A sua pesquisa
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Tradução de: Michel Foucault stoïcien? Magazine Littéraire, nr. 461, fev/2007, pp.54-56. Tradutora: Heliana de Barros Conde Rodrigues.
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O empresariamento da sociedade é um fenômeno caracterizado por práticas e discursos que promovem o imperativo neoliberal de utilizar a empresa como o modelo para a gestão e o funcionamento da educação e de outras políticas públicas. No campo da educação, além do empresariamento, outras forças em disputa também se apresentam, como a judicialização dos conflitos e a militarização da vida. Esta dissertação tem como objetivo analisar os embates de forças na educação atual, como disputas entre diferentes formas de governamentalidade, modos de conduzir condutas. Para entender como essas disputas promovem mudanças nas formas de ensinar, foi utilizada, como foco da análise uma unidade, localizada no Rio de Janeiro, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Essa escolha se deu em virtude da atuação do autor como servidor público neste estabelecimento e diante da relevância deste Centro como um marco histórico da educação profissional no Brasil. Com base na genealogia de Michel Foucault, foi realizado um levantamento da história da educação profissional, a partir de documentos oficiais, arquivos públicos, artigos, dissertações e teses produzidas sobre o tema. A Análise Institucional Francesa foi utilizada como uma importante referência para compreender as forças em disputa pela educação. A partir do conceito de analisador, foi possível interpretar a evasão escolar para além do binômio sucesso-fracasso individual, como um evento que coloca em análise, que explicita as relações de poder presentes no cotidiano escolar. No intuito de melhor investigar esse e outros analisadores da escola (racismo e outras práticas discriminatórias, testes e avaliação, colar, matar aula e outros atos tidos como de indisciplina), foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas com oito ex-alunos que abandonaram o curso de Educação Profissional na modalidade integrada ao Ensino Médio. As entrevistas permitiram relacionar empresariamento e militarização como forças que se atualizam nas vidas desses jovens, em suas trajetórias de evasão escolar, em suas práticas de resistência e em suas buscas por inserção no mundo do trabalho
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Esta pesquisa é disparada a partir do encontro da pesquisadora com as chamadas moradias dentro de hospitais psiquiátricos no Estado do Rio de Janeiro. No seio da reforma psiquiátrica e da instalação de uma rede de assistência substitutiva ao hospício, ocorrem transformações também no interior deste último: humanizam-se as práticas, retirando de cena o eletrochoque, a lobotomia, a camisa-de-força, fazendo documentos como CPF, RG e etc. Contudo, a edificação manicomial permanece de pé com os seus grandes pavilhões, alguns agora travestidos em moradias, que tanto podem operacionalizar uma passagem de dentro para fora dos muros como perpetuar o hospício. O texto indaga por que motivo, a partir de um certo momento, inaugura-se um novo modo de organização em saúde mental, em que a antiga centralidade hospitalar se fragmenta em moradias internas e se difundem os novos serviços, ditos abertos , para em seguida afirmar que a construção de uma rede substitutiva não assegura, definitivamente, o fim da relação manicomial. Com o suporte teórico de Foucault e Deleuze, propõe uma discussão acerca da biopolítica da espécie humana, da coexistência de tecnologias disciplinares e regulamentadoras e da inauguração, na sociedade de controle, de um exercício de poder difuso, a céu-aberto, dispensando a coação física e a instituição da reclusão. O texto, entretanto, não se deixa abater por essas análises, mantendo suas apostas numa Reforma Psiquiátrica que propõe como um campo de disputas, de embates cotidianos. É então que a temática do cuidado entra em cena. Para tanto, faz-se uma releitura do período helenístico-romano através dos olhos de Foucault. O Cuidado de Si é apresentado ao leitor para, em seguida, ser estabelecido um contraponto entre o mesmo e o modo de ser sujeito moderno e cristão, com exercícios de renúncia a si e práticas de sacrifício, que em muito se assemelham à maneira como os trabalhadores vêm atuando, hoje, no campo da saúde mental. O texto procura dar pistas e visibilizar as resistências presentes em meio às tantas capturas postas em análise. Trata-se de uma experimentação de práticas de liberdade que se atualizem na operação de cuidado.
