A sua pesquisa

  • Este artigo tem como objetivo cartografar a noção de corpo encarcerado na obra de Antonin Artaud, para discutir os processos de captura, bem como o permanente estado de encarceramento do corpo. Realizamos uma cartografia bibliográfica em toda a obra do autor, publicada em espanhol e português. Verificamos que, para Artaud, existem três estratos propulsores do processo de encarceramento do corpo: um primeiro que abarca a ideia de uma consciência/razão sobrepondo-se ao corpo, um segundo que menciona a existência de uma alma/espírito condenando as potencialidades do corpo, e um terceiro que trata da luta corpo x organismo. Concluímos que, para Artaud, o corpo encarcerado é aquele que abriu mão das forças intensivas para ligar-se aos discursos que contornam o dualismo cartesiano e metafísico/religioso.

  • O presente artigo descreve os principais elementos que constituíram o pensamento, a história e os posicionamentos éticos e políticos da Psicologia brasileira no que se refere às relações raciais. Estes elementos são alinhados e comentados da seguinte maneira: a) um primeiro debate que se inicia no fim do século XIX, no qual o pensamento psicológico sobre o problema racial descreve o negro como “objeto da ciência”; a ideia de raça é, neste ponto da história, determinada biologicamente; b) o período compreendido entre 1930 e 1960, caracterizado pelo impacto da obra de Gilberto Freyre, em que o conceito de raça aparece como determinante cultural e posteriormente foi marcado pela crítica ao mito da “democracia racial”; c) um momento que se inicia no fim da década de 1970, sob influência de estudos de desigualdades raciais, da abertura política e do processo de redemocratização do país, quando os movimentos sociais negros, através de seus atores, ativistas e intelectuais, produzem a ideia de raça como constructo social e pautam uma agenda política redefinindo o debate racial, e na qual a Psicologia passa a discutir o negro não mais como “objeto da ciência”, mas sim como agente produtor de sua própria história.

  • Este artigo tem como objetivo retomar parte da historiografia sobre os psicólogos e estudantes de Psicologia que integraram agrupamentos armados contra o golpe de classe de 1964. Para tal, consideramos que o processo de desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência e profissão, mostra-se interligado nas múltiplas contradições da formação da classe trabalhadora brasileira. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético, recompomos, no plano ideal, parte do movimento real produzido pela ação daqueles sujeitos. Resgatamos as trajetórias das pessoas que participaram da luta armada contra o terrorismo de estado a partir de casos ilustrativos que nos mostram suas presenças em organizações políticas das quais fizeram parte. Para tal, reconstruímos este movimento a partir das publicações existentes. Concluímos que existe um elo entre a vanguarda da luta armada, com a presença de algumas frações da Psicologia, composta majoritariamente por sua juventude, e a construção contraditória dentro da própria profissão no Brasil. Ambos são momentos da totalidade da história da Psicologia, que mostra a maneira pela qual alguns importantes setores posicionaram-se na luta contra a ditadura civil-militar.

  • Partindo do pressuposto da vinculação da Psicologia a determinados compromissos de classe, buscaremos evidenciar como sua história articula-se à história da formação social brasileira e às principais ideologias de dois de seus ciclos históricos: o ciclo democrático-nacional e o ciclo democrático-popular. Como método, lançaremos mão dos pressupostos, da lógica e dos conceitos provenientes da tradição marxista, especialmente aqueles oriundos das reflexões do marxista sardo Antonio Gramsci. Procuraremos, ainda, apontar de que maneira a Psicologia nascida durante o ciclo democrático-popular, em que pese a contribuição dada à reflexão sobre o caráter ideológico e elitista da Psicologia brasileira, não necessariamente deixou de cumprir, ela também, determinado papel ideológico, seja ao retirar do horizonte de suas análises o núcleo central da teoria social marxista, seja ao promover algumas práticas que pouco contribuem para fornecer às classes subalternas os elementos de que necessitam para potencializar suas lutas radicalmente emancipatórias. Com esse objetivo, esperamos contribuir com alguns apontamentos para a crítica da ideologia do compromisso social da qual esta Psicologia é intimamente solidária, da mesma forma como a Psicologia do ciclo democrático-nacional foi intimamente solidária à ideologia nacional-desenvolvimentista.

