A sua pesquisa
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O objetivo desta pesquisa é o estudo da experiência de imigração descrita nas cartas e nas memórias de Claire Lange. Analisamos as vivências por ela narradas, considerando a função psicológica das cartas enquanto vínculo do imigrante com seu passado. Focamos a dinâmica psicológica e as vivências relatadas pela autora à luz do texto “O Estrangeiro” de Alfred Schutz e à luz da fenomenologia de Edmund Husserl e de Edith Stein. Nos relatos de Claire foram encontradas vivências perceptivas, afetivas, de temporalidade e vivências espirituais de fé, concomitante às categorias de análise do texto de Schutz. No que diz respeito a estas categorias, evidenciamos três grupos de vivências: as primeiras vivências do estrangeiro como recém-chegado; a crise; os mecanismos de superação da crise. Conclui-se pela possibilidade de superação da crise através do compartilhamento de vivências com a alteridade presente nas relações sociais representadas pelos destinatários das cartas, e também na dimensão transcendente do divino.
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No presente artigo, temos como objetivo investigar elementos da vida e do pensamento do psicanalista austríaco Karl Weissmann, que viveu no Brasil entre 1921 e 1989. Para tanto, analisamos uma diversidade de arquivos, em especial seus próprios livros e artigos, visando discutir aspectos de seu trabalho com a psicanálise. Damos destaque para seu primeiro livro, publicado em 1937, época em que Weissmann desponta como psicanalista e intelectual de renome no país. A análise de seus textos evidencia uma leitura da psicanálise centrada no desenvolvimento da libido através das fases propostas por Freud, com um perfil de maturidade definida. Essa leitura possibilitou a Weissmann trabalhar psicanaliticamente no campo da criminologia, traçando tipos de crime a partir de transtornos no desenvolvimento. Ressaltamos a compatibilidade entre seu pensamento e o ideário político da Era Vargas, sobretudo quanto às noções de família e de infância, em sua relação com a perspectiva de desenvolvimento nacional.
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O problema da objetividade na escrita de uma biografia sempre assombrou os biógrafos. No caso dos estudos biográficos de Freud, essa questão é ainda mais complexa, já que seus primeiros biógrafos eram psicanalistas que tentavam mesclar o método biográfico e o psicanalítico. Discutiremos inicialmente a relação do biógrafo com seu sujeito e o grau de objetividade que é possível atingir ao narrar a vida de alguém. O problema da transferência e das distorções que ela introduz no texto também é abordado. Em seguida acompanharemos os biógrafos de Freud, percorrendo textos desde 1923, para compreender como eles tratam os desafios da relação biógrafo-biografado.
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Discutir o contexto histórico de produção científica é tarefa para uma historiografica crítica das ciências que tem sido levada a cabo em relação à psicologia soviética. Assim, teve-se como objetivo discutir o conceito de Círculo de Vigotski (cunhado por Anton Yasnitsky) em oposição à ideia de Escola contida em trabalhos brasileiros, evidenciando as consequências disso no país. Procurou-se apreender as configurações deste Círculo no contexto histórico da URSS. Como método, resulta de uma pesquisa bibliográfica acerca do Círculo de Vigotski na obra de Anton Yasnitsky e sobre o contexto histórico da URSS, além de uma revisão bibliográfica em artigos e livros disponíveis no Google Acadêmico em língua portuguesa. Os resultados salientam que o conceito de Círculo de Vigotski evidenciaria uma dimensão dialógica e polifônica da pesquisa científica na psicologia soviética em oposição à ideia de “Escola de Vigotski” e a percepção de que a pesquisa era feita de forma centralizada e hierarquizada.
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A Gestalt-Terapia surge nos EUA no ano de 1951 e chega ao Brasil no início da década de 1970. O presente artigo tem como objetivo apresentar a história e o desenvolvimento da Gestalt-Terapia no Brasil. Para tanto, aborda a recepção dessa abordagem psicoterapêutica em nosso país, considerando os elementos históricos que permitiram sua chegada, sobretudo o contexto sócio-político e a situação da psicologia como ciência e profissão na década de 1970. Discorre ainda sobre o desenvolvimento inicial desta abordagem no Brasil, apresentando sua difusão, crescimento e consolidação enquanto teoria e prática psicoterápicas. Por fim, assinala a expansão dos princípios gestálticos para outras áreas da psicologia, o que justifica a designação recente do termo abordagem gestáltica.
