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O entendimento da complexão corporal é parte do conhecimento de si mesmo elaborado nas narrativas autobiográficas da Idade Moderna. Neste artigo são analisados alguns desses textos elaborados na cultura ocidental e brasileira, evidenciando as modalidades em que se apresenta a descrição do estado somático individual na percepção dos autores. Nas descrições elaboradas pelos autores da primeira Idade Moderna, é comum o recurso à teoria dos temperamentos da medicina humoralista. Entre as fontes analisadas estão as autobiografias de Inácio Loyola (século XVI), G. Cardano (século XVI), F. Panigarola (século XVI), M. Montaigne (século XVI) e G.B. Vico (século XVII). Também foram analisadas algumas cartas de teor autobiográfico: as Cartas Indipetae elaboradas por jesuítas do século XVII.
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O trabalho aborda o papel atribuído às imagens na elaboraçáo da experiência assim como apresentado nos sermões de Antônio Vieira e aprofunda as matrizes filosóficas e teológicas desta concepçáo. Vieira reconhece às imagens um importante poder de comunicaçáo e de evocaçáo. Dentre outros, recorre às imagens na construçáo de metáforas que usa para representar processos da vida pessoal e política. Nisto, o pregador se conforma à tradiçáo jesuítica bem como às doutrinas de Agostinho e de Tomás que inspiram essa mesma tradiçáo.
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O objetivo deste artigo é realizar um diálogo entre a história dos saberes pré-científicos e a pesquisa experimental acerca da memória, apontando as similaridades entre estas concepções. Questões como a descrição topográfica da memória de trabalho, o processo de integração de informações na memória, a formação da imagem mental e a preocupação com uma interface entre teoria e prática citadas nos textos clássicos permanecem atuais. Constata-se também, que o debate ao longo dos anos sobre o funcionamento da memória gerou uma descrição psicobiológica do fenômeno, baseada na integração de funções cognitivas resultando no desempenho de atividades complexas. A visão histórica do conhecimento desenvolvido sobre a memória pode contribuir na prática científica contemporânea, no sentido de permitir a elaboração de formulações teóricas e a proposição de métodos de investigação mais coerentes e integrados com o corpo de conhecimento constituído ao longo da história.
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A Psicologia, no Brasil, foi reconhecida legalmente no ano 1962. Contudo, antes desse ano, diversos profissionais já atuavam na área. Carolina Martuscelli Bori tem sido considerada um desses profissionais, e, dentre as contribuições que deu, sua luta para melhorar a formação profissional é uma das mais citadas. Com este trabalho, buscou-se conhecer sua contribuição a partir de artigos que Bori publicou até o ano 1962. A partir de uma busca feita nas revistas Ciência e Cultura, Boletim de Psicologia e Jornal Brasileiro de Psicologia, e no seu currículo Lattes, pela busca na biblioteca da Universidade de São Paulo e em referências de artigos escritos sobre a própria Carolina Bori, 19 artigos foram localizados, dos quais oito foram publicados até 1962. A análise feita permite afirmar que a obra de Carolina Bori apresenta discussões que podem auxiliar na elaboração e no direcionamento de várias questões éticas e acadêmicas atuais, como: a pesquisa experimental em cursos de graduação, a metodologia científica, o desenvolvimento científico e a produção do conhecimento.
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Na epistemologia escolástica havia não somente a preocupação de aplicar a doutrina aristotélica da abstração, considerando o funcionamento dos sentidos externos e internos, mas também de garantir a possibilidade do conhecimento direto ou intuitivo, que se daria sem a mediação de representações mentais. Tal possibilidade baseava-se no fato de haver um conhecimento que aconteceria pela força própria do objeto de dar-se a conhecer, que permitiria conhecer algo excedente à experiência sensorial humana, visto que os sentidos somente podem perceber o que é comensurável a eles. O componente interno que permite tal conhecimento intuitivo na tradição agostiniana era o verbum intus prolatum, que seria palavra anterior a toda fala humana e diferente do discurso da racionalidade humana. Na refinada teologia de Vieira no sermão da Madrugada da Ressurreição pregado na Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Belém do Pará, aparecem claros elementos da Teologia Negativa, de Mariologia e da doutrina do conhecimento intuitivo.
