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O tema da beleza perpassa a reflexão teórica e a trajetória existencial de Agostinho de Hipona, desde seus inícios. Acompanhamos neste trabalho o percurso realizado por este autor acerca do significado da experiência da beleza em obras analisadas em ordem cronológica e pertencentes aos diversos gêneros literários que caracterizam a produção do mesmo: oratória sagrada, tratados filosóficos e teológicos e cartas. O nosso objetivo é analisar na perspectiva desse autor, as relações entre a experiência de beleza concebida como elemento dinamizador dos posicionamentos pessoais (pois a beleza é o elemento desencadeador do processo cognitivo e da dinâmica afetiva) e a constituição do ser pessoa enquanto tal. A análise leva em conta o significado que para Agostinho assume a experiência, entendida não apenas como experiência sensorial e sim como saber, conhecimento que envolve ao mesmo tempo sensação e afeto e cujo primeiro objeto é a própria pessoa. Neste âmbito, a experiência da beleza é abordada sistematicamente por Agostinho, seja do ponto de vista da descrição da vivência do belo nos diversos domínio da realidade, seja do ponto de vista do significado conceitual e psicológico desta vivência.
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O artigo analisa os sentidos do termo experiência assim como empregado por jesuítas em missão no Brasil, nas primeiras décadas do século XVI, em cartas por eles redigidas. Tais sentidos são apreendidos à luz do arcabouço conceitual da Companhia de Jesus. São evidenciadas três significações da experiência: a experiência como prova e verificação; a experiência como prática e hábito; a experiência como discernimento da presença do mistério nos fatos. O conjunto destas significações remete à experiência modelo do fundador da Companhia, Inácio de Loyola, onde o conhecimento da realidade sensível e imanente remete sempre ao conhecimento da realidade espiritual transcendente.
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Na Idade Moderna a memória era considerada, dentre outras coisas, uma potência da alma (psique). Por levarmos em consideração que a oratória religiosa do século XVII é uma fonte abundante de saberes psicológicos, neste trabalho indicamos como o Pe. Antônio Vieira (1608 - 1697) trabalhou o tema da memória em seus sermões. A partir da história da cultura e da história da psicologia, identificamos o contexto de produção dos sermões e as apropriações feitas por Vieira. Por meio do estudo realizado pode-se observar que nos sermões a memória, junto com a vontade e o intelecto, caracteriza a ontologia humana. Esse sentido interno auxilia igualmente a capacidade intelectiva a estabelecer juízos, por disponibilizar ao intelecto a dimensão temporal. Desse modo vemos que por meio da memória se estabelece o conhecimento de si e que essa potência "memorativa" possui uma dimensão ética, pois à medida que é feita a memória de algo, é sugerido um comportamento e um estado afetivo diante do que é lembrado.
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Historiadores do presente utilizam diversas fontes para reconstruir o passado. Através da história oral podem, inclusive, elaborar os documentos que irão analisar. Este artigo apresenta três pesquisas que utilizaram a metodologia da história oral aplicada a três diferentes objetos: 1) o reconhecimento da importância de uma psicóloga brasileira, 2) a percepção do trabalho realizado por funcionários em instituições de educação infantil e 3) a ressignificação da experiência de um judeu sobrevivente da Segunda Guerra Mundial por seus descendentes. Ao dar enfoque às pessoas em seus contextos sociais e culturais próprios, cada trabalho produziu uma escrita histórica que valoriza diversos aspectos da cultura e das relações interpessoais, reconhecendo que o indivíduo é sujeito de um processo histórico. As três pesquisas evidenciam a fecundidade do uso da história oral para a valorização da memória dos entrevistados e para a elaboração de documentos que podem auxiliar na construção do presente e do futuro.
