A sua pesquisa
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O artigo aborda a emergência do movimento contemporâneo da História Oral, ligado a Allan Nevins e ao Oral History Research Office da Universidade de Columbia. A despeito do reconhecimento de experiências anteriores nas ciências sociais do século XX e da busca de precursores, como Heródoto, na Antiguidade, analistas da História Oral preferem situar os começos do movimento no pós-guerra norte-americano. Nesta linha, esforços têm sido feitos para identificar os motivos de tal datação e localização – contexto no qual igualmente se insere a presente discussão, que recorre a ferramentas foucaultianas para circunscrever o modo de produção de uma história oral posteriormente designada como “modelo Columbia”. Levando em conta que a tentativa de introduzir a disciplina no Brasil, em 1975, esteve sob a égide de tal modelo, põe-se em análise a hipótese de que nossa história oral tenha emergido na forma de uma história das elites.
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Recorrendo ao conceito deleuziano de intercessor, o artigo visa a por em cena certa prática da História Oral como dispositivo epistemológico-narrativo de invenção. Os problemas que assediam os oralistas se prendem, hoje, menos a demonstrações de que as fontes orais devam gozar do prestígio associado a procedimentos científicos do que a uma singularização da História Oral enquanto crítica em ato aos cânones hierarquizantes no campo da pesquisa social – âmbito em que as contribuições de Alessandro Portelli se mostram decisivas. O livro Changer de société. Refaire de la sociologie, de Bruno Latour, permite fabricar uma intercessão adicional, pois a análise latouriana potencializa as proposições de Portelli quanto à forma de representatividade imanente à História Oral e ao valor diferencial da relação entrevistador-entrevistado no que tange à reflexividade.
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A memória é considerada como um processo psicológico chave. Nas últimas duas décadas muitas visões diferentes de como a memória é representada e organizada foram apresentadas. No século XIX, Wilhelm Wundt conduziu um número de experimentos sobre a memória que parecem ter sido negligenciados por psicólogos cognitivos modernos e neurocientistas. Neste trabalho, conceitos fundamentais do sistema de Wundt são revisados (objeto e método de psicologia, mente e causalidade psíquica) e algumas de suas investigações experimentais sobre a memória são expostas. A perspectiva wundtiana reflete uma estrita aderência a um método firmemente calcado num abordagem teórica onde a memória está inserida em um projeto de pesquisa sobre a exploração da experiência consciente. Esta revisão da abordagem wundtiana sobre a memória objetiva também relacionar a psicologia da memória de Wundt com as pesquisas contemporâneas em psicologia do desenvolvimento e fornecer algumas questões para o debate sobre o conceito de memória, sua natureza e sua relação com fenômenos como a consciência.
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Neste artigo, propomos situar a filosofia brasileira em função da consciência de si como problema essencial, assim estabelecendo uma ideia de filosofia como “ciência” do espírito. Para tanto, buscamos apontar para a introspecção como o método filosófico capaz de levar a uma consideração da alma em separado do corpo, o que une Farias Brito a seus antecessores no Brasil, dentre os quais Padre Vieira, Gonçalves de Magalhães e Tobias Barreto, bem como a Henri Bergson e Edmund Husserl no cenário europeu. Propusemo-nos também demonstrar que somente com a irrupção das ciências da natureza e da filosofia moderna que se torna possível discutir em profundidade a ideia de uma “ciência” do espírito como o problema da filosofia em sua historicidade. Por fim, e a partir da análise das especificidades da intuição e do método analítico, defendemos que o método experimental não pode considerar o psíquico em sua especificidade.
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Este artigo visa mostrar aspectos fenomenológicos do pensamento de Carl Rogers, de acordo com a concepção husserliana de fenomenologia. Na primeira parte apresenta o essencial das idéias de Husserl sobre a fenomenologia, baseando-se em textos de síntese do próprio filósofo. Na segunda parte, para representar o pensamento de Rogers, foi escolhido o primeiro capítulo do livro Tornar-se pessoa. Pretendeu-se uma compreensão teórica, mais do que o de uma busca literal. Embora o vocabulário desses dois autores não seja idêntico, ficam patentes alguns aspectos fenomenológicos de Rogers no que se refere à psicoterapia e à sua abordagem aos conflitos humanos. O aprofundamento sucessivo da redução fenomenológica, em Husserl, corresponde, em Rogers, a uma série de renúncias que levam o terapeuta a participar do vivido do cliente naquilo que ele tem de mais pessoal e muitas vezes escondido.
