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Diante de um cenário de catástrofes no qual coabitamos com desigualdades sociais crescentes, poluição, envenenamento por agrotóxicos, esgotamento das fontes, diminuição do volume dos lençóis freáticos, desmonte de políticas públicas e acirramento de processos excludentes, nossa proposta metodológica, inspirada na obra de Ailton Krenak - Ideias para adiar o fim do mundo -, consiste em contar histórias, como forma de enfrentar o presente e forjar saídas em companhia dos povos originários. Há perguntas que funcionam como disparadoras do campo problemático de nossa escrita coletiva: De que modos podemos nos engajar em experimentações coletivas que buscam tecer possibilidades de um futuro aberto à alteridade e sua própria tessitura comum? Buscaremos responder aos chamamentos de povos da terra como pistas que orientam nossa escritura/ação/coletiva, atentando-nos para o imperativo de politizar o cuidado em relação às redes de interdependência que nos constituem.
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O presente artigo propõe uma discussão no âmbito Clínico do Trabalho indicando que o racismo estrutural está presente na história dos ofícios. Apresenta-se passagens de pesquisa realizada com docentes mulheres negras da educação básica estadual, enfatizando as estratégias das Estilizações Marginais, essas um recurso por elas empregado diante do pacto da branquitude. Propõe-se o debate racial no campo do trabalho visando promover uma Clínica do Trabalho Antirracista.
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O maracatu de baque virado é uma manifestação cultural afro-indígena brasileira que tem sido estudada pela musicologia e pelas ciências humanas e sociais. O presente artigo tem como objetivo analisar algumas práticas de atenção produzidas nos cortejos de maracatu e sua relação com a construção de um comum no espaço público. As relações atencionais são analisadas em uma rede heterogênea composta pelo batuque, a dança, os instrumentos e o entorno. Tomamos como referência a abordagem da ecologia da atenção de Citton, bem como as ideias de Guattari e Simondon. Utilizando a cartografia como método de pesquisa-intervenção, destacamos uma qualidade de atenção conjunta a qual denominamos “pressão”, dedicada ao manejo metaestável de “sustentação do baque”, responsável por “não o deixar arriar” e por “fazer vadiar com gosto”. Concluímos sugerindo que os cortejos de maracatu de baque virado nas ruas podem suscitar uma ecologia de práticas promotoras de saúde no espaço público.
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Nosso tempo é marcado pelo adensamento das catástrofes presentes e passadas, assim como pelos desafios de narrar tais eventos traumáticos em busca de reparação e elaboração. O presente ensaio experimenta uma reflexão conceitual e sensível sobre nossos encontros com as vertigens das sucessivas desterritorializações urbanas e suas relações possíveis com os corpos que envelhecem nas cidades. O compromisso ético com a memória da catástrofe reside neste desafio paradoxal de trabalhar a favor da lembrança e do esquecimento, visto que, por um lado, os eventos estão ameaçados de soterramento e aniquilação e, por outro, exigem um esforço de elaboração e transmutação. A lembrança, nesta perspectiva, não está comprometida com a tentativa de reiterar o longínquo adormecido; trata-se antes de trazer à tona as multiplicidades inatuais para complexificar o presente em sua duração. O que está em jogo é a ferida que sobrevive, reivindicando não o resgate da paisagem, mas a produção de um desvio a partir das ruínas que já não podem mais ser ignoradas. Liberar o passado para a criação: desafio daqueles que se debruçam sobre as cinzas para viver o luto e ultrapassá-lo, afirmando uma posição de travessia que acompanha as metamorfoses das cidades.