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This article discusses the function and role of mental dynamics in the reception of images according to the philosophical theories available to the cultural universe of the Classic, Middle and Modern Ages in the West including Brazil. It highlights the significance of these philosophical grounds for discussions on the notion of image and imagination in modern times, as well as their application to rhetorics. In the Brazilian context, the contributions by Jesuit Antônio Vieira stand out. It finally shows that in the theories discussed here, the functioning of imagination as mental phenomenon is approached in an integrated manner with the remainder of mind processes including the senses, memory and understanding, emotions and will; it is an indispensable element in the path of knowledge; and it is always referred to image within the multiple dimensions indicated by the specific cultural universe.
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Este artigo é o resultado de uma pesquisa histórica que procurou estabelecer conexões entre a história da psicologia científica do século XX e da História da educação brasileira tendo como foco de análise o percurso intelectual do educador brasileiro Paulo Freire. Este educador recebeu influências de diversas matrizes filosóficas, reconhecendo os avanços trazidos pela Psicologia Científica, identificando também seus limites em fornecer elementos para uma formulação de concepção integral do homem e da vida. Após sua experiência de exílio, Freire encontrou no percurso investigativo da psicologia humanista de Erich Fromm o mesmo anseio na busca de entender qual possibilidade o homem contemporâneo teria de viver sua liberdade no contexto histórico complexo de sua época. Paulo Freire se apropriou da psicologia humanista de Erich Fromm, para interpretar, do ponto de vista pedagógico, a inexperiência democrática do povo brasileiro do contexto histórico em questão e buscar um caminho formativo de transformação.
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É discutida neste trabalho a relevância do gênero correspondência epistolar enquanto fonte primária para a produção da História das Ciências. No caso específico deste artigo, dedicado à correspondência do neurofisiologista Miguel Rolando Covian, destacamos os campos da História da Medicina, da Psicologia e da Biologia. Abordamos também os aspectos jurídicos que protegem as correspondências epistolares como documentos pessoais, colocando-as sob a condição de restrição de acesso por determinado período de tempo, a partir de cuidados éticos pertinentes com relação às informações de caráter pessoal e íntimo que elas contêm. Nesse sentido, a preservação destes documentos em condições adequadas para que resistam ao tempo se faz impositiva. Cartas levam em seu conteúdo não só informações sobre seus correspondentes, mas também fragmentos de sua época, resultando, assim, em um gênero de fonte multidisciplinar.
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O objetivo desta pesquisa foi estudar como membros e familiares de uma comunidade judaica brasileira vivem a memória coletiva e o que isso significa em suas vidas cotidianas, visando apreender o processo de constituição da identidade individual. De acordo com Maurice Halbwachs, a memória possui ao mesmo tempo um caráter individual e um coletivo, sendo modelada pela família e pelos grupos sociais. Foram colhidos depoimentos pelo método da história oral de 13 pessoas provenientes de cinco famílias descendentes de judeus que imigraram para o Brasil. Nos relatos nota-se a riqueza da diversidade e da semelhança: são pessoas da mesma família ou de famílias diferentes, que percebem e elaboram a experiência de suas famílias de modos distintos, particulares, complementares e às vezes parecidos. O material encontrado enriquece a análise e favorece a reflexão. The collective memory in families from the Sociedade Israelita de Ribeirão Preto - Abstract: The aim of this research was to study how members and relatives from a Brazilian Jewish community live the collective memory and what it means in their everyday lives, in order to apprehend the process of individual identity constitution. From the perspective of Maurice Halbwachs memory has both an individual and a collective character, being partly shaped by both family and social groups. Testimonies were collected by the method of oral history, from 13 members of five families of Jewish descent who immigrated to Brazil. In the interviews we noticed a wealth of diversity and similarity: they are people from the same family or different families, who realize and elaborate their families experience in different, particular, complementary and sometimes similar ways. The material found enriches the analysis and encourages reflection.