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O pensamento psicológico de Christian Wolff constitui uma das mais significativas referências para o desenvolvimento conceitual e metodológico da psicologia a partir do século XVIII. Contudo, Wolff vem sendo ignorado na literatura psicológica, sobretudo no caso brasileiro. O objetivo do presente trabalho é apresentar a relação corpo-alma em seu pensamento psicológico, a partir da análise de seu primeiro tratado metafísico sistemático: a Metafísica Alemã (1720). É discutido, primeiramente, o lugar da questão em seu sistema, considerando dois níveis de análise: o empírico e o racional. Segue-se apresentando as três teorias ali discutidas: o influxo natural, a intervenção imediata de Deus e a harmonia pré-estabelecida. Por fim, é feita uma análise de algumas relações entre esta última e o sistema wolffiano.
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O estudo objetivou investigar a articulação entre campo afetivo e dimensão icônica na objetivação de representações de rural/cidade junto a quatro gerações de moradores de uma comunidade rural. Os dados foram coletados através de entrevistas que focalizaram: campo afetivo, sistematizado através da Análise de Conteúdo; levantamento das características positivas e negativas do campo/cidade, dados submetidos ao SPSS-17; núcleo figurativo dos objetos e articulação entre a dimensão afetiva e o componente icônico, dados processados através do software ALCESTE. Os resultados indicaram a associação dos objetos rural e cidade, respectivamente, a afetos positivos e negativos, dinâmica que se confirma no conteúdo icônico das representações. A elaboração do núcleo figurativo de rural apóia-se na idéia de equilíbrio/harmonia, enquanto a cidade é representada como caótica/desordenada. Na articulação entre dimensão afetiva e componente icônico, discute-se a função das imagens objetivadas como sistema de referência que orienta processos de identificação social com a categoria rural.
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Este estudo apresenta o arcabouço de idéias humanísticas desenvolvido por Miguel Rolando Covian no âmbito da universidade: como cientista que foi, através de artigos científicos e de várias iniciativas concretas buscou enfrentar o problema da atual crise no campo das ciências modernas e na formação humanística do estudante universitário. No pensamento de Covian verifica-se a particular contribuição de três autores contemporâneos, muito lidos e comentados por ele, representantes de três diferentes áreas do conhecimento – Teilhard de Chardin, José Ortega y Gasset e Thomas Merton. A relevância teórica e testemunhal destes autores para o pensamento de Covian evidencia-se na estreita relação de idéias entre eles e nas citações feitas em seus artigos aos autores. O estudo desta relação nos permitiu aprofundar a concepção de humanismo em Covian e identificar as suas principais matrizes teóricas.
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O texto apresenta uma pequena biografia do professor Antonio Gomes Penna (1917/2010), nome importante da Psicologia no Brasil e historiador de nossa psicologia. Relata sua formação, sua trajetória profissional como professor interessado em Psicologia e em Filosofia, seu interesse pelo ensino e pelos estudantes. Utiliza-se de depoimentos de diversos ex-alunos e pesquisadores para demonstrar a relevância intelectual e afetiva de sua trajetória.
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Fundamentado em uma perspectiva fenomenológica, este trabalho visa compreender os significados de experiências de devoção. Para tanto, analisa a crença em anjos. Foram entrevistadas pessoas que relataram experiências de contato com um anjo. Os colaboradores apresentaram-se espontaneamente, a partir da divulgação da pesquisa. A análise dos relatos mostrou que a experiência é vivida como exposição a uma alteridade, ocorrendo a ampliação dos horizontes de tempo e espaço e dos limites corporais. Nessa experiência, prevalecem as emoções e o conhecimento intuitivo.
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O texto trata do movimento estudantil da Psicologia no Rio Grande do Sul e busca compreender motivos e processos de ativismo político empregados durante o período de ditadura no Brasil, de1964 a1985. Para tanto, procurou registrar as ações coletivas empreendidas, que, apesar da repressão política, protagonizaram ações de resistência. Os procedimentos metodológicos consistiram na associação do exame de imagens, de entrevistas e de documentos escritos relacionados ao acervo do Diretório Acadêmico do Instituto de Psicologia da PUCRS. A análise dos registros desta trajetória revelou associações entre as práticas psicológicas e as ações políticas e incita discussões acerca das especificidades das relações sociais naquele momento histórico. Além disto, constatou-se que estudantes envolvidos nesse processo foram, mais tarde, protagonistas de outros movimentos que levaram a mudanças sociais significativas.