  • Este trabalho tem por objetivo versar sobre as relações da Psicologia com a sociedade no contexto da ditadura civil-militar, considerando o papel das entidades de Psicologia nesse período. Há algumas considerações sobre as características deste contexto histórico e os seus efeitos na subjetividade dos indivíduos que vivenciaram tal momento. O artigo propõe também uma reflexão acerca dos desafios da Psicologia no cenário brasileiro contemporâneo. Foi adotado o tipo de pesquisa bibliográfica, e os dados obtidos foram analisados de forma qualitativa, utilizando-se livros e artigos científicos de língua portuguesa. A ditadura nos remete a um período violento e triste na história brasileira, que teve a característica da violação dos direitos humanos, sendo comum as práticas de tortura, prisões ilegais e mortes. Inicialmente, as associações profissionais dos psicólogos priorizavam questões organizativas e técnicas da profissão, evitando entrar em conflito com a ideologia do Estado ditatorial; e é justamente neste período que a profissão foi consolidada, com a atuação destas entidades que tinham por finalidade defender e representar a categoria dos psicólogos. Contudo, tais associações possuíam postura ambígua frente à violência de Estado: não se pronunciavam contra o regime, ao mesmo tempo em que eram coniventes com esse sistema repressivo. Atualmente, em que se reconhece o compromisso da Psicologia com a realidade em que está inserida, a produção de memória sobre este período da história é fundamental para se compreender as relações complexas que existiram durante a ditadura militar, e que repercutem até os dias atuais.

  • William James é uma figura central na história da psicologia e da filosofia. Entretanto, a interpretação de sua obra ainda está repleta de lacunas e mal-entendidos. Por exemplo, a extensão e o sentido do seu projeto psicológico permanecem mal compreendidos. Para muitos autores, James teria abandonado a psicologia após The Principles of Psychology (1890), ao passo que outros entendem o The Varieties of Religious Experience (1902) como obra psicológica. O objetivo deste artigo é explorar a questão da evolução do projeto psicológico de James, acompanhando diversos momentos de sua manifestação ao longo de sua carreira. Ao final, vamos defender aquilo que chamamos de tese da pervasividade, segundo a qual a psicologia está presente em toda a obra de James.

  • In my rejoinder, I show how Brock’s and Burman’s replies to my article (Araujo, 2017) are based on a series of misunderstandings and misattributions. First, I argue that Brock ignores crucial passages of my article and my related book, and show not only that he misunderstands Wundt’s position on the introspective method, but also that his claim, according to which there is nothing new in my approach, lacks substance. Second, I argue that Burman’s text fails to make contact with the substantive thrust of my paper, and that his appeal to contextualism is vague and does not address the substantive questions I raise. Finally, I conclude that Brock’s rejection of my proposal, as well as his misunderstandings and misattributions, derives from a kind of methodological dogmatism, against which the best medicine is methodological pluralism, and that Burman’s worries are unjustified and can be avoided by a careful reading of my paper.

  • The suspicion that language can become an obstacle to human knowledge is not new in the Western intellectual tradition. Following the empiricist legacy, many authors have suggested the perils and pitfalls of common sense language for science. Applied to psychology, this leads to the issue of the reliability of psychological language for scientific psychology. William James, in his Principles of Psychology, was one of the first psychologists to address this problem explicitly. The goal of this paper is to situate his position and contrast it with contemporary debates over the status of folk psychology. The results indicate that James conceived of common sense psychology in a very complex manner, and pointed to a kind of illusion that remains ignored in the current literature, with negative consequences for psychology. I conclude by suggesting the relevance of James for contemporary debates in theoretical and philosophical psychology.

  • Recent transformations in the history of science and the philosophy of science have led historians of psychology to raise questions about the future development of their historiography. Although there is a dominant tendency among them to view their discipline as related to the social turn in the history of science, there is no consensus over how to approach the history of psychology methodologically. The aim of this article is to address the issue of the future of the historiography of psychology by proposing an alternative but complementary path for the field, which I call a philosophical history of psychology. In order to achieve this goal, I will first present and discuss the emergence of the social turn in the history of psychology, showing some of its problems. I will then introduce the contemporary debate about the integration of the history of science and the philosophy of science as an alternative model for the history of psychology. Finally, I will propose general guidelines for a philosophical history of psychology, discussing some of its possible advantages and limitations.

  • Edward Titchener (1867–1927) is one of the most prominent figures in the history of American psychology from the early 20th century. Accordingly, his psychological system—structuralism—has received due attention in the secondary literature. However, a closer look at traditional interpretations of the development of Titchener’s ideas reveals a series of missing elements, such as his early studies before going to Leipzig. The central goal of this article is to present the main elements of Titchener’s intellectual education in Oxford, thereby showing the influence of the British tradition of the 19th century upon his early intellectual development. On the basis of hitherto unexplored primary sources, we discuss Titchener’s relationship with British idealism and scientific naturalism, two movements that shaped a significant part of British psychological thinking in the 19th century. We conclude that Titchener’s Oxford years are much more relevant to understanding his intellectual development than the literature has so far assumed.

Última atualização da base de dados: 09/06/2025 10:24 (UTC)

Explorar

Autor

Tipo de recurso