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Contemporaneamente, a instituição do sistema de cotas para estudantes afro-descendentes nas Universidades Públicas e em concursos públicos pode ser analisada como uma das formas pelas quais a questão racial no Brasil se mostra ainda presente. A população em geral tem se manifestado, expressando suas opiniões em relação a essa proposta. A principal justificativa para tal medida reside em pretender ser uma ação afirmativa de inclusão social, que viria a redimir o país da dívida para com os descendentes daqueles que, por mais de trezentos anos, sofreram o peso da escravidão. Dentre os argumentos contrários, encontram-se os que avaliam essa iniciativa como podendo provocar um racismo ao inverso. O debate não se esgota nesse resumo das discussões sobre o tema apresentado, pois elas se têm complexificado. No presente artigo, consideramos pertinente trazer à tona a antiga e complexa questão racial, apontando para sua atualidade e possibilitando colocá-la em análise. Nesse sentido, pretendemos utilizar a proposição das cotas como disparador para estudar a problemática da raça no momento em que essa categoria se configurou como conceito científico justificador das políticas governamentais relativas à população brasileira no final do século XIX. Para tratar esse problema, pensamos que a escolha de um objeto de pesquisa deve ser determinado pelas lutas contemporâneas, pois acreditamos que elas apontam para algum acontecimento histórico que reverbera até hoje, fazendo-nos crer que as coisas sempre foram naturais, quando são efeito de múltiplos embates entre homens, saberes e poderes. Daí, algumas perguntas podem ser feitas: qual é a cor do negro brasileiro?; qual é a cor do brasileiro?
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Este artigo apresenta a Rádice - Revista de Psicologia, produzida por psicólogos cariocas entre 1976 e 1981. Esta revista foi de grande importância (intelectual e afetiva) para a geração que, durante o período da ditadura militar brasileira, graduava-se em psicologia. Levava aos seus leitores matérias sobre temas variados e polêmicos, não existentes nas revistas de psicologia da época, como a repressão política, o tratamento desumano nos hospitais psiquiátricos, a regulamentação da profissão de psicólogo, as terapias corporais, entre outros. Participava, com outras publicações "nanicas", do Comitê de Imprensa Alternativa, indicando sua participação ativa nos debates políticos ocorridos à época. A Rádice é, pois, um analisador da constituição histórica da psicologia carioca, sendo um dos poucos dispositivos de divulgação do pensamento de outras formas de se fazer psicologia.
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Este trabalho pretende, sob a forma de experimentação ou ensaio, estabelecer analogias entre possíveis caminhos da psicologia e descrições de anjos. Dessa forma, partindo das imagens do anjo católico, modelo de perfeição que tem como função iluminar o caminho dos mortais, e dos anjos do filme “Asas do Desejo”, do cineasta alemão Win Wenders, que, longe da perfeição, podem ser atingidos por sentimentos como tédio e inveja, vivem sobre o céu cinzento de Berlim e não possuem o poder de intervir na vida de nenhum mortal, busca-se discutir os possíveis enrijecimentos e potencialidades das teorias e práticas da psicologia. Toma-se como intercessor conceitual o anjo de Paul Klee, que Walter Benjamim chamou de “anjo da História”. Este, ao reger as narrativas humanas, não é doce nem roliço como o anjo católico, nem pretende iluminar o “melhor caminho”; pelo contrário, é anguloso e deformado, devastado por todas as paixões e acontecimentos. Tampouco pode, como o anjo de Wenders, ser compassivo, ou mesmo entediado; ele se reveste de horror pelas ruínas que se amontoam à sua volta, e somente isso tem a oferecer. Qual desses anjos permeará nossas práticas? No que tange aos dados referentes aos católicos, utilizamos aqueles coletados através do projeto de pesquisa “A Constituição da Psicologia no Brasil: Católicos e Médicos”, cujo objetivo é apreender as inter-relações do catolicismo e do pensamento médico na formação e autonomização da Psicologia no Brasil.
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Sabendo-se que a Psiquiatria no Brasil constituiu-se a partir da Medicina Legal, o artigo analisa as teses de Medicina Legal da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendidas nos anos de 1832-1930. Durante esse período as teses eram obrigatórias para a obtenção do título de Doutor em Medicina, isto é, para a conclusão do curso médico. Apresentam-se as principais idéias psiquiátricas européias – notadamente Pinel, Morel e Lombroso – e seu desdobramento nas teses. Acrescenta-se também o pensamento nelas presente acerca do papel social dos médicos. O início do Manicômio Judiciário no Brasil é apresentado rapidamente, indicando-se em seguida a gênese do campo da Psicologia Jurídica, vista então como forma instrumental de auxílio ao psiquiatra na determinação das características não só do réu ou criminoso, mas também da criança e do doente.
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