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Esta dissertação é produto de meu percurso no Mestrado em Psicologia Social e apresenta as diferentes modulações do trajeto desenvolvido durante dois anos. Descreve de que modo um projeto que buscava conhecer a experiência dos usuários de Saúde Mental se modificou, passando a questionar as relações entre a Universidade, a Reforma Psiquiátrica e o cuidado na pesquisa com pessoas. A partir da metodologia da História Oral, foram realizadas entrevistas com diversos atores pesquisadores, professores, militantes, estudantes, residentes e coordenadores de residências que se somaram, na qualidade de trabalho de campo, à participação em eventos promovidos por grupos de usuários e ao estágio docente na disciplina Políticas e Planejamento em Saúde Mental, do curso de graduação em Psicologia. Também se recorreu à pesquisa bibliográfica e à utilização do diário de campo. A partir desta última ferramenta, primordialmente, foi possível realizar a análise de implicações que permeia todo o trabalho, na perspectiva da Análise Institucional. Esta dissertação descreve e reflete, em especial, sobre os dilemas com os quais me defrontei, desde o início da pesquisa, quando quis entrevistar participantes dos coletivos de usuários de saúde mental. Meu interesse era conhecer como tinha sido a experiência desses usuários dentro da chamada Reforma Psiquiátrica; porém, em face da insistência, por parte dos coordenadores dos grupos, de que solicitasse a autorização do Comitê de Ética e obtivesse o respectivo consentimento informado, comecei a me interessar pela origem dessa demanda e sua atual função. Tomei como analisador o dispositivo Consentimento Informado ou Esclarecido tal como é requisitado hoje, ou seja, algo cada dia mais exigido no campo da pesquisa com seres humanos, em ciências sociais. Apresentando-se como um discurso de proteção de direitos, ele permite colocar em discussão a questão do cuidado e da ética na pesquisa: certos aspectos priorizados pelos Comitês de Ética, tais como riscos , benefícios e desfecho primário , supõem a antecipação dos resultados de um processo que, ao contrário, está em construção. Extrapolam-se modelos do campo biomédico, obstaculizando pesquisas que contemplem as subjetividades dos participantes (pesquisadores e pesquisados). Nesse sentido, a presente dissertação questiona a que cuidado (e ao cuidado de quem) tais dispositivos efetivamente respondem. Também se coloca um outro analisador em pauta, o dispositivo apresentação de doentes , a fim de refletir sobre a manicomialidade presente, ainda hoje, no ensino universitário de psicologia. Tanto pela experiência no campo como mediante a bibliografia consultada, percebe-se uma cisão entre Universidade e Reforma. Certos espaços acadêmicos e disciplinas ligadas à prática clínica permanecem intactos frente ao processo da Reforma, mesmo depois de uma recente mudança no currículo. Novos espaços e disciplinas emergem sem conseguir dialogar com os antigos, que transmitem ao jovem psi uma prática atemporal, científica , objetiva , fundada nos manuais psiquiátricos (DSM, CID) e em discursos psicanalíticos descontextualizados. Percebe-se, assim, que temas fundamentais, como as condições de cuidado em saúde mental, são escassamente, discutidos no curso psicologia hoje.
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O esporte, compreendido a partir do paradigma médico-esportivo, deixa de ser analisado como simples exercício para tornar-se o principal sustentáculo de um estilo de vida, um estado de espírito que associa vitalidade a desafio, promovendo um tipo de sujeito com formação autônoma e responsabilidade individual, em plena sintonia com o ideário neoliberal. Esses usos do esporte constituem uma obra complexa, que exige vários dispositivos. A tarefa, então, passa a ser investigar os pontos de sustentação dessa tecnologia em seus desdobramentos cotidianos, a partir da observação e escuta da rotina dos praticantes. O esporte seria, nessa perspectiva, um lugar privilegiado para a compreensão da sociedade, revelando-nos a intimidade de suas relações de saber/poder, bem como o plano da produção de tais relações. Esse levantamento, cumpre frisar, não implicaria propor novos modelos, pois julgamos que pensar em modelos ou programas predeterminados redunda, necessariamente, em recair em efeitos reprodutores e reativos. Analisar tecnologias é, ao contrário, diagnosticar limites, supondo-os contingências históricas passíveis de desconstrução e de eventual reinvenção pelos sujeitos envolvidos nos processos em pauta.
