A sua pesquisa
Resultados 205 recursos
-
O ingresso de alunos com deficiência nas universidades públicas pelo sistema de cotas foi estabelecido com a lei 13.409 e desde 2018 a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem recebendo esses estudantes. Para além do desenvolvimento de dispositivos pedagógicos que garantam a acessibilidade desses alunos, coloca-se o problema das relações com professores, bem como entre alunos com e sem deficiência. Um dos problemas é a presença do capacitismo, que se manifesta em atitudes preconceituosas e práticas de opressão em relação às pessoas com deficiência. Uma formação universitária fundada na aquisição de competências e habilidades pode concorrer para que a política cognitiva capacitista seja perpetuada e mesmo acirrada. O conceito de formação inventiva (DIAS, 2011;2012) vai contra a lógica da capacitação e visa produzir outras políticas de cognição por meio de diferentes estratégias e dispositivos de formação. O objetivo do artigo é analisar a experiência de estudantes de iniciação científica e estagiárias em oficinas de formação inventiva no contexto de projetos de pesquisa-intervenção e de extensão com pessoas com deficiência. O estudo utiliza o método da cartografia (DELEUZE, GUATTARI, 1995; ROLNIK, 2006; PASSOS, KASTRUP e ESCÓSSIA, 2009; PASSOS, KASTRUP e TEDESCO, 2014) e analisa diários de campo, com ênfase na narrativa de encontros dos estudantes com pessoas com deficiência. O estudo identifica experiências de problematização da imagem da deficiência como incapacidade, analisa o papel do corpo aprendiz e das experiências multissensoriais em oficinas de formação inventiva, indicando possíveis deslocamentos na política cognitiva capacitista.
-
Depois de uma apresentação do momento presente e da crise do capitalismo com a atual pandemia do COVID-19, o texto busca pensar as seguintes perguntas: qual seria o papel de uma formação inventiva de professores no atual cenário de suspensão aberto pela pandemia, que nos abre a possibilidade de novas formas de vida (nas escolas e fora delas)? O que fazer, em nome de uma formação inventiva de educadores, a partir de um momento crítico como o presente? O artigo o faz a partir de uma leitura da frase “inventamos ou erramos”, de Simón Rodríguez, e da inspiração de pedagogia menina da pergunta de Paulo Freire.
-
Neste ensaio, de natureza teórica, discutimos a medicalização da vida, em sua faceta neoliberal, e como esta se efetua em práticas que visam potencializar processos de subjetivação conduzem à formação de biocidadãos empreendedores de si e endividados. Para tal, as reflexões se pautam por contribuições de Michel Foucault e por contribuições recentes a respeito da bioeconomia e processos de subjetivação. Argumentamos que em confluência com as reflexões sobre biocapital e capital vivo, o governo da vida medicalizada requer uma dimensão produtiva e de capitalização subjetiva necessária à engrenagem neoliberal.
-
Capítulo VII (Des indicateurs sociaux aux analyseurs sociaux) do livro L’État-inconscient. Paris: Les Éditions de Minuit, 1978, p. 125 a 138.Tradução: Solange L’Abbate. Revisão: Yvone Greis. Notas do trabalho de tradução - As aspas, itálico e palavras no meio do texto iniciadas com letra maiúscula foram mantidos como aparecem no texto original. Há apenas uma nota de rodapé do texto original, que está indicada; as demais foram acrescentadas no decorrer do trabalho de tradução. Ao final, encontra-se uma relação dos autores citados no texto, que foi organizada por doutorandos em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas: Daniel Vannucci Dóbies; Ana Cristina dos Santos Vangrelino; Juliana Dorigan Hespanhol; Lia Bissoli Malaman e Tatiana Loiola.
-
O foco da análise empreendida neste artigo é a formação inventiva de uma professora-pesquisadora no encontro com mulheres ciganas. O texto é desdobramento de uma pesquisa mais abrangente em que problematizamos o processo de constituição de três mulheres ciganas em um acampamento na cidade de Juiz de Fora/MG. Para isso, utilizamos a perspectiva foucaultiana como embasamento teórico-metodológico, sobretudo os modos de constituição dos sujeitos e os efeitos dos discursos nas formas de conhecer, de ser e de estar no mundo. Ao longo da investigação, as relações de gênero e o sentido de educação foram as questões que mais chamaram atenção nas falas da professora-pesquisadora, que serão tomadas como análise.