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O objetivo do artigo é evidenciar traços da concepção agostiniana de temporalidade presentes em obras de autores da cultura brasileira colonial. O estudo, desenvolvido na perspectiva da história dos saberes psicológicos, propõe uma resenha à luz do tema agostiniano da temporalidade dos textos dos autores escolhidos para análise: Antônio Vieira, Alexandre de Gusmão e Nuno Marques Pereira. Neles, a análise evidencia a presença das quatro dimensões agostinianas da temporalidade: a diferença entre tempo e eternidade; o tempo psicológico; o tempo moral e o tempo histórico. Evidencia também a relação entre a noção de temporalidade e o dinamismo pessoal. Fica clara, portanto, a presença de aspectos do pensamento de Agostinho na concepção da temporalidade dos referidos autores.
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O artigo apresenta o conceito de formação da pessoa concebido por Edith Stein a partir da sua investigação de base antropológico-filosófica sobre a constituição da pessoa. Seguindo o método fenomenológico, Stein descreve a estrutura do ser humano para poder apresentar o conceito de formação. Explica que, pela análise da origem da matéria, o corpo humano é preenchido por uma forma interior, a qual tem a propriedade de atualizar as potencialidades contidas no ser da matéria. Essa atualização acontece por meio de um processo formativo, o qual plasma o material até fazê-lo assumir uma forma, segundo um arquétipo. No caso do ser humano, a forma que ele deve assumir é a que está inscrita no seu núcleo pessoal. Por isso a atividade formativa tem que penetrar na alma da pessoa e chegar ao seu núcleo, no qual está sua originalidade pessoal. A partir dessa constatação, chegou-se a uma aproximação com o Sistema Preventivo de São João Bosco, que afirma que “em todo jovem há um ponto acessível ao bem”. Esse “ponto acessível” não é outra coisa que a alma humana, e, assim, os princípios pedagógicos propostos por Bosco se fundamentam na antropologia filosófica de Stein e podem ser descritos como itinerários educativos para a formação de crianças, adolescentes e jovens. Palavras-chave: Formação. Pessoa. Edith Stein. Sistema Preventivo de Dom Bosco.
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O presente estudo intenta analisar qual possível concepção de homem estaria relacionada à escolha do envio membros da Companhia de Jesus para diferentes localidades, sob a perspectiva da História dos Saberes Psicológicos. Para tanto foi analisada a categoria dos temperamentos nos catálogos trienais do Brasil, Portugal, Japão no período de 1654 a 1660. Percebe-se o predomínio da compleição Colérica na maioria dos catálogos analisados enquanto os demais temperamentos variavam. Tais fatos sugerem que talvez o temperamento colérico seja uma característica comum aos membros da ordem ou que a conjuntura sociopolítica dos referidos países favorecia a escolha de membros que correspondessem melhor a esse tipo perfil, enquanto os demais variavam a depender das demandas locais.
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Este artigo descreve um trabalho de organização, com vistas à preservação da correspondência epistolar do neurofisiologista Miguel Rolando Covian, e tem como objetivo destacar a necessidade de atenção a este gênero de fontes enquanto documentos históricos. As correspondências epistolares trazem em seus conteúdos informações de caráter íntimo e pessoal que adentram o campo das questões éticas e as colocam sob proteção legal por determinado período de tempo. Assim, os cuidados com a preservação destes documentos são fundamentais, por se tratar de fontes primárias originais que necessitam ser preservadas em condições apropriadas mesmo enquanto se encontram em acesso restrito. Miguel Rolando Covian foi um neurofisiologista argentino que chegou ao Brasil em 1955 para assumir o então recém-criado Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. À frente deste Departamento, elevou-o a um nível de reconhecimento nacional e internacional, um centro de excelência em pesquisa no Brasil e no mundo. Culto e profundo conhecedor de filosofia, comunicava-se com amigos e cientistas de diversas regiões do mundo. A correspondência epistolar de Covian guarda em seu conteúdo inúmeras possibilidades de pesquisas no campo histórico; porém, sendo ele um cientista, um foco maior incide sobre a História das Ciências, com destaque para a História da Medicina, da Biologia, da Psicologia e da Neurofisiologia.