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O tema da beleza perpassa a reflexão teórica e a trajetória existencial de Agostinho de Hipona, desde seus inícios. Acompanhamos neste trabalho o percurso realizado por este autor acerca do significado da experiência da beleza em obras analisadas em ordem cronológica e pertencentes aos diversos gêneros literários que caracterizam a produção do mesmo: oratória sagrada, tratados filosóficos e teológicos e cartas. O nosso objetivo é analisar na perspectiva desse autor, as relações entre a experiência de beleza concebida como elemento dinamizador dos posicionamentos pessoais (pois a beleza é o elemento desencadeador do processo cognitivo e da dinâmica afetiva) e a constituição do ser pessoa enquanto tal. A análise leva em conta o significado que para Agostinho assume a experiência, entendida não apenas como experiência sensorial e sim como saber, conhecimento que envolve ao mesmo tempo sensação e afeto e cujo primeiro objeto é a própria pessoa. Neste âmbito, a experiência da beleza é abordada sistematicamente por Agostinho, seja do ponto de vista da descrição da vivência do belo nos diversos domínio da realidade, seja do ponto de vista do significado conceitual e psicológico desta vivência.
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O artigo analisa os sentidos do termo experiência assim como empregado por jesuítas em missão no Brasil, nas primeiras décadas do século XVI, em cartas por eles redigidas. Tais sentidos são apreendidos à luz do arcabouço conceitual da Companhia de Jesus. São evidenciadas três significações da experiência: a experiência como prova e verificação; a experiência como prática e hábito; a experiência como discernimento da presença do mistério nos fatos. O conjunto destas significações remete à experiência modelo do fundador da Companhia, Inácio de Loyola, onde o conhecimento da realidade sensível e imanente remete sempre ao conhecimento da realidade espiritual transcendente.
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Na Idade Moderna a memória era considerada, dentre outras coisas, uma potência da alma (psique). Por levarmos em consideração que a oratória religiosa do século XVII é uma fonte abundante de saberes psicológicos, neste trabalho indicamos como o Pe. Antônio Vieira (1608 - 1697) trabalhou o tema da memória em seus sermões. A partir da história da cultura e da história da psicologia, identificamos o contexto de produção dos sermões e as apropriações feitas por Vieira. Por meio do estudo realizado pode-se observar que nos sermões a memória, junto com a vontade e o intelecto, caracteriza a ontologia humana. Esse sentido interno auxilia igualmente a capacidade intelectiva a estabelecer juízos, por disponibilizar ao intelecto a dimensão temporal. Desse modo vemos que por meio da memória se estabelece o conhecimento de si e que essa potência "memorativa" possui uma dimensão ética, pois à medida que é feita a memória de algo, é sugerido um comportamento e um estado afetivo diante do que é lembrado.
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Historiadores do presente utilizam diversas fontes para reconstruir o passado. Através da história oral podem, inclusive, elaborar os documentos que irão analisar. Este artigo apresenta três pesquisas que utilizaram a metodologia da história oral aplicada a três diferentes objetos: 1) o reconhecimento da importância de uma psicóloga brasileira, 2) a percepção do trabalho realizado por funcionários em instituições de educação infantil e 3) a ressignificação da experiência de um judeu sobrevivente da Segunda Guerra Mundial por seus descendentes. Ao dar enfoque às pessoas em seus contextos sociais e culturais próprios, cada trabalho produziu uma escrita histórica que valoriza diversos aspectos da cultura e das relações interpessoais, reconhecendo que o indivíduo é sujeito de um processo histórico. As três pesquisas evidenciam a fecundidade do uso da história oral para a valorização da memória dos entrevistados e para a elaboração de documentos que podem auxiliar na construção do presente e do futuro.