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A dramatização é um recurso importante utilizado no esquizodrama; contudo, as referências brasileiras são pouco acessadas. Dessa forma, o objetivo desse artigo é conhecer o Método de preparação de atores de Fátima Toledo, para discutir possíveis contribuições ao esquizodrama de Gregorio Baremblitt. O que seu trabalho pode nos ensinar para as práticas de dramatização nas intervenções clínicas e psicossociais? O método utilizado foi uma revisão bibliográfica sobre sua obra e discussão teórica. Dentre os diversos pontos de conexão que podem ser encontrados, discutimos quatro: 1- a incitação de processos de desterritorialização; 2- a expressão de devires-animais; 3- a produção de uma zona de vibração contínua e 4- a estratégia situacional corporal. Concluímos que o Método de Fátima Toledo pode ser uma valiosa ferramenta para o trabalho esquizodramático.
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O início da criação do método clínico de Piaget é contada a partir de uma narrativa que cobre sua vida desde a infância até outubro de 1920, dividida em três partes. A primeira é o encontro com a filosofia no lago de Annecy, na França; a segunda é o encontro com a lógica e a matemática em Neuchâtel; a terceira é o contato com o modelo francês de psiquiatria e avaliação psicológica em Paris. No primeiro encontro, Piaget insere-se nos posicionamentos filosóficos que desenvolve no segundo encontro, cujas soluções experimentais busca no seu terceiro encontro. Defende-se que o trabalho de normatização e adaptação do teste de Burt para crianças parisienses que Piaget empreendeu a partir de janeiro de 1920 até meados de 1921 teve um papel fundamental para que encontrasse um método de pesquisa apto a permitir a investigação dos problemas de cunho epistemológico com que havia se deparado ainda em Neuchâtel.
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Este artigo tem por objetivo evidenciar e debater a noção de socius, conceito chave dentro da Esquizoanálise para pensar sua teoria da produção e reprodução social, utilizando-se do filme Matrix como um intercessor, incluindo suas diversas produções multimídias. Tomando como fio condutor, dentro do universo do longa-metragem, a estória da construção e desenvolvimento do software denominado matrix e sua relação com a humanidade, problematizamos o modo de funcionamento do sistema capitalista no contemporâneo, utilizando-nos do conceito das três sínteses, presente n’O Anti-Édipo. Mostramos de que modo a produção e reprodução dos vários socius não se encontram aprioristicamente determinados, como se fossem estruturas imutáveis e universais, mas, sim, estão em constante construção e reconstrução. Faz-se mister também destacar que a crítica pós-estruturalista da noção de estrutura não pode ser tomada erroneamente como se esta última tivesse desaparecido completamente e o sujeito fosse lançado em um campo puramente empírico. Cabe a nós, sujeitos históricos e também em incessante constituição e reconstituição, pensar os embates sociais de nosso tempo, problematizando as estratégias de enfrentamento ao capitalismo assumindo o aspecto trágico do processo de produção maquínico da realidade.
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Apesar do avanço nas leis que salvaguardam as garantias fundamentais das crianças e adolescentes, seus direitos ainda são violados cotidianamente no Brasil. A mídia, por sua vez, tem um papel importante na disseminação de informações que legitimam e naturalizam o tratamento ofertado pelo Estado a essa população. Este trabalho analisa como as representações sociais de adolescentes em conflito com a lei nos meios midiáticos online conformam valores que influenciam na opinião pública. A pesquisa possui caráter qualitativo e foi realizada a partir de investigação documental, na qual foram analisados materiais bibliográficos e comentários de matérias jornalísticas no Facebook. Observa-se a prevalência de discursos estigmatizantes que reforçam a marginalização dos adolescentes em conflito com a lei e a insatisfação em relação à segurança pública, principalmente no que se refere ao cumprimento de medidas socioeducativas previstas no ECA.
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O presente trabalho pretendeu investigar como as questões raciais e os processos de subjetivação se articulam no campo da educação básica, tomando por referência os desdobramentos da Lei n 10.639/2003, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Buscou-se compreender como as disposições da Lei n 10.639 têm sido perspectivadas na educação básica por meio de dissertações defendidas entre os anos de 2015 e 2019 nas universidades públicas estaduais baianas. A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa do material levantado através da busca nos sites de Programas de Pós-Graduação em Educação das referidas universidades. Os dados foram analisados mediante seu conteúdo em diálogo com a perspectiva da Afrocentricidade desenvolvida Molefi Kete Asante. Os resultados apontaram que a maior parte das escolas ainda não efetiva a Lei 10.639/2003 e, quando ocorre, é geralmente por iniciativas individuais de alguns profissionais.