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O artigo apresenta uma fonte histórica muito significativa no âmbito do gênero autobiográfico: as obras Liber de propria vita e Liber de libris propriis, do médico, matemático, astrólogo e pensador italiano Girolamo Cardano (1501-1576). O objetivo é analisar nelas o conhecimento de si mesmo elaborado pelo autor. A análise foi conduzida pelo método histórico conceitual, evidenciando-se os principais tópicos discutidos e suas significações à luz do universo sociocultural e histórico. Os resultados apontam para a complexidade do conhecimento construído pelo autor, que compreende a descrição de suas características físicas e psicológicas (incluindo os sonhos), o encadeamento dos fatos principais de sua história biográfica, a descrição de sua complexa personalidade construída com base em uma interpretação de si mesmo, à luz da identificação de suas motivações fundamentais.
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Neste artigo é discutida a utilização das fontes literárias no âmbito da história dos saberes psicológicos. Em primeiro lugar, apresenta-se a contribuição de Dilthey e de Huizinga na discussão das interfaces entre história, psicologia e literatura. Em segundo lugar, apresenta-se um exemplo de análise de fonte literária no âmbito da história dos saberes psicológicos: o estudo da novela alegórica do jesuíta Alexandre de Gusmão, História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682). Aponta-se que a fonte literária pode ser enfocada da perspectiva da história dos saberes psicológicos, seja por ser transmissora de conceitos e práticas psicológicos, seja pela ação exercida no dinamismo psíquico dos destinatários por meio de sua construção retórica.
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A presente nota de pesquisa consiste na apresentação de um modelo de criação e disponibilização de um arquivo de documentos em História dos Saberes Psicológicos e da Psicologia no Brasil, a partir da organização e classificação do arquivo pessoal de Marina Massimi, professora e pesquisadora na área. A execução deste trabalho visou facilitar o acesso de pesquisadores e estudantes, bem como da própria pesquisadora às informações contidas neste fundo documental. Buscou-se ordenar estes documentos históricos de forma prática e simples, de modo a possibilitar a continuidade de sua organização, uma vez que se trata de um arquivo ativo. Pelo fato de Massimi atuar na área de História da Psicologia e História dos Saberes Psicológicos na Cultura Brasileira, seu arquivo constitui um vasto fundo documental formado ao longo de suas atividades de pesquisas desenvolvidas em arquivos do Brasil e do exterior, dentre os quais podemos citar as Bibliotecas Vaticana, Casanatense, Ambrosiana; a Biblioteca de Milão; a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, de Porto, Braga e Lisboa; as antigas Bibliotecas da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Direito de São Paulo; a Biblioteca Nacional, a Biblioteca do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro; a Biblioteca da Casa dos Bispos de Mariana e outros acervos mineiros, etc. O acervo contém, assim, fontes documentais raras e significativas para as áreas citadas, distribuídas entre correspondências, peças de oratória, tratados, catálogos, cartas indipetae e outros. Por tratar-se de um trabalho em andamento, o presente artigo limita-se à descrição da organização do primeiro grupo de documentos pertencentes a este acervo: o grupo de documentos textuais.