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O objetivo do artigo é evidenciar traços da concepção agostiniana de temporalidade presentes em obras de autores da cultura brasileira colonial. O estudo, desenvolvido na perspectiva da história dos saberes psicológicos, propõe uma resenha à luz do tema agostiniano da temporalidade dos textos dos autores escolhidos para análise: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão e Nuno Marques Pereira. Neles, a análise evidencia a presença das quatro dimensões agostinianas da temporalidade: a diferença entre tempo e eternidade; o tempo psicológico; o tempo moral e o tempo histórico. Evidencia também a relação entre a noção de temporalidade e o dinamismo pessoal. Fica clara, portanto, a presença de aspectos do pensamento de Agostinho na concepção da temporalidade dos referidos autores.
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O artigo apresenta o conceito de formação da pessoa concebido por Edith Stein a partir da sua investigação de base antropológico-filosófica sobre a constituição da pessoa. Seguindo o método fenomenológico, Stein descreve a estrutura do ser humano para poder apresentar o conceito de formação. Explica que, pela análise da origem da matéria, o corpo humano é preenchido por uma forma interior, a qual tem a propriedade de atualizar as potencialidades contidas no ser da matéria. Essa atualização acontece por meio de um processo formativo, o qual plasma o material até fazê-lo assumir uma forma, segundo um arquétipo. No caso do ser humano, a forma que ele deve assumir é a que está inscrita no seu núcleo pessoal. Por isso a atividade formativa tem que penetrar na alma da pessoa e chegar ao seu núcleo, no qual está sua originalidade pessoal. A partir dessa constatação, chegou-se a uma aproximação com o Sistema Preventivo de São João Bosco, que afirma que “em todo jovem há um ponto acessível ao bem”. Esse “ponto acessível” não é outra coisa que a alma humana, e, assim, os princípios pedagógicos propostos por Bosco se fundamentam na antropologia filosófica de Stein e podem ser descritos como itinerários educativos para a formação de crianças, adolescentes e jovens. Palavras-chave: Formação. Pessoa. Edith Stein. Sistema Preventivo de Dom Bosco.
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O presente estudo intenta analisar qual possível concepção de homem estaria relacionada à escolha do envio membros da Companhia de Jesus para diferentes localidades, sob a perspectiva da História dos Saberes Psicológicos. Para tanto foi analisada a categoria dos temperamentos nos catálogos trienais do Brasil, Portugal, Japão no período de 1654 a 1660. Percebe-se o predomínio da compleição Colérica na maioria dos catálogos analisados enquanto os demais temperamentos variavam. Tais fatos sugerem que talvez o temperamento colérico seja uma característica comum aos membros da ordem ou que a conjuntura sociopolítica dos referidos países favorecia a escolha de membros que correspondessem melhor a esse tipo perfil, enquanto os demais variavam a depender das demandas locais.
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Este artigo descreve um trabalho de organização, com vistas à preservação da correspondência epistolar do neurofisiologista Miguel Rolando Covian, e tem como objetivo destacar a necessidade de atenção a este gênero de fontes enquanto documentos históricos. As correspondências epistolares trazem em seus conteúdos informações de caráter íntimo e pessoal que adentram o campo das questões éticas e as colocam sob proteção legal por determinado período de tempo. Assim, os cuidados com a preservação destes documentos são fundamentais, por se tratar de fontes primárias originais que necessitam ser preservadas em condições apropriadas mesmo enquanto se encontram em acesso restrito. Miguel Rolando Covian foi um neurofisiologista argentino que chegou ao Brasil em 1955 para assumir o então recém-criado Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. À frente deste Departamento, elevou-o a um nível de reconhecimento nacional e internacional, um centro de excelência em pesquisa no Brasil e no mundo. Culto e profundo conhecedor de filosofia, comunicava-se com amigos e cientistas de diversas regiões do mundo. A correspondência epistolar de Covian guarda em seu conteúdo inúmeras possibilidades de pesquisas no campo histórico; porém, sendo ele um cientista, um foco maior incide sobre a História das Ciências, com destaque para a História da Medicina, da Biologia, da Psicologia e da Neurofisiologia.
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