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Este artigo foi desenvolvido enquanto a autora estava concluindo seu mestrado e buscou articular teoria e prática através dos conceitos e relatos de experiências discutidos na disciplina Oralidade e arquivos orais, de modo que pudessem ser aplicados ao campo de estudo da pesquisadora. Com o objetivo de transformar o repertório debatido em instrumentos que auxiliassem no desenvolvimento de um estudo maior, neste caso a dissertação de mestrado da autora, que se encontra em andamento e tem como uma das principais etapas de coleta de dados a entrevista, optou-se por relacionar os conceitos vistos na disciplina com o principal elemento de estudo presente no tema da dissertação, o vestuário. Entende-se a importância do vestuário como suporte de memória, evocado em muitos momentos. Argumenta-se, com base nos autores selecionados, a relação do vestuário com a construção e evocação de memórias através de relatos orais.
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Este artigo apresenta os principais aspectos da trajetória da Profa. Sílvia Tatiana Maurer Lane, desde a construção de uma Psicologia Social crítica até a formulação de um projeto de compromisso social da Psicologia. A Profa. Sílvia Lane foi pioneira nas formulações teóricas que colocaram a Psicologia Social brasileira em questão, ressaltando a necessidade de se explicitar seu vínculo com interesses dominantes e de se redirecionar sua produção no sentido de contribuir para a transformação social. Nessa trajetória aliou teoria e prática, contribuindo para a revisão de conceitos e métodos e para a organização da área. Trabalhou incansavelmente e em várias frentes para produzir uma Psicologia Social que reconhecesse o caráter histórico dos fenômenos sociais e humanos e a pessoa como sujeito ativo e histórico. Inicialmente o artigo relata sua presença marcante, dentro dessa perspectiva, na história da Psicologia Social brasileira e latino-americana. A seguir, são apontadas as principais características de sua produção teórica na elaboração de uma Psicologia Social sócio-histórica. Por fim, discute-se seu importante papel na afirmação de uma psicologia comprometida com as realidades brasileira e latino-americana; conhecedora dessa realidade, contribuiu para a construção de instrumental teórico-prático para sua transformação na direção de uma sociedade justa e igualitária. Ou seja, uma psicologia com compromisso social.
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Um importante legado de Donald Pierson às Ciências Humanas e Sociais no Brasil é a sua obra O Homem no Vale do São Francisco. Este artigo ancora-se numa reflexão sobre o autor e seu trabalho, expondo o cenário do homem no seu habitat, que constitui, parafraseando Pierson, palco de uma relação rara e clara. Ressalta, também, as principais contribuições do desenho traçado pela pesquisa realizada, pontuando os procedimentos metodológicos e alguns diálogos entre os pesquisadores e as comunidades.
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A meta deste trabalho é a utilização de alguns conceitos do antropólogo das ciências Bruno Latour visando pensar de modo positivo o conjunto das psicologias em sua dispersão. Não se buscará o julgamento das psicologias em termos da sua cientificidade, mas o entendimento das condições que conduzem a essa dispersão. Para tal, serão expostos alguns conceitos de Latour como o de Sistema Circulatório da Ciência (especificando as condições ou os circuitos internos e externos que tornam a ciência possível) e o de Constituição Moderna (fundada na tentativa de separação entre entes naturais e humanos). Esses conceitos ajudariam a pensar não apenas a especificidade do saber psicológico, como também as suas condições de possibilidade históricas, e efeitos de subjetivação contemporâneos.