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After a brief presentation of the research program on the “history of psychological knowledge in the ambit of cultural history,” this article addresses 2 issues that we consider particularly important from the methodological point of view: the notion of multiple temporalities (regimes of historicity) and of complexity as characteristics of the contexture of Brazilian culture. It will be shown how both require specific attention from the researcher, because the process of incorporation of psychology in Brazil over time is complex and articulated according to various regimes of historicity that intersect and interpenetrate each other, without being exclusive. Our approach will be exemplified by the concept of memory, showing how this can be grasped in its constitution in Brazilian culture, which is composed of several sedimented layers according to different temporalities. (PsycInfo Database Record (c) 2020 APA, all rights reserved)
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O objeto do artigo é a novela alegórica História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito escrita no Brasil pelo jesuíta Alexandre de Gusmão e publicada em 1682, tendo várias reedições. Gusmão ocupou na Companhia de Jesus funções importantes dentre os quais a direção de um Colégio próximo da cidade de Salvador. A hipótese proposta é a de que a novela veicula no Brasil conteúdos e métodos dos Exercícios espirituais de Inácio de Loyola. O texto segue também as orientações da Ratio Studiorum. Portanto, Gusmão teria concebido a novela como importante veículo de circulação dos exercícios inacianos. Além disto, mostra-se que a novela foi texto pioneiro escrito com o objetivo pedagógico de iniciar à leitura o público brasileiro: para esta iniciação, a novela sugere um método de leitura orientado pelos Exercícios inacianos.
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As novas tendências do marketing contemporâneo sugerem a inserção do tema da pessoa no que diz respeito às abordagens mercadológicas do conceito de consumidor, mas sem uma fundamentação antropológica, filosófica e psicológica específica. Na busca por uma fundamentação que desse suporte a essa tendência e ampliasse a discussão, foi analisada a abordagem da experiência elementar de Luigi Giussani (2009). O objetivo dessa pesquisa é compreender as possíveis relações entre a psicologia, o marketing e a experiência elementar em relação ao tema do consumidor enquanto pessoa. Essa pesquisa situa-se no âmbito temático entre o marketing e a psicologia do consumidor, relacionando as áreas numa perspectiva histórica no período que compreende o final do século XIX e XX. A conclusão remete à ideia de que no século XXI existe uma possibilidade de se considerar o consumidor como “pessoa”, e que a abordagem da experiência elementar pode ser pertinente para discutir essa aproximação.
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A questão da causalidade permeia os fundamentos das ciências. Em particular, a questão da causalidade psíquica subjaz os fundamentos das diversas abordagens da psicologia atual, ainda que não seja explicitada ou mesmo reconhecida. Recorrer a essa temática pode ajudar a esclarecer questões de cunho epistemológico que delineiam a psicologia científica. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é apresentar a concepção de causalidade psíquica presente na obra de Edith Stein (1891-1942), Causalidade Psíquica (2010). Foi utilizado o método de investigação histórica. A autora apresentara críticas à psicologia experimental emergente, que se submetia ao reducionismo psicologista e naturalista ao separar-se da filosofia. Edith Stein defendeu a possibilidade de uma psicologia científica sustentada pela definição (fenomenológica) de pessoa humana. Sua compreensão acerca da causalidade psíquica enquadra a distinção entre as vivências imanentes e as vivências intencionais do fluxo de consciência. Stein diferencia o âmbito dos acontecimentos causais determinísticos daqueles âmbitos das relações de motivação que não são submetidas a conexões deterministas. Conclui-se que somente uma elaboração filosófica rigorosa dos diversos tipos de legalidade às quais o fenômeno psíquico está submetido pode fornecer à Psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
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O artigo visa apresentar contribuições de Edith Stein para a fundamentação filosófica da Psicologia enquanto ciência rigorosa da subjetividade. São destacados momentos relevantes para situar o berço da Psicologia científica, assim como o surgimento da Fenomenologia. Ambas surgiram como resultado de questões filosóficas, sendo uma delas referente ao tema do psicologismo e à decorrente tendência à naturalização da Psicologia, de modo que a Fenomenologia surge em oposição a tal movimento. A figura de Edith Stein se destaca devido a suas análises do objeto e do enquadramento epistemológico da Psicologia. Partindo da análise das estruturas essenciais da pessoa, ela oferece uma nova concepção de subjetividade, assim como analisa as metodologias científicas que melhor poderiam apreender esse objeto.
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Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (115)
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Entre 2000 e 2025
(1.715)
- Entre 2000 e 2009 (501)
- Entre 2010 e 2019 (827)
- Entre 2020 e 2025 (387)