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O presente texto expõe de forma crítica uma discussão sobre o crescente interesse pela história da Psicologia no Brasil, e os desdobramentos que a análise deste tema trazem para a formação do psicólogo e a construção da teoria e da prática psicológicas. A autora propõe uma reflexão sobre a realidade histórica, social e política na qual a psicologia com pretensões à neutralidade científica se estabeleceu e a qual se deve reportar, obrigatoriamente, para se pensar a teoria e a prática psicológica nos dias atuais. A psicologia e a sua historicidade abrem possibilidades para se discutir não apenas os desdobramentos deste saber ao longo do tempo, mas também como as funções psicológicas estão submetidas à história, e como é possível, a partir desta relação com o saber histórico, evitarmos as armadilhas da naturalização.
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Este artigo visa refletir sobre a relação teoria/prática, utilizando como interlocutores elementos da história da Psicologia e autores como Isaías Pessotti e Sylvia Leser de Mello. A dissociação entre ciência e técnica na Psicologia brasileira compõe um contexto social mais amplo, a partir de uma tradição colonialista que visa importar técnicas para aplicação imediata, havendo uma precariedade na pesquisa e teorização. Antes da lei 4.119/62, que regulamenta a profissão de psicólogo no Brasil, encontrava-se a ação precedendo a teorização: o campo era ocupado pelos práticos-psicologistas. Assim, um dos motivos da regulamentação foi instituir a graduação universitária como única forma de acesso à profissionalização. Porém, ainda hoje a dissociação entre teoria e prática domina o cenário acadêmico e profissional no Brasil, impulsionado pela demanda empresarial, que incentiva uma formação pragmática. São questões que inquietam e preocupam, mas também mobilizam, no sentido de se buscar construir uma outra história para a Psicologia.
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Falar sobre História da Psicologia muitas vezes implica em falar sobre a história de pessoas que contribuíram em sua escrita e do profissional “psi”. A análise da atípica trajetória profissional de Miriam Langebach exemplifica esta conexão entre vida e história. A experiência, durante a graduação na PUC Rio, da intervenção externa e abertura do SPA (ex-IPA), reflete-se em seus estudos e em sua prática docente. O caminho traçado afasta-se de uma pesquisa histórica, mas não de um fazer e ser história, no qual o resgate do processo social dentro da Universidade proporciona a percepção do ser humano como parte do meio ambiente. O resultado é o surgimento de uma nova cadeira: Psicologia Aplicada ao Meio Ambiente; e a criação do programa de Vídeos Ecológicos da PUC Rio.
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O artigo estabelece uma periodização da história das transformações ocorridas no campo da saúde mental brasileira nas duas últimas décadas como ponto de partida para analisar a formação dos psicólogos e, sobretudo, a prática profissional que estes vêm desenvolvendo dentro do referido campo. Valendo-se de uma matriz conceitual interdisciplinar, o autor busca resumir os desafios e inovações que o campo da saúde mental vem colocando para todos os profissionais que atuam no seu meio nos últimos vinte anos, particularmente no atual processo da reforma psiquiátrica brasileira. Para cada conjuntura ou período histórico específico, o artigo apresenta uma ampla pesquisa documental e um quadro de como os profissionais e as entidades representantes da psicologia vem respondendo a estes desafios colocados pelos novos programas em saúde mental. O artigo conclui que, no campo da psicologia, estes desafios vêm criando uma nova cultura profissional ainda restrita ao nível da pós-graduação e dos novos serviços, deixando de fora a formação básica de graduação do psicólogo, ainda dominada pelo modelo de profissional clínico liberal.