-
O estágio supervisionado na graduação em Psicologia é o plano de experimentação coletiva que emerge como aposta de formação na encruzilhada entre clínica e arte. Uma prática clínica transdisciplinar que se aproxima da arte de Hélio Oiticica como “forma de atividade” onde “possa emergir uma coletividade” por meio de apostas que propiciem “estados de invenção”. Desse modo, afirmamos a dimensão estética da clínica por meio de dispositivos que engajem os estudantes na criação de si mesmos como terapeutas e na invenção de relações de cuidado singulares entre o próprio grupo e com os clientes. Tal direção nos aproxima de Foucault e suas proposições do cuidado de si e da estética da existência para tomar a formação do psicólogo como construção de um ethos. Arte, corpo e clínica se entrelaçam na constituição de uma experiência de formação que transita entre os planos intensivo e extensivo da existência e expressa os efeitos deste trânsito como criação de si, de objetos, de mundos ao experimentar ressonâncias, dissonâncias e partilhas.
-
Andamos pela cidade, tomamos um café na varanda, conhecemos vidas que a sociedade tentou apagar. Vidas marcadas por internações manicomiais e que foram durante muitos anos caladas. Durante encontros semanais em uma casa na cidade de Cariacica – ES, conversamos com alguns senhores e em alguns momentos escutamos histórias de vida, geralmente narrativas fragmentadas feitas de vestígios e, nesse trabalho, contamo-las: são nossas conchas. Amadoramente fotografamos pedaços, restos e expressões. Compomo-nos junto, nos misturamos e sentimos. Aqui são apresentadas poucas palavras que narram vidas, que narram histórias, que narram o cotidiano. Habitamos essa casa, mas também caminhamos, pois entendemos a cidade como lugar de potência, de criação e de desconstrução – somos andarilhos da beira da praia. Sim, a praia, mais precisamente a água nos acompanhará nesse percurso. As ondas nos guiam, o mar nos fortalece, a areia nos tira do conforto.
-
O artigo analisa a psicologia na Liga Brasileira de Higiene Mental, instituição fundada em 1923 que tinha como princípios fundamentais a adaptação dos indivíduos e a constituição da “moral universal do amanhã”. Entre outras proposições, ela se dedicou à adaptação de testes psicológicos e aos estudos sobre o desenvolvimento infantil que buscavam avaliar o funcionamento mental e delimitar sua norma. Como elemento que colaborou para a extensão do poder psiquiátrico, a psicologia implicou-se em duas dimensões da atuação do poder disciplinar: os corpos individuais e o corpo social. Assim, a psicologia também encontrou a possibilidade de sua vulgarização, não sem as contradições emergentes na posição de saber e técnica disciplinar.
-
A pesquisa histórica sobre Psicologia Educacional e Escolar no Brasil ainda é insipiente ante a historiografia de outros campos do conhecimento psicológico. Abordagens biográficas, por exemplo, são ainda mais escassas. A fim de contribuir para suprir a lacuna, este artigo apresenta elementos históricos da trajetória de Eulália Henriques Maimone: professora, pioneira e protagonista na área de Psicologia Educacional e Escolar em Minas Gerais (Triângulo Mineiro), com seu trabalho na Universidade Federal de Uberlândia. O estudo recorreu à entrevista do tipo "história de vida" - própria da metodologia da História Oral. A entrevistada foi a primeira formadora de psicólogos em Psicologia Educacional e Escolar, além de fundar a representação estadual da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional na região. Os primeiros anos de atuação, os desafios e os enfrentamentos por que ela passou ilustram o reconhecimento e a criação de espaços de discussão e aprimoramento dessa área da psicologia.
