidiano desses profissionais e problematizar as instituições que vêm se afirmando nesse espaço, foram tomadas como ferramentas as noções de implicação, análise de implicações e sobreimplicação propostas por René Lourau. Através das entrevistas realizadas com os psicólogos, percebemos que o acúmulo de tarefas e a urgência em realizá-las, muitas vezes, possibilitam a constituição de um campo sobreimplicado, dificultando a análise das relações institucionais presentes nas práticas. Em contrapartida, encontramos também psicólogos que, fugindo de uma intervenção no campo do individual, onde a subjetividade é tomada como interioridade a ser diagnosticada ou interpretada, apostam na construção de uma prática que contextualiza sócio-historicamente o indivíduo como sujeito de direitos.
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Este artigo tem por objetivo uma melhor compreensão de um tipo de relacionamento sexual – a relação entre homens –, sobre o qual percebo haver uma carga de preconceitos, oriundos de um viés moral. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, o estudo de artigos, livros, dissertações e teses, nas áreas de psicologia e medicina, de diferentes autores que se dedicaram ao estudo do tema serviram de alicerce, com especial relevo aos trabalhos de Jurandir Freire Costa. No tocante ao recorte temporal, o texto passa, brevemente, pela Grécia e Roma Antiga, e discute o ocidente, especificamente o Brasil, nos séculos XIX e XX. Desta forma, o aprofundamento nos diferentes modos históricos de compreensão dessa forma específica de relação amorosa pareceu uma alternativa de auxílio à realização deste objetivo. É importante destacar que, ao aproximar estes modos históricos, o autor não tem por fim a simples comparação entre eles, mas sim dar atenção a uma diversidade de relações amorosas entre homens construídas ao longo dos tempos.
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