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O artigo investiga a história da formação em Psicologia no Rio de Janeiro, considerando seus contextos de produção: conflitos, relações, lutas, alianças e suas implicações. Partindo da hipótese de que as primeiras instituições formadoras, embora compartilhassem uma cultura psicológica comum quando de sua criação, apresentaram desenvolvimentos diferenciados, três instituições são analisadas: ISOP, referência em Psicologia Aplicada, criado em 1947 por Mira y López, formando "psicotécnicos" ou "psicologistas"; Instituto de Psicologia da atual UFRJ, criado em 1964 a partir da Faculdade Nacional de Filosofia e de seu Instituto de Psicologia; Instituto de Psicologia Aplicada da PUC-RJ, iniciado em 1953, considerado o primeiro curso de Psicologia do país. A reconstrução de seus processos de criação aponta uma variedade de acontecimentos distintos em cada uma delas, permitindo tecer uma história crítica e plural, que vai além de datas, nomes e instituições, ajudando a desconstruir dogmatismos e saberes-competências-dominações estabelecidos.
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A década de setenta na América Latina é um período marcado por sangrentas ditaduras; no Brasil, especificamente, é a época da censura com o AI-5 e também do “milagre brasileiro”. O estudo dos discursos então vigentes identifica a produção e divulgação de categorias, como o “subversivo” e o “drogado”, permitindo uma análise das práticas “psi” existentes, em especial as de caráter hegemônico ligadas à psicanálise. A investigação de como estas práticas colaboraram para a construção e perpetuação de tais conceitos revela uma complexa rede de demandas e a atuação de alguns profissionais junto a órgãos de repressão do governo. Esta releitura da história oficial a partir de uma história do presente implica em uma nova forma de pensar a genealogia de algumas práticas “psi” no Brasil, ao apontar como algumas delas, ainda hoje, fornecem seu respaldo científico a produção de subjetividades excludentes.
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O texto visa demonstrar como uma leitura antropológica do mundo “psi” foi possível em determinado momento do desenvolvimento de ambos os campos no Rio de Janeiro, em meio à repressão política, ao movimento da contra-cultura, à antipsiquiatria, e ao boom psicanalítico, dentre outros acontecimentos que cerceiam os anos 70. É nesse contexto que a Antropologia entra em cena com o objetivo de analisar criticamente o modo psicologizado de ver e interpretar o mundo. Contribuem para esta leitura a aliança entre “psis” e cientistas sociais e, principalmente, sua ruptura. Esta não só eleva a necessidade de discorrer sobre as diferenças entre os ofícios do antropólogo e do psicanalista, como também, a de relatar as disputas internas ao campo “psi”.
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O trabalho defende que a tensão entre a disposição de busca da verdade pela ciência e a reserva romântica é fundamental para podermos efetivamente continuar preservando o que temos de melhor na cultura ocidental moderna, que nos estrutura como ficção razoável: cultivar, como método, um "universalismo romântico". O autor indica algumas hipóteses para que a história das idéias ocidentais se organize segundo essas linhas de força: a própria existência de uma cultura ocidental moderna; a presença da ideologia do individualismo nesta cultura; a tensão constitutiva entre o individualismo – de origem racionalista-empirista, e a resistência romântica – por meio das noções de totalidade. No caso da psicologia, seria vital para seus rumos teóricos e práticos a reflexão sobre o caráter instituinte dessas dimensões profundas de nossos saberes.
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O artigo analisa os desafios colocados para a história e para a psicologia, os quais, muitas vezes, têm recebido soluções criticadas pela autora, que ora promovem fusões equivocadas – uma história psicologizante – ora tendem para generalizações estéreis. Como exemplo de um modo produtivo de relacionar esses dois saberes, cita-se o livro de Marcel Proust, “Em Busca do Tempo Perdido”, obra de ficção, na qual o histórico e o psicológico se articulam, sem entretanto esgotar o desafio, que permanece, de construir um projeto cognitivo, e não somente ficcional, capaz de enfrentar as tensões e lidar com os conflitos constituintes tanto da história quanto da psicologia.
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O texto, introdutório de uma mesa-redonda propõe reflexões, a partir das idéias dos debatedores Luiz Fernando Duarte, Virgínia Fontes e Magali Engel, sobre os saberes e práticas psi que, em nome de um suposto bem comum, estariam limitados a essa ideologia, dispensando qualquer relação com outros saberes, visões de mundo ou outras práticas. O texto destaca que esses questionamentos só começaram a se concretizar, no Brasil, a partir de 1978, com o surgimento de movimentos sociais que levaram à redemocratização brasileira.