-
O artigo apresenta pesquisa sobre o conceito de criança anormal divulgado em um conjunto de artigos publicados na Revista do Ensino de Minas Gerais, na década de 1930. Foram levantados artigos que expressam como a criança anormal era compreendida pelos contemporâneos daquela época. Da análise dos textos, emergiram duas categorias: classificação das crianças anormais, suas características e explicações causais da anormalidade; o papel da escola na educação das crianças anormais. Utilizamos contribuições da história conceitual de Koselleck, segundo a qual conceitos expressam aspectos da experiência e da dimensão teórica de sujeitos em contextos e tempos históricos específicos. A pesquisa demonstrou que a articulação desse conceito incluía concepções fundamentadas nos debates sobre ambiente e hereditariedade, nos saberes elaborados pela psicologia e na discussão sobre o papel da escola e a educação das novas gerações.
-
A profissionalização da Psicologia, no Brasil, ocorreu em meio a embates entre diferentes profissionais envolvidos com suas aplicações, na primeira metade do século XX. Parte desses embates estava circunscrita às aplicações clínicas dos métodos e técnicas psicológicas, elementos que circulavam entre a Psicologia, a Psiquiatria e a Psicanálise. Nessa direção, esta pesquisa lança luz historiográfica a práticas e conhecimentos psicológicos que circularam nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, entre 1943 e 1962. Os resultados sugerem a presença de métodos e técnicas psicológicas para lidar com quadros clínicos variados, sendo prevalente a apropriação de teorias psicodinâmicas. Nota-se, portanto, apropriações clínicas da neuropsiquiatria que auxiliam em uma compreensão ampliada de embates científico-profissionais quando da regulamentação da formação e da profissão de psicólogo, no país.
-
No ano de celebração dos 40 anos da revista Psicologia: Ciência e Profissão cabe verificar como esta revista foi delineando a sua própria história e do campo da Psicologia no Brasil. Neste sentido, o presente artigo teve como objetivo delimitar os principais autores, instituições e palavras-chave que trouxeram a revista até o momento atual. Partindo de uma análise bibliométrica e de redes, obteve-se como resultado os temas, autores e instituições que tiveram protagonismo e a interação entre esses atores. As conclusões apontam que a revista assume uma postura epistemológica pluralista e que tanto os aspectos científicos como os relacionados a práticas e atuação dos profissionais se mantêm ao longo desses 40 anos.
-
James’s work is admittedly cross-disciplinary to the extent that it defies traditional scholarly boundaries. One of the best examples is the cross-fertilization between his philosophical and psychological ideas, although the precise relation between them is not easy to frame. Notwithstanding this difficulty, one can say that James’s early psychology, developed between the 1870s and 1880s, illuminates many aspects of his later philosophical positions, including pragmatism, radical empiricism, and pluralism. First, James defends the teleological nature of mind, which is driven by subjective interests and goals that cannot be explained by the immediate interchange with the external environment. They are spontaneous variations that constitute the a priori, properly active nature of the human mind. This idea helps him not only explain important features of scientific and philosophical theories, but also reject certain philosophical doctrines such as materialism, determinism, agnosticism, and so on. It represents, so to speak, the relevance of the subjective method for deciding moral and metaphysical issues. Second, James claims that certain temperaments underlie the choice of philosophical systems. Thus, both pragmatism and pluralism can be seen as philosophical expressions of subjective influences. In the first case, pragmatism expresses a temperament that combines and harmonizes the tender-minded and the tough-minded. In the second, pluralism reflects the sympathetic temperament in contrast with the cynical character drawn to materialism. Finally, James proposes a distinction between the substantive and the transitive parts of consciousness, meaning that consciousness has clearly distinguishable aspects as well as more obscure points, although human beings tend to focus only on the first part, ignoring the other. This idea plays a decisive role in the elaboration of radical empiricism. Such illustrations, far from exhausting the relations between James’s psychology and philosophy, invite new insights and further scholarship.
-
Apesar do crescente interesse despertado pela figura de Christian Wolff nas últimas décadas, a compreensão de seu pensamento ainda enfrenta obstáculos e desafios. De um lado, na história da filosofia, não é raro encontrarmos um Wolff compreendido a partir de Kant. De outro, na história da psicologia, pode-se falar de uma estranha negligência do papel exercido por Wolff no desenvolvimento de uma ciência psicológica autônoma, especialmente na tradição alemã, que vai culminar na separação radical entre filosofia e psicologia a partir do século XX. O objetivo deste artigo é situar historicamente o projeto wolffiano de uma ciência da alma, mostrando não só o seu sentido específico, mas também suas principais contribuições e algumas de suas consequências para o posterior desenvolvimento da psicologia alemã nos séculos XVIII e XIX. Finalmente, vamos indicar alguns desafios e possíveis caminhos para investigações futuras.