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A prostituição infanto-juvenil tornou-se um fenômeno independente da adulta nos idos de 1990, tanto em nível nacional quanto internacional. Percebida sob os signos da gravidade e da urgência, suscitou denúncias, intervenções e saberes especializados. Na busca por compreender as condições de surgimento desses novos discursos, seus fundamentos e perspectivas hegemônicas acerca da prostituição infanto-juvenil, a presente dissertação percorre quatro etapas. Inicialmente, elabora uma genealogia das três principais fontes brasileiras sobre a exploração sexual na década de mil novecentos e noventa: documentos do CECRIA, a série de reportagens Meninas Escravizadas da Folha de S. Paulo e a CPI da Prostituição Infantil de 1993. Sob inspiração foucaultiana, elabora nova genealogia, agora sobre o sexo, em sua relação com o cristianismo, o direito e as ciências humanas e médicas. Visando a perceber novos olhares sobre a prostituição infanto-juvenil, em seguida ouve prostitutas adultas, uma militante dos direitos das prostitutas e também adolescentes envolvidas com o mercado sexual. A última etapa, de feições ensaísticas, constitui uma tentativa de vislumbrar possibilidades para uma sexualidade mais livre e de apontar trajetórias mais interessantes para a prostituição adulta e infanto-juvenil.
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Numa narrativa sobre Mário, formas de conhecer o louco e a loucura vêm à tona desde um não-lugar judiciário. Códigos jurídicos, intervenções policialescas, acolhimentos institucionais, afetos interinstitucionais (família, abrigo, escola, Centro de Atenção Psicossocial - CAPS): tudo isso será posto em (re)visão na busca de olhar mediante linhas que constroem breves emaranhados (subjetividades, quiçá). Algo como um nó parece conduzir a narrativa: a construção de um louco a partir das intervenções do judiciário, saúde, assistência social e educação. Como torcer tais figuras de modo a conseguir refletir sobre a loucura e as políticas públicas na contemporaneidade? Uma pista parece vir com a história sendo contada a partir de Mário, um (in)fluxo de forças e saberes será ali agenciado. Crítica à sociedade atual, ao adoecimento produzido pela sobrecodificação das vidas, subjetividades assujeitadas de modo mais cru e encarnado: (re)conhecer problemas há muito tempo instalados, fazer gaguejar instituições que conhecem a loucura, buscar linhas de fuga e não nos centrar em nós, isso parece ser algum potencial resultado do rastreio que aqui se empreende.
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A presente tese inicia-se por uma encruzilhada e um segredo: na encruzilhada está a psicologia, entre os apelos instrumentais, antropológicos e neurocientíficos; já o segredo refere-se à quase desconhecida leitura de Kierkegaard por Foucault. Os dois filósofos se inscrevem na esteira da experimentação filosófica, caminho oposto ao da metafísica. Experimentação, aqui, não diz respeito a qualquer empirismo; inspira-se nos exercícios espirituais da Antiguidade grega e romana, e nas práticas da ironia, do cuidado de si e da parresía filosófica. As aproximações possíveis entre o pensamento de Kierkegaard e o de Foucault por esse viés da filosofia antiga, visam a contribuir para uma compreensão da psicologia e de suas práticas que permita o enfrentamento dos dilemas acima referidos, ou seja, os instrumentais, antropológicos e neurocientíficos. O percurso do trabalho tem como ponto de partida as suspeitas direcionadas à psicologia, desde o questionamento colocado por Canguilhem há mais de cinqüenta anos acerca das intenções pouco claras da disciplina, passando pelas críticas aos processos de subjetivação psicologizantes, até chegar ao grave enquadramento contemporâneo que busca convencer os sujeitos de que são, em última análise, nada mais do que cérebros. Os processos de subjetivação engendrados pelas práticas psi se vêem, pois, colocados hoje frente a impasses de difícil solução. Tantas são as suspeitas e temores quanto aos efeitos psi, que os próprios profissionais da área têm, em muitos casos, assumido a posição de que a psicologia se tornou inviável e deve desaparecer. As referências objetivantes ou antropológicas, quando priorizadas pela psicologia, de fato não deixam saídas, tornando urgente o encontro com outros referenciais que possibilitem respirar novos ares. O pensamento de Kierkegaard e o de Foucault surgem como intercessores em face desse horizonte sombrio. Os dois filósofos