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Este estudo qualitativo de inspiração fenomenológica objetivou compreender a potencialidade terapêutica do plantão psicológico ao ser implantado num Serviço Universitário de Assistência Judiciária. A perspectiva teórica adotada foi a Abordagem Centrada na Pessoa. A experiência intersubjetiva vivida pela pesquisadora ao estar com os clientes constituiu-se no objeto de análise. Foram redigidas narrativas sobre alguns atendimentos, que trouxeram à luz elementos significativos da experiência. A presença da plantonista contribuiu para que a instituição oferecesse uma escuta diferenciada às pessoas e suas demandas; os clientes apropriaram-se do espaço de atendimento psicológico, o que lhes permitiu atribuir às queixas de natureza jurídica novos significados. O desvendar dos sentidos desta prática psicológica, implantada num serviço jurídico, legitimou-a como uma modalidade de atenção psicológica clínica que efetivamente representa uma contribuição ao atendimento praticado em instituições.
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O presente estudo investiga a pobreza partindo de uma análise dos recursos que os pobres dispõem em sua realidade, analisando os temas do capital humano, social e familiar, procurando estabelecer conexões e elucidar fatores da realidade pouco considerados em estudos e projetos de combate à pobreza e à exclusão social. O presente artigo, em seu conjunto, procura compreender porque, em condições semelhantes de pobreza, algumas pessoas conseguem elaborar um projeto de vida enquanto outras se estabilizam em estratégias de sobrevivência. Para avançar na luta contra a pobreza, revelou-se indispensável a convergência entre fatores pessoais, familiares, micro-sociais e políticas públicas de valorização e fortalecimento dos agentes de desenvolvimento presentes no território.
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Apresentamos a pesquisa que tem como objetivo relacionar a virtude na elaboração de sentido no luto. Fundamentado na fenomenologia husserliana e na antropologia filosófica de Stein que descreve a estrutura da pessoa humana na unidade de suas dimensões - do corpo, da psique e do espírito -, e contempla o sujeito nas interações afetivas, sociais e espirituais na comunidade. A partir da dinâmica da potência-ato, ressaltamos o conceito de força, pertinente à dimensão do espírito, como o núcleo central que nos possibilita estabelecer a relação com o habitus ou virtude, considerada como potência atualizada, como ato. Reconhecemos a presença da virtude como disposição constitutiva da pessoa que depende do contexto bio-psico-espiritual-social para se atualizar. Esta reflexão visa contribuir com a atuação do psicólogo diante do luto e destacar o sentido do valor e do cuidado com o humano na psicologia e em nossa cultura.
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A discussão de diversos temas revelados nos primeiros trabalhos de Merleau-Ponty, trabalhos estes que possuem especial relevância em debates acerca dos fundamentos da psicologia, exige um exame da cumplicidade estratégica, do ponto de vista filosófico, entre A estrutura do comportamento e a Fenomenologia da percepção. É neste contexto que apresentamos o presente artigo. Trata-se de, a partir da prerrogativa dessa cumplicidade, expor uma leitura que dê destaque a questões primordiais para o delineamento da intenção filosófica do autor nesses dois livros. Malgrado a utilização de perspectivas metodológicas distintas, ambos fazem parte de um único projeto de trabalho. Inserem-se na discussão das antinomias cartesianas na filosofia e nas ciências e partem da delimitação de um mesmo problema, o da percepção, enquanto ponto de integração das duas ordens fundamentais do pensamento de Descartes: a alma e o corpo.
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O texto apresenta uma crítica a abordagens historiográficas encontradas algumas vezes no Brasil em que são aplicadas perspectivas e análises teóricas desenvolvidas em outros lugares, principalmente na França, sem a devida atenção às condições específicas de emergência e constituição de determinados campos de saberes em nosso país. Neste sentido, apóia-se na perspectiva dialógica de Bakhtin de que a análise de um dado conjunto de relações não pode ser expropriada de seu entorno original. Esta proposição bakhtiniana é complementada com a feliz expressão de Schwarz, de “idéias fora do lugar”. Com estes autores, procede-se a dois estudos de caso, a criação de um hospício em Campos, interior do Rio de Janeiro, e o laudo psiquiátrico de Febrônio Índio do Brasil, personagem exemplar da junção Direito e Psiquiatria em nossa realidade. Considera-se que a análise destes dois casos torna clara a necessidade de atenção às contingências dos acontecimentos para sua análise adequada.
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