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Este artigo analisa alguns sermões pregados entre os séculos XVII e XVIII no Brasil, baseados em metáforas alimentares. O uso das metáforas, recorrente nos sermões do período colonial, fundamenta-se em dois alicerces: 1) na teoria aristotélica do conhecimento, em que o sensorial ocupa um papel prioritário, como porta de acesso para a compreensão das idéias mais abstratas e para a mobilização dos afetos e da vontade visando à modificação do comportamento dos ouvintes; 2) na doutrina platônica sobre a importância das imagens para conservar a memória das idéias. A oratória sagrada do período desperta interesse para a história cultural, uma vez que os sermões constituíram-se numa importantíssima fonte de transmissão de doutrinas e de modelagem dos comportamentos numa sociedade em que a oralidade era a principal forma de difusão dos conhecimentos.
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Este artigo tem por objetivo situar o momento histórico da emergência do campo da Saúde do Trabalhador na Saúde Pública e resgatar experiências que exemplificam diferentes tipos de inserção da Psicologia na saúde do trabalhador. Focaliza a descrição no Estado de São Paulo, que presencia um contexto político e institucional fecundo para o desenvolvimento desse campo a partir de meados dos anos 1980. Recorre-se à apresentação de atividades desenvolvidas pela Psicologia nos serviços de saúde pública que marcam algumas de suas contribuições para a saúde do trabalhador.
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O artigo ancora-se numa reflexão sobre quatro cursos de Psicologia Social ministrados no Brasil na primeira metade do século XX. O legado documental de seus proponentes traz à cena vestígios das práticas educativas, informando o teor temático e metodológico assim como as influências teóricas. Aberta às contribuições de vários campos de conhecimento, a Psicologia Social é revelada em seu momento de imprecisão, fragilidade e construção como campo científico.
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O artigo trata do processo de profissionalização da psicologia no Brasil. Utiliza o referencial teórico da sociologia das profissões e faz uma revisão bibliográfica sobre a história da psicologia brasileira. Apresenta uma proposta de periodização para a história desta profissão, dividindo-a em três momentos: pré-profissional (1833-1890), de profissionalização (1890/1906-1975) e profissional (1975 −). No primeiro momento, há uma gama de saberes psi pulverizados. No segundo, a psicologia começa a organizar-se em institutos de pesquisa, faculdades e associações e a regulamentar suas leis. No último, a profissão, já estabelecida e reconhecida oficialmente, passa a sofrer fortes alterações sócioeconômicas e disputas interprofissionais.
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Partindo do pressuposto de que a Psicologia, como construção socioistórica, somente pode ser compreendida se remetida às condições histórico-culturais de sua produção, este trabalho teve como objetivo estudar a implantação da Psicologia da cidade de Natal, Rio Grande do Norte, em conexão com o seu processo de modernização urbana. São apresentados e discutidos os três momentos dessa implantação: a introdução das idéias psicológicas e seu impacto no desenvolvimento da escola secundária nos primeiros anos do século XX, a inserção da Psicologia no ensino superior e a consolidação da Psicologia, com a criação dos cursos e serviços de Psicologia.
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O ensino de Psicologia no Brasil foi fundamentalmente modificado pelo reconhecimento da profissão de Psicólogo, em 1962, e pela reforma universitária que organizou as universidades em departamentos, na mesma década. Este trabalho narra a história do ensino de Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da instalação do Departamento de Psicologia em 1971 ao reconhecimento do curso de graduação em 1979, com base em dados documentais e em depoimentos de personagens envolvidos nesses eventos. Embora o ensino de Psicologia na UFRGS remonte aos anos 1940, na antiga Faculdade de Filosofia, o curso de graduação foi criado 30 anos depois, em 1973. Entende-se que o histórico do ensino de Psicologia na UFRGS reflete as condições legais e burocráticas que pautaram o Departamento e seus órgãos. Nesse período, a introdução do modelo departamental que visava integrar ensino, pesquisa e extensão deu início a uma nova etapa no ciclo que tivera início na era das cátedras.
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