se dedicaram a tornar o homem atento a si e ao mundo, priorizando saídas singulares e criativas em lugar da reprodução dos modos de ser hegemônicos que ameaçam igualar tudo e todos. Desnaturalizadores do presente e avessos às grandes especulações teóricas sobre a vida, escreveram obras que é preciso experienciar, mais do que simplesmente ler, a fim de captar-lhes a atmosfera e com elas operar. A partir dessa atitude, a psicologia experimental ou interpretativa pode dar lugar a uma psicologia experimentante, que acompanha o cotidiano ao invés de se colocar como uma curiosidade sem paixão. Tal psicologia segue de maneira interessada os movimentos da existência e a apropriação pessoal da verdade, que deixa de ser transcendente, metafísica ou sonhada, e aparece encarnada nas lutas, receios, enganos, ações e tensões do dia-a-dia dos sujeitos de carne, osso e espírito. É na tensão constituinte-constituído que o sujeito se forja, seja ele lançado por Deus, como pensa Kierkegaard, seja, como propõe Foucault, mergulhado nos esquemas e objetivações que toma como naturais: a tarefa do sujeito é tornar-se si mesmo, participando de forma mais livre da própria constituição, exercendo de maneira refletida e ética a liberdade e transparecendo a si mesmo, ao invés de tomar como suas as determinações que lhe são oferecidas. A presente tese visa, portanto, a estabelecer o diálogo entre Foucault e Kierkegaard, pelo viés da filosofia antiga, buscando inspiração para promover, no tempo presente, processos de subjetivação outros que os modos desesperados de ser, e práticas psicológicas mais experimentantes e menos disciplinadoras.
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Este trabalho é efeito de pesquisas de mestrado e doutorado desenvolvidas na Universidade Federal Fluminense desde 2004, somadas à atual investigação-ação, que visa a problematizar que sentido de política a supervisão clínico-institucional implica quando age como um agenciador de forças, e não de identidades. Para tanto, tomamos em análise a rede de atenção psicossocial de uma área do município do Rio de Janeiro-RJ, partindo da apreciação do dispositivo-supervisão do território. Tal dispositivo visa a ampliar o sentido de política a partir de uma aliança intensiva ativadora de conectividade e de produção de coletivos. Palavras-chave: subjetividade; supervisão; política de aliança intensiva; rede de atenção psicossocial.
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O presente trabalho, que é parte da investigação Michel Foucault no Brasil: presença, efeitos e ressonâncias, dedica-se a explorar, mediante a bibliografia existente (especialmente a biográfica), outras fontes escritas e entrevistas sob o paradigma da História Oral, as circunstâncias da visita do filósofo a Belo Horizonte, entre 29 e 31 de maio de 1973. Seu principal objetivo é estabelecer uma audiografia de Foucault entre nós, ou seja, tanto a ordem discursiva a que sua palavra se viu submetida quanto à desordem que, naquela, eventualmente imprimiu. Em acréscimo, leva-se em conta que Foucault sempre enfatizou que a verdade, em lugar de estar à espera de nossa visada, possui geografia e cronologia próprias. São focalizadas as falas informais do filósofo na Aliança Francesa e a aula ministrada na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH-UFMG), bem como as conferências proferidas na Clínica André Luís e na Casa de Saúde Santa Clara. Destaque especial é concedido às relações com a imprensa: a presença de Foucault se dá em tempos de ditadura militar e, à época, ele desenvolve uma análise crítica dessa atividade – seja da imprensa burguesa seja da alegadamente de esquerda –, ao mesmo tempo que vê na filosofia uma forma de jornalismo radical. Cumpre acrescentar que o recurso à oralidade – entrevistas realizadas com alguns daqueles que conviveram com o filósofo em 1973 – tem por intuito explorar lembranças acerca do personagem-Foucault e de suas idéias, em busca tanto de instituídos (memoráveis e comemoráveis) quanto de narrativas intempestivas que aportem novas linhas de investigação.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (112)
- Livro (31)
- Seção de livro (203)
- Tese (40)
Ano de publicação
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Entre 1900 e 1999
(55)
- Entre 1970 e 1979 (2)
- Entre 1980 e 1989 (3)
- Entre 1990 e 1999 (50)
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Entre 2000 e 2025
(330)
- Entre 2000 e 2009 (172)
- Entre 2010 e 2019 (111)
- Entre 2020 e 2025 (47)
- Desconhecido (1)