-
Tanto a ideia de uma psicologia experimental quanto a realização de experimentos psicológicos já estão presentes no século 18. Contudo, é no século 19, primeiramente nas universidades alemãs, que a psicologia experimental adquire um novo estatuto, marcando fortemente a identidade da nova psicologia. O objetivo do presente artigo é apresentar uma reflexão de caráter histórico-filosófico sobre a natureza da psicologia experimental, com base nas contribuições de Fechner, Wundt e James. Depois de apresentar sua dimensão histórica, discutimos sua relação com a psicologia experimental contemporânea, no sentido de esclarecer se elas podem iluminar de alguma forma seu caminho futuro. Concluímos que um diálogo efetivo depende da modificação de certas condições estruturais do modelo atual de formação do psicólogo.
-
“Methodological behaviorism” is a term that frequently appears in the behavioristic literature, but one accompanied by considerable semantic confusion: the term is used to denote very different theoretical positions and the authors classified as methodological behaviorists are many and various. In order to understand the polysemic character of this term, we propose a historical analysis of its origins and development in the literature from the 50 years following its first appearance in 1923. The results reveal that it has been used by authors as diverse as Karl Lashley, B. F. Skinner, Herbert Feigl, and Gustav Bergmann. Moreover, it has been defined in terms of two central features (one a methodological assumption and the other a metaphysical one) and used to demarcate positive and negative forms of behaviorism, depending on how each author has understood those features and forms. We conclude that the term’s polysemic character and different uses can be traced back to its roots in the 1920s, which helps us to understand the semantic confusion in the contemporary literature.
-
O método de ensino do desenho para crianças da arte-educadora Louise Artus-Perrelet foi sistematizado no livro Le Dessin au Service de l’Éducation, traduzido e publicado no Brasil em 1930, quando a autora visitou o país para conferências. O trabalho de Artus-Perrelet é analisado como proposta de educação estética na formação de professores primários, relacionando-o aos princípios modernistas na arte e ao movimento da Escola Nova. Artus-Perrelet dialoga com processos pedagógicos e de criação de Paul Klee e Wassily Kandinsky, professores na Escola Bauhaus, e com a pedagogia ativa genebrina. Seu método foi apropriado no contexto brasileiro por meio de relatos da poeta Cecília Meireles publicados no Rio de Janeiro, e no trabalho de seu aluno Jean-Pierre Chabloz, artista plástico e educador.
-
As diretrizes que regulam a ética na pesquisa com seres humanos no Brasil, em especial no que se refere às áreas das ciências humanas e sociais e às ciências da educação, são analisadas em suas relações com a bioética e as ciências da vida. As dificuldades levantadas por pesquisadores da área de humanas no diálogo com os comitês de ética interdisciplinares são consideradas, inclusive a possibilidade de desvincular a autorização da pesquisa nessas áreas do sistema CEPs-CONEP, sistema nacional de Comitês de Ética na Pesquisa gerido pelo Conselho Nacional de Saúde. Argumenta-se, contudo, que o foco principal do sistema da ética na pesquisa é a proteção da saúde física e mental dos participantes, o que configura uma questão afeita à bioética e à área da saúde, de maneira ampla, como processo biopsicossocial. Observa-se também que as técnicas de coleta de dados desenvolvidas pelas ciências humanas e sociais (entrevistas, questionários, observações participantes ou não) são também utilizadas pelas ciências da vida. Essas considerações indicam que o diálogo entre as áreas, propiciado pela composição de Comitês de Ética interdisciplinares, é salutar e necessário ao bom funcionamento do sistema, em que pese a possibilidade, admitida na legislação, da existência de comitês específicos para o julgamento da ética na pesquisa em ciências humanas e sociais. Propõe-se que novas pesquisas sejam feitas para o acompanhamento do funcionamento dos comitês de ética em universidades e instituições de pesquisa visando ao aprimoramento do sistema de regulação.
Explorar
Autor
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (106)
- Livro (20)
- Seção de livro (56)
- Tese (23)