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Adotando como fonte de investigação o cancioneiro popular, este trabalho pretendeu investigar como, ao longo da história da música brasileira, a figura e aspectos da orixá Iemanjá foram transportados dos terreiros e incorporados como elementos da própria cultura brasileira, tornando-se presentes nas letras de canções como algo habitual, cotidiano. Para tanto, utilizamos a técnica da análise temática de conteúdo. Um total de 193 músicas foi submetido à análise. Em geral, é possível afirmar que as descrições de Iemanjá nas músicas analisadas se distanciaram da cosmovisão religiosa e da mitologia. As variações ocorridas entre 1933 e 2014 contribuíram para a popularização de Iemanjá na canção popular, e, ao mesmo tempo, para sua reapresentação enquanto figura autônoma em relação às religiões afro-brasileiras.
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O presente trabalho é um estudo teórico que tem por objetivo traçar um panorama sobre o campo de pesquisas sobre resiliência para situar as contribuições atuais daquelas realizadas a partir das Abordagens baseadas em Trajetórias. São retomadas quatro fases das pesquisas e discutidos conceitos relevantes associados, como adversidades e risco; fatores de resiliência; coping; critérios de avaliação, como competência ou ausência de psicopatologia; e trajetórias de enfrentamento. Apresenta considerações sobre as diferenças entre os estudos que focalizam os enfrentamentos de condições estressantes crônicas e aqueles que estudam os enfrentamentos de adversidades pontuais agudas, discutindo as implicações dessas diferenças para os estudos sobre resiliência. Por fim, são discutidas as contribuições que as chamadas Abordagens baseadas em Trajetórias oferecem, com a explanação acerca das várias possibilidades de trajetórias percorridas pelos sujeitos antes e após o enfrentamento de adversidades.
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Neste estudo, objetivou-se analisar as representações sociais da história da América Latina para latino-americanos. Os dados foram coletados por meio de questionário online, contendo questões de evocação livre sobre acontecimentos e personalidades importantes na história latino-americana. Participaram do estudo 213 estudantes brasileiros, chilenos e mexicanos, com idades entre 18 e 35 anos. Seguindo orientação teórico-metodológica da análise estrutural da Teoria das Representações Sociais, os dados foram processados com o Programa EVOC. Os resultados indicaram que, para os participantes, os eventos mais centrais à memória social da América Latina são a colonização e as independências, enquanto as principais personalidades mencionadas foram Cristóvão Colombo e Simón Bolívar, em consonância com a dinâmica nuclear conquista/descobrimento, colonização e independências. Discute-se a articulação entre memória, identidade e representações sociais para a compreensão da forma como os grupos lidam com o seu passado, a partir do presente.
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Esse estudo pretende pensar na psicanálise enquanto uma prática clínica essencialmente compatível com certas características dos fenômenos místicos, o que lhe permite abordá-los clinicamente. Iniciamos o texto apresentando nossa compreensão de mística como um fenômeno de alteridade ontológica, ao contrário de uma produção subjetiva do ser humano. A partir disso, abordamos três características da psicanálise que a tornam relevantes para uma clínica dos fenômenos místicos: seu método apofático, sua prática de desconstrução identitária do “eu” e sua inscrição antropológica entre o universal e o particular. Finalizamos o estudo, dessa maneira, pensando na possível função clínica da psicanálise ao abordar a mística, a partir da ideia de adoecimentos espirituais.
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Este artigo apresenta o relato de uma pesquisa em psicologia que buscou identificar nas mediações presentes na história de um sujeito, da infância à adolescência, características do seu processo de formação como leitor. O estudo consistiu na entrevista de uma adolescente utilizando, como procedimentos metodológicos, a História Oral associada à interpretação por Núcleos de Significação, compondo, assim, um campo de análise entre a história da entrevistada em contraponto e complemento às produções científicas que discorrem sobre a leitura e sobre seus modos de subjetivação, segundo a teoria Histórico-Cultural. Os resultados evidenciaram que a categoria atividade foi capaz de explicar a mediação interposta entre a linguagem escrita, representativa do patrimônio humano-genérico, e sua consolidação na formação humana singular de um sujeito leitor. O estudo reitera a função da educação escolar, notadamente nos espaços da educação infantil e do ensino fundamental, na configuração desses processos mediadores.
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Os testes de inteligência desenvolvidos no início do XX tiveram papel decisivo no processo de reorganização da educação escolar brasileira. Em Belo Horizonte, à Escola de Aperfeiçoamento de Professores cabia a função de capacitar os professores para práticas modernas e científicas. O objetivo da presente pesquisa foi analisar os conceitos de inteligências que circularam em Minas Gerais nas décadas de 1920 e 1930, sob a influência do ensino dos testes aos alunos da Escola de Aperfeiçoamento. Como metodologia, partimos do conceito de recepção/circulação, que se refere ao processo de apropriação dos instrumentos, ideias e conceitos produzidos em outros locais. Como resultado, pudemos demonstrar que a utilização prática dos testes teve supremacia sobre o debate teórico sobre a noção de inteligência. Concluímos que a experiência da Escola de Aperfeiçoamento deu ênfase à utilização pragmática dos testes, em detrimento da discussão teórica sobre a inteligência.