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O texto descreve a trajetória profissional do autor, que, ao analisá-la, tece ao mesmo tempo uma história da institucionalização da psicologia no Rio de Janeiro. Sublinha os caminhos percorridos por esta disciplina em seus encontros com outros campos de saber, entre eles a educação e a filosofia. Detém-se no processo de criação dos cursos universitários de formação de psicólogos, notadamente o processo referente ao curso de Psicologia da então Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Apresenta suas opções teóricas relativas à fenomenologia, o encontro com seu mestre Nilton Campos e a relação profissional e de vida com Eliezer Schneider, com o qual enfrentou desafios nos momentos de turbulência política decorrentes da ditadura militar instalada em 1964 no Brasil e com o qual criou o Boletim de Psicologia do Instituto de Psicologia da então Universidade do Brasil e o curso de Psicologia dessa universidade.
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Os professores do ensino superior devem estar atentos para o desenvolvimento de recursos pedagógicos que possibilitem novas oportunidades de aprendizagem para os estudantes. Este artigo pretende descrever a utilização, pela autora, do desenho animado de longa metragem George, o Curioso na disciplina de História e Sistemas em Psicologia I durante o ano de 2008. Esse filme possibilita a articulação dos conceitos e das teorias do Funcionalismo com a história contada na tela. As vantagens desse tipo de recurso incluem a menor duração dos desenhos animados quando comparados com filmes com atores, permitindo melhor uso do tempo em sala de aula, e também a facilidade em identificar os tópicos levantados pelo professor, pois o roteiro pressupõe consistência de comportamento dos personagens, narrativa linear e desfecho explicativo. Longe de promover uma infantilização dos estudantes, esse recurso abre uma via de diálogo entre estes e a ciência psicológica, resgatando a ludicidade da aprendizagem.
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O artigo apresenta uma experiência de ensino de História de Psicologia em um curso de Mestrado em Psicologia. Inicia com um panorama histórico de como e por quais motivos a disciplina foi incluída no currículo do curso. Descreve sua programação, explicita seus objetivos, as ênfases de conteúdo, metodologia e bibliografia utilizada. Apresenta a avaliação que os alunos fizeram da disciplina ao final do semestre letivo, bem como o tipo de produção contida em seus trabalhos finais. Analisa todas essas informações a partir dos objetivos da disciplina e finaliza com uma breve reflexão sobre a concepção de história que fundamenta esta experiência didática.
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Este artigo visa discutir a delimitação conceitual do campo de estudo do desenvolvimento humano levando em consideração perspectivas e tendências atuais nesta área. Na medida em que psicólogos do desenvolvimento enfrentam novos desafios e este campo de conhecimento evolui novos paradigmas surgem, oferecendo subsídios teóricos e metodológicos para prática profissional de psicólogos e profissionais de áreas afins. Pretende-se também apresentar uma atualização da descrição da evolução histórica da psicologia do desenvolvimento desde seu período formativo até os dias atuais. Por fim com base nos Grupos de Trabalho da ANPEPP (X e XI Simpósio) faz-se uma análise das tendências de produção científica nacional nesta área.
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Procura-se, aqui, saber por que a Psicologia, mesmo almejando-se científica, possui uma multiplicidade de orientações, sem que nenhuma saia vencedora, ou, ao menos, perdedora. Sem se ater à qualquer juízo epistemológico sobre a cientificidade da Psicologia, o que se busca aqui é a constituição de modelos que dêem conta deste estado de coisas. Inicialmente postula-se um modelo sincrônico e descritivo deste quadro da Psicologia, batizado de máquina de múltiplas capturas. Sugere-se aqui que as diferentes Psicologias representam diversos modos em que práticas sociais são acopladas a conceitos científicos que, com este poder de ser ciência, retornam às práticas sociais, produzindo subjetividades. Para explicar o funcionamento destas máquinas, é constituído um modelo diacrônico que visa buscar as condições históricas destas múltiplas capturas na modernidade, onde são inventadas diversas cisões como as existentes entre: homem X natureza; indivíduo autônomo X controlado; sujeito empírico X transcendental, passíveis de várias combinações.
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