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Editorial 36
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Neste artigo, evidenciamos e discutimos fundamentos de uma concepção estrutural-fenomenológica da percepção a partir de Merleau-Ponty. Focalizamos extratos de investigações do filósofo acerca da organização perceptiva, mais especificamente, sobre a relação entre a propriedade objetivante da percepção e a sua articulação com o fundo perceptivo. Nossa argumentação centra-se em três pontos principais: a relação entre a propriedade presentativa da percepção e o campo da sua manifestação a partir de pressupostos fenomenológicos e gestaltistas; a atestação, mediante o exame da crítica à hipótese de constância, da operância silenciosa do fundo perceptivo; e a exploração dos fatores funcionais envolvidos na organização perceptiva.
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O presente artigo aborda o termo “mulata” e, na tentativa de compreender a maneira específica como as artes plásticas se apropriaram dessa personagem, escolhemos a produção de Di Cavalcanti para investigar, reconhecido no mundo das artes como o “pintor das mulatas”. Diante da escolha do nosso objeto de estudo, nos propusemos, então, a identificar, descrever e analisar os elementos de significado presentes em obras que retratam mulatas, executadas pelo artista, procurando considerá-los segundo questões de raça, gênero e classe. Elegeu-se a interseccionalidade como o principal caminho teórico a se percorrer, tentando apreender melhor o fenômeno social que permeia a personagem “mulata” e suas características singulares. Como método, optou-se pela análise semiótica de três imagens. Os achados apontam a vulnerabilidade da mulher negra/mestiça por ter sua vida marcada pelas sobreposições de três eixos de subordinação: raça, gênero e classe.
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O filósofo Charles Taylor destaca a perspectiva moral por meio de uma história da formação da subjetividade moderna. Segundo ele, tal perspectiva pode iluminar alguns dos seus mal-estares: o individualismo moral e a crise dos significados da secularização, além da persistência ambígua da religião na organização da vida pública contemporânea. Ao sentido desse movimento profundo da moral ocidental, Taylor dá o nome de ética da autenticidade, cujo valor positivo é contraposto a essa degradação através desses três sinais de decadência e sintomas de mal-estar. O objetivo do artigo é explorar a ambiguidade presente na modernidade conforme descrita por Taylor. Guiando-nos pelas relações entre autenticidade e religião, exploramos os temas do individualismo moderno, dos significados da secularização e do impacto da religião na formação política do Ocidente.
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Nos estudos da história da psicologia brasileira, um campo que costuma ser pouco investigado é o da história de suas entidades políticas. Este artigo visa realizar um histórico do movimento estudantil de psicologia para discutir suas práticas políticas. Realizamos uma revisão bibliográfica e a observação participante de Encontros Nacionais de Estudantes de Psicologia. Diferenciamos quatro formas de organizações estudantis a partir do conceito de movimento social de A. Melucci: a organização tradicional que tem fins políticos, a associação esportiva, a empresa júnior e os coletivos sociais autônomos. Concluímos que o movimento estudantil de psicologia modulou sua atuação a partir dos principais acontecimentos políticos do país, como a opressão do regime militar, a redemocratização do país, a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao Governo Federal e o atual momento de crise política e radicalização das lutas sociais. Sua atuação também focou a formação em psicologia, com muitos debates sobre o currículo dos cursos de psicologia desde a década de 1960.
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Trata sobre a importância de Abdias Neves (1876-1928) para história da psicologia no Piauí, com o polêmico Psychologia do Christianismo. Neste livro, o autor toma a Psicologia como argumento central para pensar a relação dos homens com os mitos, suas transformações e relações com a religião. Objetiva-se, portanto, apresentar em linhas gerais de que modo a Psicologia comparece no conjunto da obra do autor, para em seguida situar a estrutura do livro, o conjunto de autores e ideias que Abdias Neves fez uso para sustentar a linha argumentativa do seu Psychologia do Christianismo, além da síntese do livro. Trata-se de um estudo bibliográfico. Para o autor, a Igreja Católica, consolidou sua hegemonia e poder também por meio do investimento de experiências e sentimento religioso, constituindo uma espécie de “eu psicológico”. Apesar de esquecido, é um livro de estimado valor para memória da psicologia piauiense e, quem sabe, brasileira.
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Entre 2000 e 2025
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